Brasilllllllllllllllll! O grito irrita e exaspera Juliana Batalha que cada vez que ouve a frase se arrepia inteira. Chegou mais uma vez a copa do mundo. Ao contrário, Ricardo, o seu marido grita, pula, anda pela casa para lá e para cá, como que querendo entrar em campo com a seleção brasileira. Ricardo veste, camisa número 9, calção, meia e até chuteiras da Nike, iguais as que Ronaldo, o Fenômeno usava, já que uniforme é da copa de 2002. Além do que Ricardo fica alucinado, grita, xinga o técnico, o juiz, e nem Ronaldo o seu jogador favorito desde os tempos do Cruzeiro escapava dos seus xingamentos.
Em 2002, os vizinhos do casal que moravam em Pawtucket, Rhode Island, reclamaram do barulho que ele sozinho fazia nas madrugadas e manhãs que o Brasil jogava. A vida melhorou e o casal comprou uma casa em Warwick, também em Rhode Island, num final de rua onde não há outras casas próximas. Juliana torce para que Ricardo não tenha um ataque do coração se o Brasil tiver qualquer dificuldade nos seus jogos.
De vem a devoção do povo brasileiro pelo futebol? Juliana lembra que em 1998, depois que o Brasil apanhou da França por 3×0, eles moravam em Goiânia e se juntavam os seus irmãos, seus tios, os primos, seu pai, seus cunhados, seu sogro e seu marido se juntavam para torcer e após a derrota na partida final, o silêncio deles foi preocupante e constrangedor. Eles fazem parte dos milhões de torcedores para quem a pior seleção brasileira é melhor que todas as outras seleções juntas, foi assim também em 2006 e 2010.
Quando do Brasil perdeu para a França e para Zinedine Zidane, Ricardo ficou apoplético, e esgotou todo o seu repertório de xingamentos e ofensas contra Carlos Alberto Parreira, Zagallo, e todos os jogadores. Em 2010 Júlio César, Felipe Melo e Dunga foram os malhados e esculhambados. Mas em momento algum tirou do seu furgão de trabalho e do seu carro o que o identifica e lembra da sua paixão pelo Brasil.
Nem os 7×1 contra a Alemanha tiraram a disposição e a paixão do brasileiro pela seleção.
Além de adesivos e pequenas bandeiras que são colocadas nos carros, tem gente que coloca também escudos dos seus times prediletos – com predominância para Cruzeiro, Atlético Mineiro e Flamengo. Outros preferem ressaltar e enaltecer as suas cidades, estados e regiões. Se bem que muitos ignoram solenemente, para não chamar a atenção da polícia, especialmente aqueles que moram em cidades pequenas.
O amor ao Brasil é demonstrado de diversas e variadas formas. Camisetas, camisas, bandanas, fitas amarradas nos cabelos, e até as tradicionais sandálias Havaianas ostentam pequenas bandeirinhas brasileiras.
Na semana da pátria ou nos jogos da copa do mundo é uma boa oportunidade de demonstrar este amor na prática. A seleção brasileira estreia no domingo, 17 de junho contra a Suíça em Rostov e a mente e o coração do torcedor brasileiro que mora nos EUA vai estar com o time de Tite, Neymar e companhia para o que der ou vier, desde que seja a vitória e a conquista da Copa do Mundo…
Fotos: Jehozadak Pereira/MundoYes.com
