Os riscos e os perigos de beber e dirigir

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Sebastião Almeida nunca mais vai esquecer o dia 2 de julho de 2006. Naquela tarde o Brasil perdeu para a França e foi eliminado da Copa do Mundo na Alemanha. Sebastião assistiu o jogo com os amigos num restaurante na sua cidade ao sul de Boston e decepcionado tomou algumas cervejas que combinadas com um remédio que ele tomava na época potencializaram o seu estado de embriaguez. Mesmo contra o conselho dos seus amigos ele resolveu ir dirigindo para casa a poucas quadras do restaurante, porém ao que se lembra ele acordou horas depois numa cela na delegacia de polícia e no dia seguinte teve que comparecer na corte do distrito e como não era mais primário, foi condenado a prestar serviços comunitários e também a cumprir uma condicional. O que atenuou a sua situação foi o fato dele ter trabalhado durante muito tempo como voluntário e desde que se envolveu numa situação idêntica há 15 anos, jamais tornou a beber em público.

Situações como a de Sebastião são corriqueiras e acontecem todos os dias com pessoas de todas as nacionalidades, inclusive brasileiros que costumam se exceder nos finais de semana e enfrentam problemas com a polícia e com a lei. Tempos atrás uma cena corriqueira chamava a atenção de quem passava nas imediações de um restaurante brasileiro nas cercanias de Boston. Um casal discutia porque o homem queria ir embora dirigindo o seu carro. Porém o seu estado claramente denotava embriaguez pois havia bebido e sua namorada não queria que ele conduzisse o carro. Ela também havia bebido um pouco, mas estava em melhores condições que ele. Insistente, sentou-se ao volante e na saída do estacionamento bateu num outro carro e imediatamente a polícia foi chamada e o oficial constatou que o brasileiro estava bêbado.

Logo, o trabalhador que somente queria se divertir um pouco foi algemado e se constatou que além de tudo não tinha carteira de motorista. O carro foi guinchado e levado embora e se constatou na hora que não era a primeira vez que o homem era detido por embriaguez.

Ele foi levado na corte e foi processado por DUI. Este fato ilustra bem o que é o cotidiano de milhares de pessoas, inclusive brasileiros que não se dão conta de que as autoridades coíbem com severidade quem bebe e depois quer dirigir.

Mayara Alves e Isabella da Silva
Mayara Alves e Isabella da Silva perderam a vida num acidente onde o motorista, bêbado dirigia a 91 milhas por hora. Reprodução

Em abril de 2011 as brasileiras Mayara Alves, 16 anos e Isabela Silva, 17 anos morreram depois que o carro onde elas estavam que era conduzido por Kenneth Belew bateu com violência em Somerville. Kenneth dirigia sob o efeito de álcool e foi condenado a cinco anos de prisão e a ficar sem carteira de motorista por 15 anos. O exame alcoólico dele acusou 0.17, portanto o dobro do limite legal. A perícia constatou que Kenneth dirigia a 91 milhas por hora em pleno perímetro urbano, num local onde a velocidade é de 35 milhas por hora.

Em Massachusetts o limite legal permitido é de ,08 de teor de álcool no sangue – TAS de uma pessoa de 21 anos ou mais velho. Se alguém for pego dirigindo com este teor alcoólico perde a carteira na hora e pode ser processado por DUI e ser condenado a prisão. Com .05, de teor, o motorista é liberado na hora; com .06 e .07 tem a carteira suspensa e não a perde na hora e pode também ser processado.

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Testes de campo servem para determinar se o motorista está bêbado. Reprodução

Policiais costumam usar “testes de campo” para determinar se uma pessoa está bêbada, e então vão usar um bafômetro para confirmar suas desconfianças originais. Os oficiais podem decidir administrar o teste de respiração em você e após a realização do teste de campo eles podem levá-lo para a delegacia para dar-lhe um teste de respiração lá. A pessoa tem o direito de recusar o teste de respiração, mas perderá automaticamente a carteira de motorista, pelo menos, 180 dias se for sua primeira ofensa, e nos postos policiais seja das polícias municipais ou da State Police, os bafômetros são ligados aos computadores da Registry of Motor Vehicles e a suspensão da carteira é emitida na hora.

Os mesmos procedimentos valem também para quem não tem carteira de motorista do Estado de Massachusetts ou de outro estado. As penalidades podem aumentar de acordo com as reincidências e nestes casos o motorista pode perder a carteira por prazos que variam de quatro a oito anos e até definitivamente.

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As autoridades são implacáveis com quem bebe e dirige. Reprodução

Se uma pessoa for pega dirigindo bêbada pela primeira vez, se não houver acidentes ou danos de propriedade, normalmente terá que ir para um programa de dirigir alcoolizado de 16 semanas – A MAPS Massachusetts Alliance of Portuguese Speakers têm este programa que é pago, além de multas e custas judiciais que podem custar em torno de US$ 2,5 mil, além de ter a carteira de motorista suspensa, e se a pessoa tiver menos de 21 anos as penas mínimas são muito piores.

Se a pessoa for pega dirigindo embriagada novamente e se não houver acidentes ou danos à propriedade, a pena mínima é uma perda de dois anos da carteira de motorista, dois anos de liberdade condicional, 14 semanas no programa de condução motoristas bêbados, e cerca de US$ 4 mil em taxas, multas e custos judiciais.

Em Massachusetts motoristas que forem pegos por mais de três vezes dirigindo bêbados enfrentam a pena de prisão obrigatória, estas penalidades podem variar dependendo da ficha corrida do motorista que é pego dirigindo embriagado ou sob o efeito de qualquer droga.

Portanto, beber e dirigir é um péssimo negócio…

 

 

Jehozadak Pereira

Jehozadak Pereira é jornalista profissional e foi editor da Liberdade Magazine, da Refletir Magazine, do RefletirNews, dos jornais A Notícia e Metropolitan, do JS News e jornalista da Rede ABR - WSRO 650 AM. Foi articulista e editorialista do National Brazilian Newspaper, de Newark, New Jersey. É detentor de prêmios importantes tais como o Brazilian Press Awards e NEENA - New England Ethnic Newswire Award entre outros