Covardias sem fim…

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Desde 1 de outubro de 1997 quando um adolescente matou dois estudantes e feriu outros seis numa escola do Mississippi, as autoridades americanas contabilizam mortes às centenas – a maioria em escolas – provocadas por atiradores alucinados e sem nenhum motivo que não fosse a insanidade e a perturbação mental.

Steven Kazmierczak
Stephen Kazmierczak. Reprodução

Nesta estatística consta as cinco mortes vítimas de Stephen Kazmierczak, o brilhante ex-aluno da Northern Illinois University. Stephen deixou de tomar os remédios e se alucinou de vez. O dado mórbido nesta história toda é que as armas tanto de Stephen Kazmierczak quanto de Seung-Hui Cho (foto da capa – reprodução), que assassinou 32 alunos e professores na Virginia Tech University em 2007, foram compradas na mesma empresa via internet, o que evidência a falta de critérios e controles críveis para o comércio de armas. Mais uma vez, a tragédia se abateu sobre a população de Newtown, Connecticut onde Adam Lanza de 20 anos matou 26 pessoas, sendo 20 delas crianças ao invadir uma escola armado até os dentes.

Adam Lanza
Adam Lanza. Reprodução

O que choca não é somente a quantidade de mortos, pois no Brasil mata-se isto num único final de semana em determinadas cidades como São Paulo e Rio de Janeiro, mas o modo como os crimes são praticados.

A cada nova tragédia busca-se as razões e por mais que procurem não conseguem chegar a conclusão alguma, a não ser o ódio inexplicável. O que é certo é que a sociedade americana cultua desde sempre a violência como modo de vida no passado e como diversão no presente. Basta ligar a televisão para se constatar isto.

A violência está presente em jogos eletrônicos onde para se avançar de nível o jogador precisa na maioria das vezes matar o maior número possível de pessoas. Em filmes a coisa caminha na mesma direção. Porém, culpar jogos eletrônicos e filmes pelas matanças cada vez mais frequente é irresponsabilidade e insensibilidade, mas como detectar problemas, principalmente os de comportamento, motivados por desvios psicológicos e mentais? Certamente um dos motivos é a falta de limites dos quais tanto falam os educadores e terapeutas. Arrogância, desrespeito, insolência, falta de educação, consumo excessivo de drogas e bebidas alcoólicas, e principalmente descaso e desdém dos pais que deixam os filhos entregues a própria sorte.

Pais que não conseguem se impor diante dos seus filhos, lares desajustados, uma legislação frouxa que não reprime por exemplo, a questão de qualquer um pode comprar armas e munições a vontade em muitos estados, além de uma sociedade tolerante e permissiva ao extremo.

Eric Harris e Dylan Klebold
Eric Harris e Dylan Klebold. Reprodução

Por outro lado tais criminosos são elevados à categoria de heróis, a exemplo de Eric Harris e Dylan Klebold que em 1999 mataram 13 pessoas e se mataram no ataque da Columbine High School no Colorado. Ambos são reverenciados por milhares de pessoas, na maioria jovens que vêem neles um exemplo – mórbido – a ser seguidos, e todos os anos no aniversário da tragédia são lembrados, celebrados e homenageados por mentes tão doentias quanto as deles.

Mas a pergunta que se faz insistentemente é como detectar e lidar com mentes doentes que misturam ficção com realidade e matam sem que se consiga impedir mortes de inocentes que tiveram o azar de estar no mesmo ambiente que os assassinos, que cheios de ódio sem explicação alguma mataram depois de planejar as vezes minuciosamente.

Há um ano atrás no Brasil, o massacre de uma família, supostamente assassinada pelo filho adolescente deixou muitas perguntas sem respostas e todos os indícios levantados pela perícia indicavam que Marcelo Pesseghini, 13 anos, teria matado os parentes – Luís Marcelo – o pai; Andréia Regina – a mãe que eram militares; a avó Benedita e a tia Bernadete com tiros na cabeça e se matado posteriormente. Testemunhas dizem que o ambiente familiar era respeitoso, amoroso e tranquilo, mas mesmo assim a tragédia se abateu sobre a família. Há algumas semanas, uma perícia divulgada pelas autoridades deram conta de que o assassino dos pais e parentes foi protagonizado por Marcelo, mesmo que a família diga que ele era um menino dócil e enfermo fisicamente.

Nesta semana, Elliot Rodger matou seis pessoas que não tinham nenhuma relação com ele. Os detalhes perturbadores sobre os assassinatos dão conta de que a casa dele foi revistada pela polícia que não viu nenhum indício de problemas, mesmo que Elliot tivesse três armas e uma carta de mais de 140 páginas traçando em detalhes os seus planos macabros. Elliott divulgou um vídeo onde alega as suas razões para assassinar pessoas, uma suposta rejeição por parte de garotas.

O que denota mais uma vez, é que estes tempos dito modernos têm produzido como nunca mentes doentes, perturbadas emocionalmente, convivendo em sociedade sem que esta se dê conta dos monstros que se ocultam a espreita de trucidar quem lhe atravesse à frente. Culpar aqui nos Estados Unidos a liberdade de comprar armas é um escape e mesmo que fosse controlado, as mortes não diminuiriam em absoluto.

O que resta? Chorar e pedir que covardias como estas jamais se repitam.

 

Jehozadak Pereira

Jehozadak Pereira é jornalista profissional e foi editor da Liberdade Magazine, da Refletir Magazine, do RefletirNews, dos jornais A Notícia e Metropolitan, do JS News e jornalista da Rede ABR - WSRO 650 AM. Foi articulista e editorialista do National Brazilian Newspaper, de Newark, New Jersey. É detentor de prêmios importantes tais como o Brazilian Press Awards e NEENA - New England Ethnic Newswire Award entre outros