CÔNSUL-Geral Glivânia M. de Oliveira despede-se da comunidade

Diplomata será embaixadora no Panamá a partir de janeiro de 2019

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Embaixadora Glivânia M. de Oliveira trouxe eficiência e novos serviços para o Consulado-Geral do Brasil em Boston. Fotos: Jehozadak Pereira

Após quatro anos, a embaixadora Glivânia Maria de Oliveira, Cônsul-Geral do Brasil em Boston despede-se da comunidade e seu próximo posto será na Embaixada do Brasil no Panamá, posto que assume nos primeiros dias de janeiro de 2019.

A embaixadora Glivânia Oliveira que chegou a Boston em janeiro de 2015 é de longe a diplomata que mais realizou e promoveu o bem estar da população brasileira no âmbito da jurisdição do Consulado-Geral do Brasil em Boston. Sob o seu comando a repartição fez avanços importantes e o Consulado tornou-se onipresente na vida dos brasileiros da região. Importantes serviços foram agregados e Glivânia M. Oliveira deixa um legado de qualidade que espera-se seja mantido pelo seu sucessor, o embaixador Benedicto Fonseca Filho, que vem de Brasília, já designado e que assume o posto em janeiro. A mudança de chefias de embaixadas e postos consulares faz parte da política do Itamaraty.

Com exclusividade, a diplomata concedeu uma entrevista ao JS. Confira as suas respostas a seguir.

Qual era a sua expectativa quando assumiu o posto consular em Boston?
Quando sai de Brasília para vir para cá, estava consciente de que teria muito trabalho pela frente com grandes desafios com várias questões a serem trabalhadas, coisas que ouvi do me antecessor e que constava nos relatórios de gestão e que nos dá elementos para uma transição de comando e outra. Uma das questões era a melhoria do atendimento consular e das limitações como a falta de pessoal naquele momento. Cheguei consciente de quais eram as minhas tarefas naquele momento. Foram feitos muitos ajustes que eram necessários e que se mostraram acertados com o decorrer do tempo.

A senhora está satisfeita?
Plenamente e poderia ficar aqui mais alguns anos. Estou muito satisfeita e vou sentir muita saudade daqui, da equipe, dos funcionários e das pessoas. Recebi tanta colaboração que fica difícil nomear, mas pela proximidade e por trabalhar diretamente comigo buscando caminhos, soluções, agindo e sou imensamente grata com a Nilcea Franco. Sentirei muita falta dela e dos demais colegas. 

O que mais chamou a sua atenção na comunidade?
É uma comunidade trabalhadora, pujante e valorosa que busca caminhos, alavancam iniciativas, dinâmica, além da capacidade de chegar em uma terra onde tudo é novo e diferente onde se estabelece e faz a diferença. Isto é notável e vejo tudo isto e muito mais nos brasileiros o que confirma o caráter batalhador e desbravador da nossa gente. Fico muito feliz quando vejo as pessoas crescerem em todos os aspectos, não só patrimonial, mas da educação, dos filhos e de como buscam e acham o seu lugar na sociedade. 

Neste evidente avanço da qualidade do serviço consular o que a senhora reputa como importante?
Fizemos um esforço muito grande de comunicação através das redes sociais e acompanhei de perto a implementação e hoje interajo menos pois temos uma equipe. Mas houve períodos em que eu ficava junto com eles acompanhando de perto. Sempre que postávamos alguma notícia sobre educação, principalmente sobre brasileiros, refletia imediatamente nos acessos e comentários. A comunicação teve papel importante para ouvirmos as pessoas e melhorarmos em todos os aspectos. Outro fator importante foi o atendimento na parte da tarde que era dedicado a serviços internos.

Onde entra as atividades dos consulados móveis e itinerantes?
Não se pode trabalhar de outra maneira que não seja esta. Temos que conhecer a realidade em que estamos atuando e depois não temos que ficar entre quatro paredes, pois teremos conhecimento insuficiente do que se passa na comunidade e do nosso universo. Sabemos que as pessoas têm dificuldades de acesso ao Consulado, pelas distâncias, por causa do trabalho e de uma série de outros fatores. Não criamos nada novo, pois é uma política do Itamaraty e o que fizemos com o apoio local foi aprofundar esta política. De fato o número de itinerantes – para locais mais distantes e que segue rígidas regras e móveis – que foi uma modalidade que criamos aqui e que serve áreas mais próximas e houve um engajamento dos funcionários e da equipe, o que proporcionou o êxito das iniciativas. Sem contar que eu sempre que possível fazia questão de estar presente nestas situações. Tem também as parceiras que é algo absolutamente novo no ambiente consular e que foi uma iniciativa pessoal e que funcionou perfeitamente como ações externas. Quero externar meus agradecimentos, gratidão e respeito pela embaixadora Maria Dulce Barros, Subsecretária Geral das Comunidades Brasileiras e de Assuntos Consulares e Jurídicos e embaixadora Maria Dulce Barros, e a embaixadora Maria Luiza Lopes Ribeiro da Silva, Diretora do Departamento Consular e de Brasileiros no Exterior, que sempre nos apoiaram e incentivaram.

A sua estada aqui lhe realizou e o que mais lhe marcou?
Muito, gostei muito. Eu gosto de gente e para mim estar presente nos lugares foi ótimo, pois conheci pessoas e embora fosse parte do meu trabalho, me senti gratificada. Foi um desafio que valeu a pena plenamente. Vou embora gratificada e realizada. Eu vivi aqui muitos episódios gratificantes que me trouxeram energia vital e me impeliram a fazer coisas novas e sempre busco um sentido para as coisas e gosto do que faço, atribuindo um sentido ao que faço. Uma pessoa (sem citar seu nome), ao final de um evento, chegou para mim visivelmente emocionada e de uma maneira muito generosa disse que queria me agradecer pelo apoio que eu havia dado a ela e aos objetivos de vida, inclusive profissionais e que agradecia pelo respeito que eu tive com as pessoas. Isto para mim é muito significativo e tem valor. Genuinamente acredito que todos têm valor e que devemos aprender lições a partir das pessoas. Enfrentei situações difíceis, mas foi gratificante estar aqui. Foi uma relação de respeito e parceria. Que bom que pude participar de tudo isto e ter podido ajudar de algum modo os brasileiros nesta parte do mundo. De coração agradeço a todos e dizer que não os esquecerei.

Publicada anteriormente no Jornal dos Sports USA.

Jehozadak Pereira

Jehozadak Pereira é jornalista profissional e foi editor da Liberdade Magazine, da Refletir Magazine, do RefletirNews, dos jornais A Notícia e Metropolitan, do JS News e jornalista da Rede ABR - WSRO 650 AM. Foi articulista e editorialista do National Brazilian Newspaper, de Newark, New Jersey. É detentor de prêmios importantes tais como o Brazilian Press Awards e NEENA - New England Ethnic Newswire Award entre outros