Chegou dezembro…

Você tem para onde correr?

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Será que desta vez será o fim do mundo? Foto: Jehozadak Pereira/MNUSA

O mundo vai acabar em dezembro. Anda todo mundo falando.

É o assunto das redes sociais, dos jornais, das rádios, revistas e canais de televisão.

Milionários estão construindo bunkers nos Estados Unidos e na Europa.

Falam que vai sobrar pouca coisa para contar a história.

E sem essa de religião. A parada é outra.

Não vai importar paixões e generosidades.

Nacionalidade ou ideologia. Se nasceu em um país rico ou pobre. Se é nobre ou plebeu. 

Está em todos os lugares.

O mundo vai acabar no final de dezembro.

Os que ficarem por aí, segundo estudiosos, por sorte ou azar, serão mortos vivos.

Seres vagando pela terra sem rumo e sem direção.

Portanto, se pretende fazer alguma coisa de útil nessa sua vida inútil, trate de começar logo. Restam poucos dias.

Segundo eles, estudando tal fenômeno por anos a fio, vamos virar nada. 

Cálculos com extrema precisão garantem que será lenta e permanente.

Vamos desaparecer aos poucos e por completo do lugar que jamais fomos dignos de estar.

Somos de uma raça inferior. De natureza perversa. De caráter dúbio. Perigosa e nada confiável. 

Feios, nauseabundos e mal resolvidos.

Não merecemos viver num lugar generoso e abençoado. Que nossa ambição desmedida praticamente aniquilou.

Não temos dignidade e pudor. Somos arrogantes e prepotentes.

Nos falta respeito, nos falta conhecimento.

Temos pressa e distração. Falta de medida e cobiça.

O mundo vai acabar no final de dezembro, garantem os mais avançados centros de pesquisas do planeta.

Políticos corruptos, agentes públicos assassinos, traficantes, pedófilos, homofóbicos, misógenos, racistas, ladrões e fascistas não serão perdoados.

Líderes de igrejas que vendem salvação e prosperidade conforme o valor da doação, terão pouco tempo para cair de joelhos e clamar por misericórdia enquanto escondem suas bruacas cheias de dinheiro roubado da fé alheia.

Seus fiéis, gananciosos e ignorantes, terão castigo semelhante e merecido.

Todos serão queimados vivos por uma chama leve que vai arder lentamente devorando suas entranhas.

Ouviremos choros de pavor. Gritos de dor lancinante em busca da morte como desejo derradeiro. 

Não virá em um golpe fatal, dizem eles, pois não haverá dia, apenas noites e lamentações.

Olhos esbugalhados ouvirão gemidos distantes. Vozes desejando um abrigo, um buraco frio para aliviar a alma e o corpo de feridas abertas sendo devoradas por larvas e insetos.

Restaram apenas os esgotos dos grandes centros urbanos para serem divididos com os ratos.

De nada vai resolver o carrão na garagem, a conta bancária, o cartão de crédito, o guarda-roupa, os perfumes caros, as bolsas de grife e os celulares de última geração.

No lugar onde iremos rastejar nada terá qualquer importância e significado.

Os especialistas asseguram: não passará de dezembro.

O espaço já mandou sinais que os centros ao redor da terra já captaram e decifraram.

Faça uma reflexão. Ponha a mão na consciência e responda.

O silêncio reflexivo em qualquer lugar é o norte. 

Enchentes, terremotos e catástrofes das mais diversas aconteceram por todos os lugares. Países irão desaparecer por completo.

Cidades transformadas em ruínas e homens sendo devorados por animais famintos. 

Em alguns secas. Em outros, inundações.

Florestas imensas serão devoradas pelo fogo.

Não haverá comunicação, pois todos os satélites cairão como bolas de fogo.

Rios e suas nascentes secarão por completo.

Não haverá água potável e comida para os sobreviventes.

Matarão uns aos outros, não por maldade, mas por fome.

Hidroelétricas deixarão de funcionar e usinas nucleares explodirão por falta de manutenção. 

Ser humilde o bastante para admitir tuas fraquezas e reconhecer teus erros.

Seja capaz ou não, posso apenas garantir uma coisa, tão certa quanto a beleza de Charlize Theron: estaremos te esperando na escuridão depois do Natal.  

Gerald D

O gremista Gerald D escreve sobre artes, literatura, futebol e política com muita propriedade e consciência, o que reflete o seu gosto apurado pela boa leitura