As vezes me canso de ouvir afirmações do tipo “tinha que ser brasileiro”. Aliás, muito mais que me cansar, me irrita. Me irrita porque estas afirmações nunca são feitas com referência a elogios. Sempre que ouço a “maldita” afirmação ela é acompanhada de uma série de descrições dos desacertos, das falhas, das incoerências e das desonestidades do povo brasileiro. Não posso negar e nem pretendo, que as vezes as pessoas têm razão quando falam certas coisas sobre nosso povo; minha ojeriza é a generalização e o partidarismo. Vou explicar.
Primeiro, quando falamos assim, “só podia ser brasileiro”, estamos dizendo que tudo o que se faz de ruim só procede da cultura brasileira e do nosso jeito de agir e ser. E também que todo brasileiro faz o que é reprovável. Nada poderia ser mais longe da verdade. Quando generalizamos as ações de uma determinada raça estamos negando o fato de que em todas as raças, em todas as culturas, em todos os povos há virtudes também. Não existe tal coisa como “um povo sem virtudes”.
Portanto generalizar é roubar de nossa herança cultural toda a sua beleza e valor, além de colocar todos os brasileiros em um único grupo. Existem inúmeros brasileiros que vivem uma vida decente, honesta, ética e extremamente útil à sociedade americana. Homens e mulheres de valor, que trabalham com honestidade, que contribuem para o bem social e o desenvolvimento desta nação. Em todos os setores e segmentos sociais encontramos a figura do trabalhador brasileiro. Desde o mais renomado hospital de Boston ao menor restaurante de uma cidade qualquer; do empresário ao pedreiro; pessoas de quem precisamos ter o maior respeito e admiração.
Meu segundo ponto é o partidarismo. Vejam; quando rotulamos nossa raça com as afirmações citadas acima, estamos dizendo que não existem coisas reprováveis em outros povos. Ora, nada mais longe da verdade também. Por exemplo: os Estados Unidos da América tem a maior população carcerária do mundo e não o Brasil. Crimes hediondos acontecem aqui em uma frequência muito maior que no Brasil. Atentados em massa, massacre em escolas e coisas do gênero, são raramente vistas no Brasil ou em outros países.
Na Itália a prostituição, e a escravidão sexual é muito maior que no Brasil. Na França o número de pessoas que dependem da assistência governamental é tão grande quanto o Brasil e por aí vai. Mas o nosso povo teima em nos rotular de piores. Fico pensando se isto não é um legado da nossa colonização. Dos séculos de imposição de uma cultura européia que se opunha como superior e desvalorizava tudo o que era do “mundo novo” e das terras récem descobertas. Se estiver certo gostaria de aproveitar a oportunidade e lançar um desafio. Vamos virar este quadro. Vamos nos afirmar como povo, vamos propagandear nossas virtudes, fazer marketing dos nossos acertos, valorizar nossa cultura, premiar nossas conquistas e acima de tudo celebrar a bênção de ser BRASILEIROS.