A realidade fria dos números

Lula ficou a 1,57% dos votos para vencer no primeiro turno da eleição presidencial

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Terminado o primeiro turno das eleições no Brasil é preciso fazer algumas considerações importantes pensando numa projeção de segundo turno. 

O que pode e o que não pode acontecer. O que é provável e o que é menos improvável.

Jeferson Miola fez um levantamento interessante de alguns números para o DCM que eu quero compartilhar com vocês, dando uma resumida nesses dados. Vamos lá.

Projetava-se dois campos de possibilidades eleitorais: Lula ganharia no primeiro turno, ou uma disputa em dois turnos com Bolsonaro. Não se cogitava nenhuma possibilidade dos outros concorrentes chegarem lá.

Os estudos indicavam uma disputa parelha. Lula, segundo os dados, variando entre 48% e 51% dos votos válidos. Já os demais candidatos, somados, oscilavam, também, no mesmo patamar. E Bolsonaro, sozinho, alcançava 38% dos votos válidos.

Tudo indicava que a eleição seria decidida ou não no primeiro turno por uma margem escassa de votos. O que de fato aconteceu.

Com 48,43% (57.257.473 votos) faltou 1,57%, cerca de 1,8 milhão de votos para Lula vencer no primeiro turno. Os demais candidatos, juntos, receberam 51,57% dos votos. Ou seja, dentro das projeções.

Ciro Gomes e Simone Tebet, somados, oscilavam em torno de 12% (Ciro, 7% e Simone, 5%). A votação de ambos ficou em 7,2% (Simone, 4,16% e Ciro, 3,04%), uma queda de 5% do que foi estimado pelas pesquisas. Lembram da margem de erro? Dois ou três pontos para mais. Dois ou três pontos para menos.

Enquanto Simone e Ciro não avançavam, Bolsonaro saltou para 43,2% dos votos válidos. Subiu 5% em relação às pesquisas, percentual equivalente à queda do candidato do PDT, que perdeu 4%.

Os institutos de pesquisas revelavam uma diferença pró-Lula sobre o atual presidente entre 10% e 12%. Nas urnas a vantagem de Lula ficou pela metade, ou seja, 5,23%. Com uma diferença de 6.186.367 votos. Número do eleitorado inteiro do estado do Ceará.

O que podemos deduzir desses números? Que o crescimento de Bolsonaro(5%), se deve, a ajuda de Ciro, que promoveu uma campanha furiosa contra os petistas, defendendo ou poupando, em muitas ocasiões, os bolsonaristas e o governo atual.

Favorecido pelo voto útil anti-petista propagado por Ciro Gomes, o atual ocupante do Palácio do Planalto antecipou no primeiro turno, em tese, o desempenho que poderá ter no segundo turno.

Um dos obstáculos da situação, ou seja, Bolsonaro, é diminuir sua rejeição, que hoje está na casa dos 50-52%. Baixando essa diferença, é possível imaginar uma ultrapassagem sobre Lula, contando também com os votos, ou parte deles, dos candidatos derrotados.

Para o pesquisador Ryan Berg, do Center for Strategic and International Studies, em entrevista à BBC News Brasil, acredita que Bolsonaro não poderá tirar os votos que precisa para vencer: “Não acredito que haja eleitores suficientes para levá-lo à margem necessária contra Lula”. 

Já Bolsonaro, segundo ele, precisaria basicamente de todos os eleitores de Simone e Ciro, além dos de outros candidatos(mais a diminuição da rejeição), para chegar a vitória. Mas ele, o cientista, não vê essa possibilidade acontecer.

Já o ex-presidente, além de arrancar no segundo turno com uma vantagem de mais de 6 milhões de votos, pode ainda ampliar esse número em outros segmentos democráticos e antifascistas, entre os indecisos e entre aqueles que rejeitam o bolsonarismo arregimentando eleitores de Simone, Ciro, Soraya e demais candidatos derrotados.

Para o pesquisador Ryan, “Lula não foi bem quanto as pesquisas previam, mas ele ainda está em vantagem e nem precisa de todos os eleitores de Tebet e Gomes para chegar a 50% dos votos”.

Gerald D

O gremista Gerald D escreve sobre artes, literatura, futebol e política com muita propriedade e consciência, o que reflete o seu gosto apurado pela boa leitura