Série especial imigração: benefícios de uma reforma

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O trabalhador pode comprar, registrar e fazer seguro de um carro, mas não tem o direito de ter uma carteira de motorista. Reprodução Facebook

É só vermos a condição precária com que muitos imigrantes vivem. A falta de carteira de motorista é um fator grave e muito sério que fugiu totalmente do controle das autoridades. Querem ver? Qualquer um pode comprar um carro e é incentivado a isto diariamente. Um vez comprado o carro, os devidos registros podem ser feitos sem qualquer problema, pois o importante é receber as taxas. O próximo passo é fazer o seguro, que com um pouco de paciência pode ser feito sem maiores problemas, pois muitas agências e companhias de seguro fazem vistas grossas à falta de documentos.

Tudo isto é cruel e insano e piora a cada dia, pois ao mesmo tempo em que a nação a americana precisa do trabalhador imigrante aqui, recusa dar a este trabalhador os benefícios a que ele tem direito e merecimento, pois trabalha e contribui compulsoriamente sem que tenha nenhum favorecimento por menor que seja.

As leis de imigração americana são complexas e por mais que se estude cada uma delas, sempre haverá dificuldades de compreensão. Um exemplo é a LULAC. Promulgada pela seção A da lei 245, ele beneficiou quem entrou nos Estados Unidos antes de 1º de janeiro de 1982, e morado ininterruptamente na América desde então. Foi permitido uma ausência de 45 dias seguidos ou 180 no total. A anistia promulgada em 1986 permitiu que milhares de imigrantes obtivessem o status de legais, e permaneceu aberta até dezembro de 2005.

As coisas poderiam ser diferentes se não houvessem as inevitáveis e desprezíveis fraudes processuais. Uma das causas da morosidade é a fiscalização que as autoridades submetem cada processo por causa de mentiras que muitos aplicantes contam. As fraudes trazem prejuízos enormes em todos os aspectos – para advogados, para aplicantes, para empregadores, e principalmente para o país.

As fraudes podem ser através de declarações falsas, de casamentos comprados ou arranjados, como foi o caso da capixaba Estela e do texano Bill. Incentivada por uma amiga, Estela pagou US$ 15 mil por um casamento, e deu entrada nos seus papéis para a obtenção do seu green card. Chamados para a entrevista, cada um contou uma história e Estela descobriu que aquele era o oitavo casamento de Bill, todos com imigrantes indocumentadas.

Diante das evidências de que havia fraude processual, o seu documento foi negado e por sorte ela não foi deportada e nem houve a abertura de processo criminal.

Foi feita uma proposta para que ela testemunhasse contra o americano, e por orientação do advogado, ela pediu em troca o seu green card, e para surpresa dela, foi concedido. No entanto, a agonia dela demorou para terminar. Ofendida e ameaçada pelos parentes de Bill, teve de mudar de estado e tomar algumas precauções por alguns anos. Casos como o de Estela invariavelmente não tem um final feliz para quem comete a fraude.

Entidades e políticos que defendem uma reforma acenam com argumentos que vão desde a questão da segurança interna do país até um aumento na arrecadação de impostos, e todos os benefícios imediatos da promulgação de uma lei que legalizasse milhões de indocumentados. O social security seria o maior beneficiado, pois passaria a arrecadar por ano bilhões de dólares, além do que quem entrasse agora no sistema previdenciário americano contribuiria durante pelo menos dez anos antes de começar a usufruir de benefícios.

Outro setor beneficiado é o das companhias aéreas que venderiam milhões de passagens para quem está há anos nos EUA sem poder visitar seus lugares de origem, e certamente com documento na mão vai querer ir e voltar. O impacto financeiro será suficiente para tirar do vermelho todas as companhias aéreas americanas. São muitos os setores da economia que serão beneficiadas com a legalização de imigrantes.

Universidades – hoje, são muitos os imigrantes com poder financeiro para ir estudar nas universidades pagando pelos seus cursos; diminuição do uso de documentos falsos, e conseqüentemente da criminalidade. Mas, o maior beneficiado mesmo será a segurança interna, pois com a legalização a fiscalização e busca de fugitivos e procurados passará a ser a prioridade, assim como a vigilância e monitoramento das fronteiras, especialmente com o México.

Engana-se quem pensa que a legalização beneficiará somente indocumentados, ela será primordial e essencial para os Estados Unidos, que depende sim, diretamente da mão de obra proporcionada por milhões de estrangeiros.

 

Jehozadak Pereira

Jehozadak Pereira é jornalista profissional e foi editor da Liberdade Magazine, da Refletir Magazine, do RefletirNews, dos jornais A Notícia e Metropolitan, do JS News e jornalista da Rede ABR - WSRO 650 AM. Foi articulista e editorialista do National Brazilian Newspaper, de Newark, New Jersey. É detentor de prêmios importantes tais como o Brazilian Press Awards e NEENA - New England Ethnic Newswire Award entre outros