Finalmente na América! E agora?

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Finalmente na América! E agora? O que fazer? De onde partir? Como agir? Bem, tudo será novidade. A comida – se bem que há restaurantes brasileiros em qualquer esquina onde os nossos patrícios se estabeleceram, o clima pois tanto o calor quanto o frio são diferentes do Brasil, e há também o fator neve para quem vai morar nos lugares onde ela cai todo ano. E o idioma? Difícil para alguns, complicado para outros, fácil para outros ainda.

Bem, lá no Brasil disseram que é possível ganhar uns US$ 400 por semana. Rapidamente tratamos de fazer as contas e isto dá por volta de R$ 1,2 mil dependendo da cotação do dólar que nos últimos tempos oscila para baixo e para cima.

Só que a coisa não é bem assim. Tem o aluguel, a prestação do carro, que é um importante meio de locomoção, e com ele a parcela do seguro que é obrigatório, tem também as despesas com roupas e calçados, alimentação, etc. Sem esquecer que tem que mandar dinheiro para quem ficou lá no Brasil. Logo o recém-chegado vai ver que para fazer frente a todas estas despesas ele vai ter que arrumar um outro emprego e descobrir o real significado das palavras full time e part time.

Só com o full time não vai dar. É preciso arrumar um part time. O primeiro emprego geralmente é em funções que ninguém quer trabalhar, ou pelo menos aqueles que estão aqui há mais tempo.

Nesta altura mora-se em qualquer lugar, mesmo que isto signifique estar junto com o amigo do amigo do amigo, pagando um preço sempre mais caro do que vale realmente o quarto ou a vaga. O carro também já passou pela mão de tantos brasileiros que não dá para contar quantos foram, e que foi vendido por um preço muito acima do que realmente valia.

Tem também a saudade da família que ficou para trás e a desconfiança de que nem todos que se aproximam são de fato amigos. A falta de documentos é um dos itens mais importantes – senão o mais importante deles todos, e o trabalhador logo vai descobrir que para trabalhar vai precisar do tal do social security number, que logicamente não vai poder tirar, assim como a tal da driver license.

Outra coisa vai ser conseguir lidar com a saudade de casa e para isto usa a internet e as redes sociais para estar presente mesmo que digitalmente. Tudo sem esquecer que a finalidade de estar na América é trabalhar com afinco e dedicação para fazer o seu pé de meia lá na sua cidade querida que jamais esquece, e que é o melhor lugar no mundo. Porém, nada disto abala a vontade e a determinação do brasileiro que só quer ser feliz e proporcionar para os seus familiares uma nova perspectiva de vida.

Até que um dia consegue o seu green card, o tão sonhado documento que lhe permitirá ir e vir sem sustos e cada vez que desembarca lá no Brasil leva na bagagem histórias que vai contar na roda dos amigos e parentes que verão que ele veio, viu e venceu. Saberão que ele é um vitorioso que não desistiu do seu sonho de ter uma perspectiva de vida digna e honesta, que trabalhou duro para juntar um dinheiro honesto, suado, batalhado e agora se dá ao luxo de ir passear e mostrar o quanto é feliz do outro lado do Atlântico. Esnobar? De jeito nenhum, ele só que mostrar que venceu num lugar onde tantos desistiram. Só isto, dirá também que valeu a pena. Valeu mesmo!

Imagens meramente ilustrativas

Jehozadak Pereira

Jehozadak Pereira é jornalista profissional e foi editor da Liberdade Magazine, da Refletir Magazine, do RefletirNews, dos jornais A Notícia e Metropolitan, do JS News e jornalista da Rede ABR - WSRO 650 AM. Foi articulista e editorialista do National Brazilian Newspaper, de Newark, New Jersey. É detentor de prêmios importantes tais como o Brazilian Press Awards e NEENA - New England Ethnic Newswire Award entre outros

2 COMMENTS

  1. Até me vi nessa sua história. É bem assim mesmo meu querido amigo. Com vc disse, eu vim, vi, venci e voltei. Só que meu país amado não me acolheu do jeito que esperava. Depois de muitas decepções, retornei e não me passa na cabeça nem voltar para as férias no meu antes amado país.

  2. O mesmo aconteceu comigo ao voltar ao Brasil e já estou voltando para o meu país que realmente me apoiou e me acolheu de coração que se chama Estados Unidos da América.

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