Denunciar criminosos ou não, eis a questão

A mensagem das autoridades é clara: os Estados Unidos não são esconderijos de criminosos

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Condenado por assassinato no Brasil, fugitivo foi preso recentemente em New Jersey, NJ. Foto: ERO/Newark

Nos últimos tempos as autoridades imigratórias têm apertado o cerco contra pessoas com passado criminoso em seus países que buscam fugir da justiça e se refugiarem nos Estados Unidos, onde pensam que estarão a salvo de pagar seus crimes nos seus lugares de origem.

Vamos nos ater especificamente aos casos que envolvem brasileiros criminosos, que se aproveitam da vulnerabilidade das fronteiras americanas para entrar no país e ao se misturar na comunidade trabalhadora para viver incógnitos ou não.

Mas nem sempre em criminoso no Brasil consegue viver sem aprontar nos Estados Unidos. Um exemplo disto foram alguns dos integrantes do Primeiro Comando de Massachusetts (PCM) que tentaram viver do crime em terras americanas e foram parar atrás das grades. Tráfico de drogas, extorsão, venda ilegal de armas de fogo, e outros crimes do código penal americano faziam parte do escopo da gangue. A operação que prendeu os quadrilheiros foi espetaculosa e repercutiu em todos os meios de comunicação americanos.

A maioria dos criminosos já foram condenados e receberam penas pesadas pelos seus crimes. 

Contudo, o enquadramento desta gente parece não ter servido de exemplo e há outros larápios brasileiros querendo viver de golpes e espertezas. Tem também os famosos piramideiros que nos últimos tempos estão devidamente recolhidos, pois talvez tenham se dado conta de que a modalidade que prometia riqueza, terminou para muitos em prejuízo, frustração e até em condenações. É só lembrar a grande vigarice que foi a TelexFree.

E a quadrilha que roubava documentos para fraudar as contas de aplicativos? Muita gente foi presa e as condenações continuam saindo, mas nem a pesada mão da justiça parece inibir outros candidatos a vigaristas de continuar praticando os mesmos crimes. Contas fraudulentas de aplicativos continuam sendo oferecidas livremente nas redes sociais sem o menor pudor. O combo é composto de carteira de motorista, cujos dados foram roubados de alguém e o cadastro da conta de aplicativo que são vendidos ou alugados via de regra para pessoas indocumentadas que correm o risco, de elas mesmas irem parar atrás das grades, caso sejam apanhados em infrações de trânsito. Uma carteira de motorista fraudada pode custar em média US$ 500, e as negociações são feitas através do WhatsApp ou de algum outro dispositivo de mensagens, e a entrega é feita no endereço que o comprador indicar. Já o pagamento tem que ser antecipado.

Contudo, o que tem chocado mesmo é quantidade de assassinos, latrocidas, traficantes de drogas e outros tipos de criminosos brasileiros que estão na comunidade buscando viver impunemente. Alguns buscam de esconder e evitam as redes sociais e a exposição pessoal, mesmo que muitas pessoas saibam dos seus crimes que foram cometidos no Brasil. Muita gente honesta faz de conta que não sabem de nada, talvez por receio de denunciar os criminosos e por temerem retaliação contra si ou suas famílias no Brasil.

Já outros criminosos, não se omitem e chegam ao desplante de ter perfis nas redes sociais onde publicam fotos das suas atividades e com isto desdenham da justiça brasileira. Outros enveredam pelo crime e recentemente, dois deles da mesma família, além de exibirem armas irregulares em fotos nas redes sociais, faziam tráfico de pessoas e praticavam outros crimes. Presos, pois seus nomes constavam na Difusão Vermelha da Interpol, foram deportados e cumprem suas penas por homícidio em Minas Gerais.

A maioria são criminosos perigosos e representam uma ameaça tanto no Brasil quanto para os brasileiros que vivem próximos a eles. Este foi o caso de José Rogério Ferreira de Souza, o ‘Ró’, procurado pela Justiça de Minas Gerais, ele foi preso numa operação da State Police de Massachusetts e do ICE em fevereiro de 2011, em Danvers, Massachusetts. Ao ser preso, José Rogério usava o nome e o passaporte de Mauro Jorge, que estaria no Brasil. ‘Ró’, participou com dois cúmplices do assassinato do motorista de taxi Heraldo de Souza no Córrego São José, na zona rural de Teófilo Otoni, MG, em setembro de 2008. Menor à época do crime e procurado pela justiça de Minas Gerais, José Rogério veio para os Estados Unidos onde teria parentes e morava em Medford, Massachusetts, onde cometia furtos, constrangia e ameaçava pessoas e para algumas delas chegou a dizer que estava nos Estados Unidos porque havia cometido um homicídio como forma de se impor. Deportado em 2011, continuou com seus crimes e anos depois foi assassinado por traficantes de drogas.  

Denunciar ou não criminosos brasileiros é um dilema que as pessoas vivem. O que é pior? A omissão de quem sabe de algum criminoso impune ou a denúncia? As autoridades americanas estimulam que fugitivos da justiça de qualquer país, sejam denunciados e garantem para quem faz a denúncia a privacidade e o anonimato. Qualquer pessoa pode fazer a denúncia de criminosos, morando ou não nos Estados Unidos e este sido os casos de muitos criminosos que são denunciados a partir do Brasil.

Para denunciar alguém que tenha cometido um crime no Brasil e está escondido nos Estados Unidos, ligue para 866.347-2423 ou preencha um formulário online. 

Jehozadak Pereira

Jehozadak Pereira é jornalista profissional e foi editor da Liberdade Magazine, da Refletir Magazine, do RefletirNews, dos jornais A Notícia e Metropolitan, do JS News e jornalista da Rede ABR - WSRO 650 AM. Foi articulista e editorialista do National Brazilian Newspaper, de Newark, New Jersey. É detentor de prêmios importantes tais como o Brazilian Press Awards e NEENA - New England Ethnic Newswire Award entre outros