Dentro de poucos dias vai começar a Copa do Mundo 2014 e os preparativos que duraram sete anos foi dos mais estressantes da história da FIFA, a ponto de Jerome Walcke dizer que viveu ‘um inferno’ nestes anos todos. Se fora do campo as coisas não vão bem, dentro do campo as coisas tendem a caminhar de modo diferente.
Inegavelmente a seleção brasileira é sim favorita ao título, embora já no primeiro jogo da segunda fase tenha de enfrentar seleções fortíssimas como Espanha, Holanda ou o sempre aguerrido Chile. O título da Copa das Confederações no ano passado e a boa campanha nos amistosos fizeram com que o time de Luiz Felipe Scolari esteja credenciado como um forte candidato a ser campeão.
Favoritismo a parte o Brasil pode ser campeão mas há outras seleções favoritas – Argentina, Inglaterra, Alemanha, Itália, Espanha e Holanda também chegam credenciadas a fazer boas campanhas embora os seus principais jogadores estejam estafados pelas disputas dos campeonatos europeus, sempre muito competitivos.
Alejandro Sabella, o técnico da Argentina deixou de fora da sua convocação o atacante Carlos Tevez enquanto que Juergen Klinsmann, treinador dos Estados Unidos optou por não levar o astro Landon Donovan ao Brasil. Tevez foi o principal jogador da campeã Juventus e marcou 19 gols na Lega Calccio. Mesmo assim, Sabella deixou-o de fora e não se sabe se ele poderá fazer falta. Na Argentina dizem que um dos motivos é uma possível desavença com o astro Lionel Messi. Já Donovan fora de forma, não convenceu o treinador de que devia ser convocado.
As surpresas podem ser Portugal que tem Cristiano Ronaldo, a quem deve a classificação ao Mundial um fator de desequilíbrio, França que parece ter resolvido os seus problemas internos e de relacionamento entre jogadores, ou a Bélgica com um time de candidatos a astros de técnica refinada. Outras seleções serão meras figurantes e coadjuvantes de um show bilionário.
A Copa do Mundo será vista por cerca de 450 milhões de telespectadores ao redor do mundo; já nos estádios terá um público de cerca de 3,35 milhões de espectadores, igual ao da copa da Alemanha em 2006. A FIFA já arrecadou cerca de US$ 3,5 bilhões de direitos de exploração e patrocínios – só com direitos televisivos foram arrecadados US$ 1,7 bilhão – sem contar mais US$ 2,9 bilhões em investimento publicitário. Na África do Sul a partida final foi vista por mais de 530 milhões de pessoas.
Em 2014 o investimento da FIFA é de cerca de US$ 2 bilhões e o lucro líquido da entidade será de aproximadamente US$ 4 bilhões, o que é muito dinheiro. Porém, o custo total do Mundial, financiado com o dinheiro público brasileiro passa dos US$ 14 bilhões com indícios de que há superfaturamento e desvio de verbas. Mesmo com o investimento bilionário do Brasil as obras de mobilidade urbana, ampliação de aeroportos, estradas e infra-estrutura não foram executadas ou não ficarão prontas a tempo.
Tudo em qualquer copa do mundo é superlativo, a começar da FIFA que reúne 209 países que são filiados, enquanto que a ONU reúne 193 países. A entidade presidida pelo suíço Joseph Blatter é rígida nos seus negócios e controla tudo com mão de ferro, a começar dos árbitros e bandeirinhas que apitarão os 64 jogos da copa, dos quais não serão admitidos erros que certamente acontecerão, sendo a primeira vez na história que será usado tecnologia na linha de gol apesar de toda a resistência dos velhinhos que são conselheiros e consultores da FIFA.
As arenas, novas ou reformadas são o Mineirão em Belo Horizonte, MG, capacidade: 62.547 lugares; Estádio Nacional Mané Garrincha em Brasília, DF, capacidade: 77.064 lugares; Arena Pantanal em Cuiabá, MT, capacidade: 42.968 lugares; Arena da Baixada em Curitiba, PR, capacidade: 41.456 lugares; Castelão em Fortaleza, CE, capacidade: 64.846 lugares; Arena Amazônia em Manaus, AM, capacidade: 42.374 lugares; Arena das Dunas em Natal, RN, capacidade: 42.086 lugares; Beira-Rio em Porto Alegre, RS, capacidade: 48.849 lugares; Arena Pernambuco em Recife, PE, capacidade: 42.849 lugares; Maracanã no Rio de Janeiro, RJ, capacidade: 73.531 lugares; Fonte Nova –emSalvador, BA, capacidade: 52.048 lugares; Arena Corinthians ou Itaquerão em São Paulo, SP, capacidade: 69.160 lugares.
Outro show a parte será da tecnologia para a transmissão dos jogos. As câmeras serão todas digitais de alta definição que proporcionará ao telespectador a impressão de que está assistindo o jogo ao vivo. Serão dezenas de câmeras captando lances de diversos ângulos que serão repetidos a exaustão nas mesas de comando de transmissão.
Quando os 22 jogadores – são 736 no total – de Brasil e Croácia entrarem em campo no dia 12 de junho na Arena Corinthians ou Itaquerão, terminará a correria que cada time passou pelas eliminatórias continentais, acabará a tensão dos operários que trabalharam para concluir as obras a tempo, e começarão outras batalhas. A da segurança a qualquer custo para evitar atentados terroristas, manifestações contra a FIFA e contra a realização da Copa do Mundo, torcedores violentos e brigas; a torcida para que o espetáculo seja de primeira qualidade – se bem que com seleções como Gana, Costa do Marfim, Austrália, Costa Rica, Grécia, Suíça, Irã, Argélia, Honduras e Equador entre outras mediocridades isto seja impossível, e que de a lógica – que vença o melhor. Para muita gente o melhor é o Brasil…
Os craques da Copa
Neymar
É sem dúvida alguma uma das grandes estrelas de primeira grandeza que vão desfilar pelos impecáveis gramados brasileiros. Nele estão depositadas as esperanças de que o Brasil seja o campeão
Lionel Messi
É o mais premiado jogador dos últimos tempos. Com ele em campo o show é garantido, e tem tudo para ser o craque da Copa do Mundo de 2014, apesar da má temporada no Barcelona
Cristiano Ronaldo
Se a seleção portuguesa é meia boca, ele é o maior jogador europeu da última década e se estiver no melhor da sua forma física vai carregar o time nas costas. Garantia de espetáculo e de quebra chega ao Brasil como campeão e artilheiro da Champions League
Wayne Rooney
É o melhor jogador inglês da atualidade, astro do gigantesco Manchester United e o mais bem pago jogador da Premier League
Mario Balotelli
Alto, habilidoso e decidido, Balotelli é explosivo, polêmico e craque. Tem sido constantemente hostilizado, inclusive pela própria torcida italiana – pelo menos os racistas. É o grande trunfo do técnico Cesare Prandelli para fazer uma boa campanha no Mundial
Schweinsteiger
É o grande astro do Bayern de Munique e um dos craques europeus da atualidade
Van Persie
O holandês do Manchester United é artilheiro e decisivo e é o maior goleador da seleção do seu país em todos os tempos
Franck Ribery
Perdeu o prêmio de melhor jogador do mundo em 2013 para Cristiano Ronaldo, o que mostra o quanto é importante tanto para o Bayern de Munique quanto para a França
Iniesta
Comanda a seleção espanhola e tem junto com Iker Casillas a incumbência de administrar a harmonia interna entre jogadores do Barcelona e do Real Madrid
Adidas x Nike x Puma
Na guerra das gigantes do material esportivo, a Adidas leva ligeira vantagem, pois veste os juízes e bandeirinhas, além de fornecer as bolas para os jogos. É ainda uma das patrocinadoras da Copa do Mundo. Alemanha, Argentina, Japão, Espanha, Rússia, México, Colômbia e Nigéria vestem Adidas. Brasil, França, Estados Unidos, Grécia, Holanda, Austrália, Coreia do Sul, Croácia, Inglaterra e Portugal usam Nike e Itália, Argélia, Camarões, Chile, Costa do Marfim, Suíça, Uruguai e Gana, vão de Puma.
No item chuteiras a Nike goleia os seus concorrentes. Cristiano Ronaldo, Neymar, Rooney, Thiago Silva, Iniesta, Mario Götze são algumas das estrelas que usam os modelos – alguns usarão modelos exclusivos além de muitos deles ganhar alguns milhões de dólares a cada contrato.
Já a Adidas vai de Lionel Messi, Van Persie, Fred, Gerard, Oscar entre outros, pagando um caminhão de dinheiro para cada um destes jogadores. Em comum Adidas e Nike pagam bônus por partida, por gols marcados e até pela artilharia da Copa do Mundo. Estima-se que o bônus de Ronaldo por ter sido o artilheiro da copa em 2002 foi de US$ 1 milhão. Samuel Eto’o, é o principal contratado da Puma junto com o italiano Mario Balotelli e o colombiano Falcão Garcia.
As empresas de material esportivo pagam até US$ 15 mil por cada partida para jogadores que não tem contrato com marca alguma. Já os goleiros chegam a ganhar US$ 20 mil por cada jogo que disputam para usar determinadas marcas de luvas. Na copa de 1998, Taffarel, o goleiro brasileiro foi multado em US$ 5 mil por usar luvas fora da especificação da FIFA. A marca do fabricante estava maior que o permitido. A publicidade gerada por causa da multa alavancou as vendas das luvas da marca por mais de um ano. Nada mal para quem investiu no melhor goleiro do Brasil em copas do mundo.
O dinheiro que rola desde sempre nos campos de futebol e nas competições da FIFA serão contabilizados aos bilhões de dólares tão logo for dado o primeiro chute na bola no Brasil. Se a política e as manifestações não atrapalharem o esporte, os principais jogadores do mundo estarão prontos para o show de bola…
