CARTAS de Boston

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Roma dos romanos

XIX

Os Romanos

Seria natural imaginar que o maior número de grandes edifícios romanos foi levantado por imperadores que tinham ao seu dispor ilimitados recursos.

Augusto dizia que “deixara Roma toda feita de mármore”. Vespasiano, e sua estrita economia, foi a fonte de sua magnificência. Trajano deixou obras com a marca de seu gênio. Adriano deu a cada província do Império, monumentos públicos que foram executados sob suas ordens e supervisão. Os Antoninos também incentivaram as artes que contribuíam para a felicidade do povo.

Mas os imperadores não foram os únicos arquitetos de seus domínios. Seus principais súditos imitavam o exemplo.

Não tinham o menor temor em conceber e dinheiro suficiente para levar a cabo os mais nobres empreendimentos.

Existia uma disputa entre cidades pelos projetos públicos mais exuberantes para admiração dos forasteiros e gratidão e orgulho dos cidadãos.

Cabia ao magistrado romano incumbido do governo de cada província, chamado de procônsul, orientar o gosto e necessidades e controlar os exageros.

Os senadores de Roma e das demais regiões eram na sua maioria de famílias abastadas do Império, consideravam uma honra, quase uma obrigação, deixar para a posteridade o explendor de sua época revestida em obras públicas voltadas aos interesses comuns de cada comunidade.

Entre todos esses benfeitores privados podemos citar Herodes Ático, um cidadão ateniense que viveu na época dos Antoninos.

A dinastia Nerva-Antonina foi de 96 até 192 antes de Cristo e envolveu sete imperadores: Nerva,Trajano, Adriano, Antonino Pio, Marco Aurélio, Lúcio Vero e Cômodo.

Foi uma dinastia que não se baseava em parentesco. Sua associação era garantida por adoção ou pela participação no governo.

Qualquer que pudesse ter sido o motivo de sua conduta, Herodes foi sem dúvida, um dos maiores mecenas da humanidade.

O seu avó era banqueiro e dono de uma enorme riqueza que havia padecido às mãos da justiça.

Antes de falecer, Hiparco, seu avó, conseguiu esconder parte de seu tesouro que foi encontrado pelo seu pai enterrado sob uma velha casa, últimos restos do patrimônio da família.

Em conformidade com a lei, o imperador poderia ter reclamado seus direitos, mas Nerva, que então ocupava o trono, não aceitou qualquer parte da descoberta e ordenou-lhe que usasse sem escrúpulos aquele presente.

A família de Herodes, descendia em linha direta de Cimon, general ateniense, que fundou  e organizou o império maritimo de Atenas, filho de Milcíades. De Teseu e Cécrope, Éaco e Júpiter.

Ático obedeceu ao pé da letra as recomendações do imperador, aplicando grande parte de sua fortuna, que foi aumentada ao casar-se com a filha de um casal rico e aristocrático de Atenas, chamada Vibullia Alcia Agrippina, em favor do bem comum.

Grandes mestres da Ásia e da Grécia foram chamados por meio de muito dinheiro, a dirigir a educação do jovem Herodes. 

O menino logo se tornou um orador de fama. Passava grande parte do tempo na escola ou em retiro folosófico em Atenas e nas vilas. Não gostava do ambiente do Senado e do Foro. 

Com o título de consulado, uma espécie de cônsul ou magistrado supremo do Império Romano, Herodes seguiu os passos do pai.

Hoje algumas ruínas de vulto ainda preservam a fama de seu gosto e munificência.

Estudiosos recentemente mediram os remanescentes do estádio por ele construído inteiramente em mármore branco e que era capaz de abrigar quase toda Atenas e que levou quatro anos.

Em memória da esposa dedicou um teatro todo construído em cedro.

Seu espírito avançou além dos limites de Atenas.

Construiu aquedutos, templos, teatros, como o de Corinto, um estádio em Delfos, um balneário nas Termópilas, fontes na Itália e nada disso foi capaz de diminuir sua riqueza.

Um homem que não mediu sacrifício e dinheiro para o bem público.

Hoje é possível encontrar inscrições em cidades da Grécia, Ásia e Itália de agradecimento ao espírito de Herodes Ático nomeando como o seu eterno patrono e benfeitor. 

Gerald D

O gremista Gerald D escreve sobre artes, literatura, futebol e política com muita propriedade e consciência, o que reflete o seu gosto apurado pela boa leitura