Série especial imigração: a dependência dos EUA da mão de obra imigrante

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Será que os Estados Unidos não poderiam suprir suas deficiências de mão de obra apenas com os cidadãos americanos? Ou com apenas parte dos que já estão aqui? E por que?

Mesmo com a economia estagnada ou crescendo em ritmo lento a demanda por mão de obra qualificada ou não, em determinadas áreas da economia, continua sendo muito grande, pois nunca foram supridas de forma satisfatória, principalmente nas áreas de serviços, hotelaria, construção, agricultura, turismo de um modo geral, asseio e conservação e muitos outros.

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Milhares de postos de trabalho poderiam ser preenchidos se houvesse uma reforma de imigração. Reprodução

Mesmo existindo um grande contingente de americanos desempregados – que vive, as custas do social security, eles recusam trabalhar nestas áreas ou mesmo nas funções disponíveis, isto faz com que a necessidade de lançar mão dos trabalhadores imigrantes se torne essencial para um mínimo funcionamento de centenas de milhares de empresas americanas. Por causa da recusa de muitos americanos natos, em trabalhar como cozinheiros, lavadores de pratos, faxineiros e ajudantes de salão, e outras funções consideradas menos nobres, é que a mão de obra imigrante – sempre disponível e farta, se faz necessária.

É uma força motora para a economia comparada a energia elétrica, entre outros tantos exemplos flagrantes no dia a dia da economia americana. Daí a necessidade vital, de se criar e aperfeiçoar leis, que venham ao encontro das necessidades do país, abastecendo as empresas de mão de obra tão necessária, e que ao mesmo tempo supram a economia com trabalhadores e os habilitem e documentem, afim de que eles se estabeleçam de acordo com a lei, de forma rápida e eficiente e lhes dê proteção contra patrões desonestos.

A sociedade ganharia em todos os aspectos, ao documentar satisfatoriamente o indivíduo, inclusive com o aumento da arrecadação de impostos, mostrando aos que alimentam um sentimento antiimigrante, que o imigrante, uma vez legalizado terá a oportunidade em investir onde mora e no país que o acolheu.

Imaginem a vida americana sem estes trabalhadores? Já vimos que eles são extremamente necessários para o bom desenvolvimento da economia em geral, portanto, os Estados Unidos são os primeiros interessados, em manter estes trabalhadores morando e trabalhando aqui; só mesmo pessoas totalmente desinformadas, podem achar que estão fazendo alguma coisa de útil para o país, em oprimir estes trabalhadores.

Outro fator fundamental para tolerar determinadas situações é o fato de que na verdade olhando pelo outro lado do problema; sendo que os legisladores são os únicos responsáveis por não viabilizar a admissão destas pessoas por vias legais, através do aperfeiçoamento das leis; pois o que vemos na verdade, não são pessoas indocumentadas no país, mas sim, legisladores acomodados com o assunto, que não passam de fabricantes de indocumentados, criando um verdadeiro exército de pessoas honestas e trabalhadoras, que servem a nação de forma legítima, sendo discriminadas.

Até então o que vemos são estes legisladores de braços cruzados totalmente inoperantes no que diz respeito ao assunto – não se trata de acusá-los de irresponsáveis com suas tarefas em geral, mas sim e com flagrantes diários, com o assunto – imigração, que apenas opinam verbalmente e o fazem de forma tão simplista, que beira o absurdo do desinteresse, em alguns casos.

Não mexem uma palha para ajudar a nação e pressionam o serviço de imigração que trabalhe duro, que cumpra as leis; assim é fácil, eles têm os recursos necessários para resolver o problema, mas preferem não fazer nada e ficar apontando erros.

No entanto, os opositores de qualquer reforma acham que não se pode beneficiar quem já está indocumentado. Porém, a falta de leis que permitam a legalização de imigrantes, já é uma ilegalidade que gera outras ilegalidades.

O que presencia de fato não são pessoas ilegais trabalhando nos Estados Unidos o que se vê na verdade, são os criadores de leis, deixando de legislar e com isto, fazem um papel contrário, sendo os responsáveis diretos por tantos indocumentados. Agem passivamente na hora de legislar, mas são diligentes na hora de apontar erros e falhas, e, sobretudo, em cobrar atitude das autoridades imigratórias, e bradar contra os trabalhadores, chamando os de ilegais.

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A agricultura é um dos setores mais atingidos por causa da falta de documentos hábeis para trabalhadores. Reprodução

Resolver a situação destes trabalhadores que de alguma forma vivem e trabalham nos Estados Unidos, sem causar problemas maiores, que não se envolvem em crimes e que desejam apenas trabalhar honestamente, viver pacificamente, cumprindo com suas obrigações, inclusive pagando seus impostos corretamente, é mais do que fazer justiça, não justiça baseada nestas leis injustas, mas justiça real, em compensar quem só está fazendo bem ao país e que quer continuar vivendo de forma ordeira e legal.

A lei atual que rege a imigração nos Estados Unidos não é adequada para suprir as suas necessidades; e estes são alguns pontos principais:
1. Não protege de forma eficaz os Estados Unidos de ações de traficantes, outros criminosos em geral e principalmente de terroristas, que são alvo principal das autoridades americanas.
Conseqüência – prejuízo para o país – aumento desnecessário da criminalidade e risco iminente de atentados terroristas.
2. Em função dos Estados Unidos ser diretamente dependente da mão de obra do trabalhador imigrante, a lei não tem nenhum dispositivo eficaz que permita pessoas de outros países terem acesso legal ao país para trabalhar em funções que não precisam de qualificação.
Conseqüência – prejuízo para o país – empresas constantemente carentes destes trabalhadores – mesmo com o fluxo imigratório existente – tornando os serviços, deficientes e de má qualidade.
3 – A lei não permite o acesso aos milhões de imigrantes que aqui residem e trabalham nenhum tipo de recurso que permitam regularizar a suas situações.
Conseqüência – prejuízo para o país – trabalhadores estressados com a possibilidade de deportação, com saúde debilitada, em função de não poder ver suas famílias, comprometendo o desempenho deles no trabalho, centenas de milhões de dólares não recolhidos em impostos por estes trabalhadores por falta de lei e gastos desnecessários com assistência social que eles não usariam, se pudessem usar os recursos de seus países de origem.

Uma série de contratempos, que reunidos provocam verdadeiras situações graves gerando prejuízos incalculáveis, tanto para os trabalhadores, como para o sistema; a população, por sua vez, sem entender muito os porquês de determinadas situações, acaba formando opiniões desencontradas, e que são prontamente reverberadas pelos políticos, responsáveis em resolver as situações e esclarecer a esta mesma população a realidade dos fatos.

Como nenhum trabalho desta natureza é de fato realizado, o círculo de desencontros, é infinito, e continua causando os transtornos diários, a todos, população, trabalhadores e sociedade em geral.

Jehozadak Pereira

Jehozadak Pereira é jornalista profissional e foi editor da Liberdade Magazine, da Refletir Magazine, do RefletirNews, dos jornais A Notícia e Metropolitan, do JS News e jornalista da Rede ABR - WSRO 650 AM. Foi articulista e editorialista do National Brazilian Newspaper, de Newark, New Jersey. É detentor de prêmios importantes tais como o Brazilian Press Awards e NEENA - New England Ethnic Newswire Award entre outros