Republicanos, os paquidermes (a)morais

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Curiosamente, o símbolo do Partido Republicano é um elefante, e nada mais retrógrado, atrasado, pesado e rançoso que um elefante. Um paquiderme – nominação que se dá ao elefante – é incômodo e te-lo por perto pode ser simpático num primeiro momento, mas um transtorno depois de algum tempo. Volta e meia tem-se notícia de que algum deles foi esquecido ou abandonado por algum circo de beira de estrada e na Índia eles estão por toda a parte e frequentemente são atropelados por trens nas congestionadas linhas ferroviárias.

Onde colocá-lo então se na maioria das vezes ele sozinho come mais que todos os outros animais juntos? As vezes o elefante grita para chamar a atenção de quem está por perto, as vezes para ganhar um pouco mais de capim. Diz-se que o elefante apesar da cara dócil e um tanto quanto estupidificada não esquece nada. Lembra de tudo o que fizeram para ele.

Assim são os republicanos e os componentes do Tea Party que resolvem atrasar toda e qualquer iniciativa que possa beneficiar alguém que não seja um deles.

Sen. Ted Cruz
Senador Ted Cruz, tem cara de comediante, mas é um dos mais ativos parlamentares ligados ao Tea Party

Meses atrás, liderados pelo senador Ted Cruz, um dos principais radicais que certa feita discursou por 21 horas seguidas para complicar as coisas para a administração Obama, cerca de 45 parlamentares ligados ao Tea Party impuseram a toda uma nação a sua vontade, no caso da implantação da reforma da saúde. Eles queriam dobrar Obama, mas saíram de mãos abanando.

Ted Cruz, que é senador pelo Texas está sempre na busca dos holofotes e para isto não hesita em propor medidas polêmicas e quase sempre contra o governo democrata. Ele é totalmente contra e falando em nome dos seus colegas, diz que não concorda e pronto! Nada vai para a frente por mais prejuízos que isto possa causar ao país e para a política americana.

A verdade é que os republicanos não queriam de modo algum a reforma da saúde e tiveram que engolir a derrota que Obama lhes impôs. Diga-se que tentaram por 42 vezes derrubar a implantação da reforma da saúde, inclusive foram derrotas pela Suprema Corte que considerou-a válida e apta a ser adotada pelo governo. A reforma da saúde pode não ser a ideal, mas sequer os republicanos queriam ouvir falar dela.

Há também as duas derrotas eleitorais que sofreram para o presidente Obama, primeiro com John McCain e depois com Mitt Romney, derrotas que os expôs como retrógrados, atrasados, racistas, milionários, intolerantes e brancos, principalmente na questão da imigração, aliás, está parada na Câmara dos Deputados a proposta de reforma da imigração que foi aprovada a mais de um ano no Senado, mas por não concordarem com a concessão da cidadania para imigrantes eles tratam de empurrar para o mais distante possível a aprovação da lei que vai beneficiar milhões de imigrantes indocumentados.

O que querem os republicanos? O que querem afinal os radicais do Tea Party? Certamente querem fazer um segundo turno das eleições presidenciais com os democratas já que fazem de tudo para prejudicar a sociedade. Obama propôs o controle de armas, eles vetaram; Obama quer a reforma da imigração, eles fazem questão de mostrar que vão implodir a proposta; Obama conseguiu a reforma da saúde? Pois eles fizeram de tudo para impedir a sua implantação.

O que o presidente deve fazer então? Ceder? Não parece em primeira vista que Obama vá fazê-lo. Invocar os poderes que lhe dá a Constituição Federal e fazer valer a sua autoridade também não parece ser do feitio do presidente, e suas declarações na última segunda-feira, fazem crer que desta vez ele vai fazer mesmo o que prometeu anos atrás.

Os republicanos parecem não se cansar de mostrar o quanto são amargurados e rancorosos. Lembram sim o elefante que é o símbolo deles – pesados, idiotizados, furiosos quando são contrariados e ultrapassados na história, no tempo e no espaço. São corpos volumosos, difíceis de carregar e que fazem questão de atravancar o progresso, mesmo que este seja inevitável e premente. Outro dia foram cutucados por Obama porque se recusam a reconhecer a mudança climática e fazem questão de deixar evidente o quanto são atrasados. Quem nega o fenômeno? Os radicais e conservadores republicanos…

Verdadeiros atrasos numa sociedade que não pode perder tempo e dinheiro, mas que é dividida ao meio pelos que querem e pelos que não querem caminhar juntos. Ou seja, dois elefantes jamais passarão juntos numa pequena ponte.

Os republicanos e os radicais conservadores do Tea Party fazem de tudo para atrasar a vida dos imigrantes indocumentados e certamente e mais uma vez serão atropelados pelo burro – o símbolo dos democratas. Aliás, tem gente que prefere um burro que o carregue, a um elefante que o empaque. Que o burro nos carregue de encontro ao nosso sonho…

 

Jehozadak Pereira

Jehozadak Pereira é jornalista profissional e foi editor da Liberdade Magazine, da Refletir Magazine, do RefletirNews, dos jornais A Notícia e Metropolitan, do JS News e jornalista da Rede ABR - WSRO 650 AM. Foi articulista e editorialista do National Brazilian Newspaper, de Newark, New Jersey. É detentor de prêmios importantes tais como o Brazilian Press Awards e NEENA - New England Ethnic Newswire Award entre outros