PEDOFILIA e abuso sexual de crianças – o pior dos flagelos

Preste atenção nas suas crianças

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Invariavelmente o abusador sexual é alguém da família

Nota 
Reportagem publicada em 9 de julho de 2005 na Refletir Magazine de Boston. Os dados de atualização são atuais. O conteúdo relata situações que aumentaram desde então e que continuam nas preocupações das autoridades governamentais no mundo todo.

A arquidiocese de Boston, foi abalada por um escândalo que tinha como protagonista o sacerdote John Geoghan, que era acusado de molestar sexualmente mais de 130 crianças em trinta anos de trabalho em paróquias diferentes. Foi condenado a dez anos de cadeia por um dos crimes e em 2003, foi espancado com brutalidade e assassinado por Joseph Druce, quando cumpria sua pena de prisão, em Shirley, Massachusetts. Por ocasião do seu julgamento descobriu-se que a arquidiocese de Boston, havia gasto cerca de US$ 10 milhões em indenizações com acordos extrajudiciais com outras vítimas de Geoghan.

O caso abalou a comunidade católica nos Estados Unidos e trouxe na sua esteira dezenas de outros casos semelhantes, envolvendo sacerdotes católicos. Nota: recentemente as autoridades da Filadélfia revelaram que padres e religiosos abusaram de mais de mil crianças e jovens, em um dos maiores escândalos sexuais da história.

Recentemente o julgamento de Michael Jackson, revelou detalhes sórdidos das suas predileções sexuais por meninos. Para se ter uma idéia de como as atitudes de Jackson mexeram com a opinião pública, a lei na Califórnia foi modificada a partir de um outro caso rumoroso que o pop star esteve envolvido em 1993, onde um acordo milionário estimado em US$ 25 milhões pôs fim a acusações de Jackson havia molestado sexualmente um garoto. O acordo garantia que os detalhes do caso jamais seriam revelados. A partir dai casos semelhantes não poderiam mais ser objeto de acordos financeiros, e teriam de forçosamente ser levados as cortes. 

Incansável, o promotor Thomas Sneddon, ofereceu acusação contra o cantor, que foi acatada pelo juiz Rodney Melville, da Corte de Santa Maria, na Califórnia. O pretexto para a acusação foi o polêmico documentário “Living With Michael Jackson” – Vivendo com Michael Jackson, do jornalista britânico Martin Bashir, onde o cantor admitia ter dividido a cama com crianças.

O documentário exibido em horário nobre na televisão americana mostrava Jackson ao lado do menino, cuja mãe acusava-o de abuso sexual. A repercussão mundial do julgamento de Michael Jackson, trás a tona os esforços das autoridades do mundo todo contra a pedofilia. Por mais que se cace, prenda, reprima a pedofilia, sempre haverá pedófilos a solta para abusar sexualmente de crianças. Apesar de todos os esforços da promotoria Michael Jackson, foi inocentado de todas as acusações – conspiração, extorsão, seqüestro e abuso, foram as principais – pelo júri composto por oito mulheres e quatro homens – todos brancos. As decisões de inocentar Jackson das dez acusações foram unânimes.

Os rumores de que Jackson é pedófilo circulam há anos, e os advogados de acusação classificaram o cantor de predador e pervertido sexual.

A mãe do acusador de Jackson foi mostrada como uma oportunista que se aproveitou da ingenuidade do cantor para tirar proveito de uma situação – a de que seu filho que sofria de câncer na ocasião dos supostos abusos – e pedir uma indenização milionária, caso houvesse a condenação. Michael Jackson morreu de overdose de analgésicos em 25 de junho 2009.

No começo do mês de junho, a polícia federal brasileira prendeu o engenheiro e professor de artes marciais Anderson Luís Juliano Borges Costa, acusado de ter abusado sexualmente de pelo menos, 20 crianças. A prisão só foi possível depois que a polícia produziu provas suficientes e incontestáveis. O material apreendido na casa do professor é o maior já recolhido no Brasil e um dos maiores em poder de uma só pessoa, no mundo todo. O professor teria produzido, divulgado, trocado e vendido no Brasil e no exterior, fotos e vídeos de atos sexuais com menores de idade. 

Anderson Luiz foi descoberto depois que a polícia espanhola descobriu na internet uma foto dele com uma criança onde aparecia o nome da cidade de Volta Redonda, no estado do Rio de Janeiro ao fundo. Acionada, a polícia brasileira apreendeu os computadores de Anderson, e descobriu mais de um milhão de imagens, de crianças nas mais variadas poses eróticas, e o que mais chocou as autoridades brasileiras foi a constatação de que entre as fotos havia bebês sendo violentados.

A Interpol – que reune autoridades policiais do mundo todo – combate ferozmente a pedofilia e não dá tréguas para a modalidade. A internet é o canal e o meio mais usado para a propagação da rede de pedofilia mundial. Com dinheiro disponível, os praticantes da pedofilia hospedam seus sites em provedores do leste europeu ou do Oriente Médio – em tese difíceis de ser rastreados, e mantidos na sua maioria por profissionais liberais e com recursos financeiros disponíveis para investir, inclusive para apagar seus rastros. O pedófilo é um depravado moral, cuja finalidade é realizar seus desejos e instintos sexuais com crianças.

Entregue pela própria mãe, o belga Marc Dutroux, chefe de uma rede de pedófilos, foi condenado pela justiça, depois do assassinato de duas meninas e do sequestro de outras quatro. Uma delas, Sabine Dardenne foi mantida por mais de 80 dias em cárcere privado no porão da casa de Dutroux, sendo violentada repetidas vezes. Ao ser questionado porque não a havia entregue a outros pedófilos, afirmou ter se afeiçoado a ela, e se o fizesse, ela seria morta. A declaração de que era direito seu violentar e abusar sexualmente de crianças, causou revolta e consternação pública, e dificilmente Dutroux vai escapar da prisão perpétua. Por mais que a ciência tente explicar como funciona a mente de um pedófilo jamais vai conseguir, primeiro por causa da frieza com que comete seus crimes, depois por causa da mente doente e fora da realidade.

Um pedófilo raramente usa da violência para convencer uma criança, valendo-se de artifícios e da linguagem infantil, nos chats de bate-papo na internet, faz-se passar por um coleguinha do menino ou da menina. Segundo a ONG italiana Telefono Arcobaleno, o Brasil ocupa o quarto lugar no ranking mundial dos sites dedicados à pornografia infantil. A entidade trabalha com informações do FBI, da Interpol e de polícias de vários países. Em 2003 – últimos dados disponíveis – eram mais de 17 mil sites na internet, cujos conteúdos eram voltados para a pornografia infantil. Destes números, cerca de 1,3 mil eram brasileiros. 

Outro dado assustador é fornecido pela Interpol, de que a pornografia infantil virtual movimenta cerca de US$ 5 bilhões anualmente. Este número pode dobrar, pois é somente uma estimativa, com base na internet, sem considerar clubes e entidades que reunem pedófilos do mundo inteiro. Os números são terrivelmente assustadores e a prática está longe de ter um fim, pois as autoridades andam no rastro dos criminosos, e tão logo uma rede é descoberta, outras tantas entram em operação. 

Na maioria das vezes o agressor sexual é pessoa do convívio familiar e social da criança.

Maria, descobriu que seus filhos eram fotografados pelo próprio pai que vendia as imagens na internet. A menina com oito anos fora manipulada de tal forma que somente depois de muito custo e insistência da terapeuta admitiu as práticas do pai. A cada seção de fotos a que era submetida ganhava doces, roupas e brinquedos, e era lembrada de que não devia contar nada para ninguém, especialmente sua mãe. Já o irmão de quatro anos era fotografado e filmado desde um ano de idade. Maria descobriu tudo ao acessar um arquivo de fotos que o marido havia esquecido aberto e precisou ser internada por causa do abalo sofrido.

Há casos registrados no mundo de crianças que foram adotadas, sofrerem abusos sexuais por parte de quem as adotou, e que fotos e filmes destas crianças circularam entre pedófilos do mundo todo. Fora do círculo familiar, os maiores violadores são professores, amigos, conhecidos, que tornam a criança cúmplice, imputando a elas a responsabilidade de não contar nada a ninguém. Fisicamente o crime de abuso sexual muitas vezes é difícil de ser evidenciado, restando ao abusado as seqüelas emocionais e psicológicas, que invariavelmente vai carregar pela vida toda.

A igreja católica nos Estados Unidos ao contrário de atitudes que protegeram sacerdotes no passado, afastou sacerdotes e funcionários com suspeita de envolvimento em casos de pedofilia; colaborou com as autoridades; indenizou vítimas e demonstrou que está disposta a extirpar de vez do seu meio quem comete este crime. Não é tudo, mas pelo menos é o princípio de um caminhar que tem de abranger toda a sociedade de um modo geral. O necessário é que haja uma mobilização mundial que prenda, julgue e tranque na mais profunda masmorra quem é pedófilo e pervertido sexual, e que as nossas crianças, adolescentes e jovens sejas protegidas definitivamente contra esta perversão cruel e profundamente odiosa e repulsiva.

• Desconfie de amizades repentinas de seus filhos com pessoas mais velhas;
• Questione presentes e valores em dinheiro que seus filhos ganhem sem motivo aparente;
• Não deixe seus filhos a sós com pessoas que demontrem carinho e atenção excessivos;
• Fique atento a mudanças bruscas de comportamento dos seus filhos, especialmente choro, agressividade e introspecção – estas características podem significar problemas;
• Verifique as páginas e sites visitados por seus filhos na internet;
• Verifique arquivos e e-mails trocados por seus filhos;
• Verifique de há sinais de sangue nas roupas íntimas dos seus filhos;
• Se tiver dúvidas de que seus filhos estão sendo abusados emocional e sexualmente, busque ajuda especializada, inclusive das autoridades policiais;
• Proteja, ampare e ame seus filhos se eles forem abusados ou molestados. É a melhor forma de minorar o sofrimento.

Dados atualizados sobre abuso sexual infantil
As informações são do National Sexual Violence Resource Center (NSVRC)

  • Uma em cada quatro meninas e um em cada seis meninos serão abusados sexualmente antes de completarem 18 anos de idade;
  • 30% das mulheres tinham entre 11 e 17 anos no momento da primeira violação sexual;
  • 12,3% das mulheres tinham 10 anos de idade ou menos no momento da primeira violação;
  • 27,8% dos homens tinham 10 anos de idade ou menos no momento da primeira violação sexual;
  • Mais de um terço das mulheres que relatam ter sido estupradas antes dos 18 anos também sofrem estupro quando adultas;
  • 96% das pessoas que abusam sexualmente de crianças são do sexo masculino, e 76,8% das pessoas que abusam sexualmente de crianças são adultos;
  • 34% das pessoas que abusam sexualmente de uma criança são familiares da criança;
  • Estima-se que 325.000 crianças por ano correm o risco de se tornarem vítimas de exploração sexual infantil comercial;
  • A idade média em que as meninas se tornam vítimas da prostituição é de 12 a 14 anos, e a idade média em que os meninos são vítimas de prostituição é de 11 a 13 anos;
  • Apenas 12% dos abusos sexuais contra crianças são denunciados às autoridades.

Imagens meramente ilustrativas

Jehozadak Pereira

Jehozadak Pereira é jornalista profissional e foi editor da Liberdade Magazine, da Refletir Magazine, do RefletirNews, dos jornais A Notícia e Metropolitan, do JS News e jornalista da Rede ABR - WSRO 650 AM. Foi articulista e editorialista do National Brazilian Newspaper, de Newark, New Jersey. É detentor de prêmios importantes tais como o Brazilian Press Awards e NEENA - New England Ethnic Newswire Award entre outros