Pais autoritários e filhos birrentos

Um assunto delicado e necessário de ser debatido

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É sempre bom lembrar que manda quem pode e obedece quem tem juízo. Ilustração

O assunto é polêmico mas muito importante onde cada um deve olhar para si e seu âmbito familiar para então poder qualificar e quantificar o índice representativo. Vou iniciar falando da palavra autoritário, que tem sua origem no latim AUCTORITAS+ARIO. Auctoritas – vem do verbo augere, que significa fazer crescer, aumentar, donde vem também autor, com o sentido de aquele que faz crescer, aquele que produz e, consequentemente, autor de uma obra artística ou literária – significa cumprimento, realização, aquilo que tem autoridade ou constitui prova, o que serve de modelo, e pode ter sentido jurídico, mas, no nosso contexto, tem a ver com excelência pessoal e força intelectual e moral de atração, de congregação e orientação. 

Logo, autoritário pode ser entendido como o que se pode referir a autoridade. Que se baseia na autoridade; que utiliza a imposição e o poder para governar: presidente autoritário. Que incita respeito; que impõe obediência; impositivo: questionou o funcionário de modo autoritário. Que tem o autoritarismo como base; que se utiliza do autoritarismo para governar; despótico. Mas faz-se necessário saber ser e quando ser e em especial como demonstrar e qual a dose exata para situação vivida. Digo isto porque quero trazer uma afirmativa que diz que: ‘pais autoritários são mais propensos a criarem filhos delinquentes’. 

De acordo com uma pesquisa da Universidade de New Hampshire (UNH), publicada no “Journal of Adolescence”, pais altamente controladores, autoritários e explosivos são mais propensos a criarem filhos delinquentes.

Segundo o estudo, realizado desde 2007 com estudantes de ensino fundamental e médio, há uma diferença no tipo de autoridade que os pais impõem dentro de casa, classificados como: exigentes, autoritários e permissivos. Em nota sobre a pesquisa, Rick Trinkner, doutorando da UNH e um dos responsáveis pelo estudo, diz que o estilo de educação dos pais pode interferir na visão e no comportamento de seus filhos. ‘Os adolescentes que percebiam os pais como autoridades legítimas são menos propensos a terem comportamentos delinquentes’.

Um dos fatores apresentados valida que os pais autoritários são pouco receptivos. As regras são estabelecidas sem  explicações ou chance de argumentação. Nesse caso, espera-se que as regras sejam obedecidas sem contestação. O resultado é a criação de filhos menos auto-suficientes, descontentes e sem noção de autocontrole. Ser autoritário não é o mesmo que ser controlador pois a palavra por si so se explica: que, ou aquele que controla, que exerce controle. Aquele que  controla a dor: Controlar + dor. Para controlar algo ou alguém é necessário estar acompanhando este algo ou alguém de maneira pontual atenta e cuidadosa. Este sim e um olhar de pai que realmente não visa mas cuida e alerta.

Segundo a pesquisa, os resultados mostram que criação de legitimidade dos pais é uma técnica para que os adultos tenham controle sobre seus filhos. Além disso, pais exigentes possuem mais chances de serem obedecidos do que os autoritários ou permissivos – nesse caso ocorre o efeito contrário: os filhos tendem a minar a autoridade paterna sendo mais rebeldes. Quando as crianças consideram seus pais autoridades legítimas, eles passam a confiar legitimamente pois sentem que têm a obrigação de fazer o que eles mandam. Esse é um atributo negativo para qualquer figura de autoridade. 

Já o pai que controla não precisa usar um sistema de recompensa e castigo para regular o comportamento dos filhos, sendo mais provável que eles sigam as regras quando os pais não estejam presentes fisicamente, pois aprendem absorvem e não são obrigados mas sim abrigados no amparo, diálogo franco e compreensão dos fatos, assim pais e filhos trocam experiências e se complementam gerando uma interação saudável.

É possível validar que pais controladores, são, também, calorosos e receptivos às necessidades de seus filhos. Eles conversam abertamente, explicando os limites e regras estabelecidas. De acordo com o estudo, pais com essas características criam crianças auto-suficientes, contentes e com autocontrole.

Em suma, pais somente autoritários acabam não estabelecendo limites, e muito menos receptividade às necessidades de seus filhos. O autoritarismo não fixa respeito pelas regras estabelecidas, e sim medo delas, fator este que faz com os filhos não venham a sentir que seus pais estão realmente presentes, muito menos  possuem alguma autoridade real. Isso faz terem mas de serem delinquentes futuramente por esse motivo futuramente com certeza sentiram a falta de uma relação paternal que os tivesse guiado.

Por outro lado os filhos de pais controladores exigentes no cumprimento de cidadania da educação ambos baseados no respeito, irão agradecer a relação paternal pela qual foram guiados.  

Eliana Pereira Ignacio

Eliana Ignacio é Psicóloga formada pela PUC - Pontifícia Universidade Católica – com ênfase em Intervenções Psicossociais e Psicoterapêuticas no Campo da Saúde e na Área Jurídica. É especializada em Dependência Química pela UNIFESP Escola Paulista de Medicina em São Paulo, Unidade de Pesquisa em Álcool e Drogas; especializada em Atendimento Familiar pelo Grupo Mineiro de Psicologia Humanista. IFL - Instituto Fraternal de Laborterapia em São Paulo. Psicoterapia - Holística. FEBRACT- Federação Brasileira das Comunidades Terapêuticas. DENARC Departamento de Investigação sobre Narcóticos. Conselheira junto ao núcleo de Psicologia Social e Políticas Públicas do Alto São Francisco. Conselheira junto ao SENAD - Secretaria - Nacional de Políticas sobre Drogas - Governo Federal.

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Eliana Pereira Ignacio
Eliana Ignacio é Psicóloga formada pela PUC - Pontifícia Universidade Católica – com ênfase em Intervenções Psicossociais e Psicoterapêuticas no Campo da Saúde e na Área Jurídica. É especializada em Dependência Química pela UNIFESP Escola Paulista de Medicina em São Paulo, Unidade de Pesquisa em Álcool e Drogas; especializada em Atendimento Familiar pelo Grupo Mineiro de Psicologia Humanista. IFL - Instituto Fraternal de Laborterapia em São Paulo. Psicoterapia - Holística. FEBRACT- Federação Brasileira das Comunidades Terapêuticas. DENARC Departamento de Investigação sobre Narcóticos. Conselheira junto ao núcleo de Psicologia Social e Políticas Públicas do Alto São Francisco. Conselheira junto ao SENAD - Secretaria - Nacional de Políticas sobre Drogas - Governo Federal.