Como obter uma indenização por acidente ou dano

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A texana Julie é casada em segundas núpcias com o brasileiro Oswaldo, um catarinense que imigrou para os Estados Unidos no final da década de 80. Eles se conheciam, pois congregam na mesma igreja, e resolveram se casar depois que Albert, o primeiro marido de Julie morreu em decorrência de um ataque cardíaco. Albert, era um atleta de final de semana e foi numa corrida nas imediações da sua casa que sentiu faltar o ar e foi ao hospital depois de algumas horas. Foi diagnosticado de um problema qualquer e o médico que o atendeu não pediu os exames específicos para determinar qual era de fato o seu problema.

Ele estava infartando e o médico não se deu conta disto, e no domingo pela manhã Albert morreu na ambulância que o levava de volta ao hospital. Constatado o erro médico, Julie contratou um advogado especialista em erros e imperícia médica e levou o caso a corte da cidade. O hospital e o médico foram condenados a pagar indenização a Julie e seus dois filhos.

O caso de Julie foi fácil provar porque Albert tinha todos os sintomas de quem estava infartando, e nem assim o profissional que estava entretido com um jogo de beisebol atentou para o fato, e o próprio hospital admitiu a culpa e a negligência. Mas, o que fazer em caso de erro ou negligência médica?

Não se intimidar, como foi o caso de D. Amélia que por causa de um erro médico teve de amputar o pé direito. No hospital falaram que ela seria deportada se procurasse a justiça e a pressionaram a assinar um documento cujo conteúdo ela jamais soube qual era e fragilizada, desgostosa e desiludida voltou para o Brasil, sem reclamar aquilo que teria direito. A intimidação é uma arma muito usada para coagir as vítimas de erros a não processar quem causou o prejuízo.

Independentemente da situação legal ou do status imigratório qualquer vítima tem o direito de pleitear na corte qualquer indenização ou reparo financeiro. Junte documentos, provas, evidências, comprovantes, recibos, testemunhas, a exemplo do que fez Flora, uma mexicana que durante meses foi assediada por seu superior imediato. Ela teve o sangue frio necessário para resistir às investidas do homem, e conversando com suas colegas de trabalho descobriu que elas também eram assediadas.

Anos atrás um grande escritório de advocacia de Chicago, publicou editais nos maiores jornais americanos em busca de mulheres que em determinado período tivessem trabalhado numa grande rede de supermercados e que foram assediadas moral e sexualmente.

Contrataram um advogado, que se encarregou de orientá-las adequadamente e como a empresa se recusou a qualquer tipo de acordo, levaram o caso à corte que diante das provas contundentes condenou a empresa a indenizar as funcionárias.

Processos coletivos são na sua maioria passíveis de êxito, como o que hemofílicos americanos moveram contra empresas, laboratórios e hospitais e cujas sentenças obrigaram-nas a pagar cerca de US$ 100 mil a doentes que contraíram hepatite e Aids, em decorrência de transfusões de sangue. O processo foi todo patrocinado por um escritório de advocacia de New York, e permitiu que hemofílicos do mundo inteiro – inclusive brasileiros recebessem também indenizações.

Se você tem dúvida se foi vítima de qualquer tipo de erro, procure ajuda especializada com advogados que podem ser encontrados na internet, nas páginas amarelas e na comunidade existem escritórios capacitados e habilitados. Normalmente as consultas são gratuitas e você não vai precisar pagar nada adiantado. Desconfie de quem faz promessas absurdas e não se intimide com pressões ou cara feia de quem prejudicou você. Consulte sempre um advogado especializado no tipo de processo que você queira pleitear. Antes de assinar qualquer documento a dano ou dolo que tenha sofrido consulte antes um advogado.

Não busque vingança, busque reparação. Tenha paciência pois o processo pode levar anos, seja frio e calculista; tenha em mente que por mais alta que seja a indenização pleiteada e eventualmente recebida, não vai pagar o seu constrangimento, dor, vergonha ou humilhação.

Também não se sinta constrangido em buscar reparação financeira, pois aqui na América injúria, erro, dolo, prejuízo se recompensa com dinheiro, de preferência muito dinheiro.

 

Jehozadak Pereira

Jehozadak Pereira é jornalista profissional e foi editor da Liberdade Magazine, da Refletir Magazine, do RefletirNews, dos jornais A Notícia e Metropolitan, do JS News e jornalista da Rede ABR - WSRO 650 AM. Foi articulista e editorialista do National Brazilian Newspaper, de Newark, New Jersey. É detentor de prêmios importantes tais como o Brazilian Press Awards e NEENA - New England Ethnic Newswire Award entre outros