Crise sem fim
A atropelada que o Flamengo tomou do Internacional no final de semana fez a diretoria ligar o sinal de alerta e despachar o apático Ney Franco que depois que saiu do São Paulo não conseguiu ainda emplacar um bom trabalho e parece cada vez mais distante dos grandes clubes brasileiros. Já a diretoria flamenguista não parece ter se arrependido de ter mandado embora o técnico Jayme de Almeida que fez um bom trabalho por lá tendo ganhado a Copa do Brasil. O Flamengo que tratou de ressuscitar o quase aposentado e defasado Vanderlei Luxembugo não se emenda e enfileira um técnico atrás do outro e nos últimos tempos passaram por lá bons treinadores, o que demonstra que o problema está fora do campo, em dirigentes retrógrados e ultrapassados – o que é regra geral no futebol brasileiro.
Saco sem fundo
Em 2011 o Flamengo devia R$ 355 milhões, em 2012 a dívida foi a estratosféricos R$ 803 milhões e em 2013 era de R$ 757 milhões. O clube deve por exemplo para o Atlético de Madrid pela compra de Carlos Gamarra em 2000. A passagem do zagueiro paraguaio pela Gávea durou um ano, 30 jogos e 1 gol e logo ele se foi para a Grécia. A dívida foi parcelada em módicas 12 prestações totalizando R$ 4,8 milhões que não se sabe se foram quitadas. Tem a dívida impagável e com uma fila enorme de ex-jogadores, ex-técnicos e que não se sabe ao certo quanto é na realidade.
Endêmico
Quanto vale a camisa do Flamengo? Não, não é o modelo atual, mas sim o peso da tradição e da história do Flamengo. Por exemplo, o Flamengo não fica devendo nada a Manchester United, Barcelona, Real Madrid, Milan, Juventus ou qualquer outro gigante da Europa, a não ser na forma de administração retrógrada, atrasada, passional e amadora. A diferença é conceitual, pois os clubes europeus são empresas que têm satisfações a dar aos seus acionistas, enquanto que nos clubes brasileiros quem dirige pouco se importa com explicações pois jamais tem que prestar contas dos seus mandos e desmandos. Além do que na maioria das vezes quem dirige são torcedores apaixonados. Uma frase lapidar de Vampeta mostra como funcionam as coisas no Flamengo. Quando foi contratado junto a Internazionale de Milão e depois de meses jogando mal e tropeçando na bola, disse que o Flamengo fingia que o pagava e ele fingia que jogava…
Demorando para aprender
Enquanto os grandes clubes brasileiros, incluindo o São Paulo não profissionalizarem as suas administrações o caos financeiro vai continuar, pois na maioria das vezes o presidente eleito se cerca de gente de currículo pobre e cujo único mérito é ser torcedor. Um exemplo claro disto é o Vasco da Gama que tirou Eurico Miranda e colocou Roberto Dinamite que prometeu revolucionar o clube. Até agora não se viu nada diferente do que Eurico não vinha fazendo nos últimos anos, e para piorar o clube perdeu a força nos bastidores e de quebra caiu para a Série B em 2009 e 2013. Ou seja, os vascainos trocaram o famoso seis pelo célebre meia dúzia. Se fossem organizados e estruturados, os clubes brasileiros com as torcidas que possuem seriam imbatíveis, inclusive financeiramente em qualquer lugar do mundo.
Provisão
No Brasil devia acontecer o mesmo que acontece na Itália e na Inglaterra onde um clube é impedido de fazer qualquer contratação se tiver dívidas com ex-jogadores e as federações locais exigem garantias de que o que foi combinado vai ser cumprido integralmente, o que não acontece no Brasil, e talvez por isso é que os clubes estão na situação de petição de miséria que se encontram. Como são na sua maioria administrados por amadores, quando estes cumprem os seus mandatos e se vão – quando vão – as dívidas ficam penduradas para os seus sucessores, que por suas vez tratarão de fazer novas contas e assim caminha a mediocridade…
