PADRE brasileiro tem saída antecipada de paróquia e fieis protestam

A saída do Padre Paulo Barbosa foi antecipada em três meses e a medida provocou protestos dos fieis

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Uma crise envolvendo o afastamento antecipado do Padre Paulo Barbosa (fotos da capa e de compartilhamento) da frente da comunidade católica brasileira que congrega na St. Francis Xavier em Hyannis, abriu uma crise com o Bispo D. Edgar Moreira da Cunha e a Diocese de Fall River, Massachusetts.

Há alguns meses, o Padre Paulo enviou cartas e e-mails ao bispo D. Edgar relatando as dificuldades e o descaso da Diocese de Fall River com o ramo brasileiro na paróquia, que reune cerca de 500 pessoas e que estava cansado do atual modelo de igreja e que por isso iria sair, delimitando a data em dezembro passado. As outras comunidades que se reunem na Igreja são americanos e hispânicos.

Dom Edgar teria pedido então que Padre Paulo permanecesse até o final de maio de 2018, e no fim de semana passado em meio a missa dominical, através de um emissário comunicou à comunidade que o sacerdote permaneceria até o dia 28 de fevereiro, data em que deve deixar inclusive a casa paroquial, o que revoltou os fieis que não querem a sua saída.

Em junho de 2016, Padre Paulo Barbosa atendeu o pedido do próprio D. Edgar para assumir a comunidade brasileira que se reune na Igreja em Hyannis. Padre Paulo, afirmou que assumiria com a condição de que não seria empregado de um padre americano. “Nunca houve um diálogo entre os padres e a comunidade brasileira, representada na minha pessoa. Eles nos consideram como cidadãos de segunda classe, e usamos tudo o que eles não usam. Não somos parte integrante de nada, estamos a margem de tudo. A conta bancária é conjunta e nunca vi um balancete ou prestação de contas, colocamos no caixa da paróquia cerca de US$ 220 mil desde que assumi e o meu salário e o plano de saúde que tenho custou cerca de US$ 40 mil neste mesmo período, sendo que não recebo igual aos outros padres e também não tenho os mesmo direitos. Há um benefício que se chama pensão sacerdotal e os brasileiros não recebem, com o argumento que não são formados aqui ou de responsabilidade da Diocese, porém não há nenhum impedimento legal para que não seja extendido para nós. O brasileiro enfrenta desafios na sociedade e mesmo gerando renda é tratado como uma pessoa de segunda classe, e na igreja o desafio é ser reconhecido como cristão pleno. Tudo o que a gente faz aqui na paroquia nós pagamos para usar. Não há nenhum benefício, mesmo tendo gerado renda para o caixa”, afirma o Padre Paulo.

Padre Paulo ressalta que em momento algum houve qualquer diálogo com o Bispo D. Edgar e que por causa disto decidiu que não podia continuar à frente da comunidade católica brasileira na Igreja St. Francis Xavier. Anteriormente, Padre Paulo serviu como vigário paroquial por 11 anos em Fall River. “Depois de 11 meses na comunidade, sem ouvir uma palavra do bispo, sem nenhuma reunião na Paróquia, inclusive para me passar as chaves e códigos para diversos fins, sem nenhum planejamento ou reflexão sobre a realidade de uma Paróquia Partilhada, no caso, Saint Francis em Hyannis, eu decidi que era tempo de caminhar em outra direção. Como disse, não iria desperdiçar tempo e energia batendo em um muro solidamente construído quando havia passagens abertas e também porque as minhas preocupações não faziam parte do horizonte de preocupações da Diocese, que olha o serviço sem consideração com as pessoas”, continua o Padre Paulo em um e-mail enviado a D. Edgar no dia 4 de abril de 2017.

As reclamações dos paroquianos são muitas e passam pela chegada do Padre Paulo a Hyannis. A reportagem do blog teve acesso aos e-mails e cartas enviadas ao Bispo Edgar (que nega tê-las recebido), pelos paroquianos com elogios e recomendações ao Padre Paulo. “O Padre Paulo foi literalmente jogado aqui sem uma apresentação por parte da Diocese e neste tempo ele trabalhou arduamente para trazer de volta pessoas que estavam afastadas da igreja, ele trabalhou com as famílias, na prevenção do alcoolismo, das drogas, da unificação das famílias e uniu os católicos. Todas as semanas, damos os nossos dízimos e ofertas, mas costumeiramente temos que fazer marmitas e arrecadar fundos para ajudar àqueles que estão necessitados. Descontente com os rumos das coisas na paróquia, o padre Paulo escreveu cartas ao D. Edgar, que ignorou tudo o que ele relatou e usou as últimas frases escritas pelo padre e resolveu afasta-lo no último fim de semana, quando um padre americano interrompeu a missa para ler o comunicado”, disse Raffaella Almeida, que foi uma das paroquianas que enviou cartas e e-mails a D. Edgar.

O blog enviou um e-mail com perguntas pertinentes a D. Edgar que as respondeu e que estão a seguir:
Por que o padre Paulo Barbosa foi afastado das suas funções eclesiásticas à frente da comunidade brasileira?
Porque ele mesmo pediu para sair.
A comunidade brasileira que frequenta a igreja foi consultada acerca do afastamento do padre Paulo Barbosa?
Como foi ele quem pediu essa pergunta não se aplica.
Informações obtidas junto aos paroquianos dão conta de que cerca de 50 cartas foram enviadas ao senhor com reivindicações de melhorias e atenção. Quais foram as suas providências?
Não recebi essas cartas, e como a iniciativa veio do Padre Paulo, ele mesmo poderia ter explicado a comunidade a decisão que tomou. Desconheço esses pedidos.
Existe a possibilidade de que o senhor reconsidere o desligamento do padre Paulo Barbosa?
Eu acatei o pedido dele.

O Bispo Edgar Moreira da Cunha, anexou ao e-mail o comunicado acerca do afastamento do Padre Paulo Barbosa.

Indignados os paroquianos brasileiros da St. Francis Xavier criaram um abaixo assinado online, onde pedem ao Bispo D. Edgar a permanência do Padre Paulo Barbosa. O documento pode ser acessado clicando aqui. Até o fechamento desta reportagem, 286 pessoas haviam assinado a petição. Paroquianos da St. Francis Xavier planejam um protesto na noite de sábado, 24, em uma missa em Fall River.

Fotos: reprodução redes sociais

Jehozadak Pereira

Jehozadak Pereira é jornalista profissional e foi editor da Liberdade Magazine, da Refletir Magazine, do RefletirNews, dos jornais A Notícia e Metropolitan, do JS News e jornalista da Rede ABR - WSRO 650 AM. Foi articulista e editorialista do National Brazilian Newspaper, de Newark, New Jersey. É detentor de prêmios importantes tais como o Brazilian Press Awards e NEENA - New England Ethnic Newswire Award entre outros

10 COMMENTS

  1. Realmente é lamentável o descaso e Covardia do Dom Edgar perante as cartas. A minha carta foi enviada, e não terei o menor problema em reinivia-la, para Dom Edgar e qualquer outra pessoa. Tenho como comprovar que meu email foi mandado para o e-mail particular do Dom Edgar….

  2. Engracado, o que faz um Padre ser diferente de todos os que estao aqui que vem de outro pais? Que “nao aceita trabalhar para americano”. Entao esta na hora de abrir sua propria igreja! Junte se a Matinho Lutero.

  3. Não apoio a atitude deste bispo, pois é tão difícil para nós imigrantes nesta terra onde sentimos falta da nossa cultura, e quando temos um padre com grande sabedoria, e boa vontade para servir a nós cristãos católicos em nosso idioma vem alguém que se julga muito superior que esquece de onde nasceu e faz está covardia, pelo jeito ele não quer padres brasileiros e que nós fiquemos sem uma missa com calor humano brasileiro.
    Que Deus nos proteja e que Nossa Senhora interceda. Fiquem com Deus.

  4. O ser humano nunca esta satisfeito, nao pode trabalhar para americano, ganha US$40 mil. Quero ver la no Brasil ele ganhar R$130 mil, q sao mais de R$10 mil por mes e ainda ter seguro de saude! E fica degradando a imagem da igreja! Quaresma, oracao, jejum, humildade, ja nao existe mais.

  5. Prezada Gabriela, pelas suas palavras, você deve estar acostumada a se rebaixar para outras pessoas e aceitar, pois não é assim que funciona, a igreja católica não possui donos, muito menos é uma instituição de fins lucrativos, todo o patrimônio “Mundial” pertence à religião e deve ser usada pelos seus fiéis…. diferente de igrejas evangélicas, onde algumas possuem donos, inclusive proprietários de prédios, doutrinas ….. a igreja está ali para ser usada e usufruída, pelas pessoas da religião, então não deve haver discriminação, porque os padres americanos possuem mais baneficios que os demais padres? Nenhum padre está ilegal no país, estão aqui para exercer a mesma atividade, inclusive deveria ser melhor tratado pois está colhendo fiéis que falam outras línguas, das quais os próprios padres americanos não são capazes de interagir e coletar essas ovelhas …. possíveis ovelhas perdidas ….

  6. Prezada Gabriela, como eu disse e o Thiago, que não conheço mas já respeito… a igreja católica não tem dono e não visa lucros, como outras doutrinas… não venho aqui denegrir e julgar ninguém e nenhuma religião, porque temos o livre arbítrio de decidir a que doutrina queremos seguir. TODOS nós merecemos e devemos ser tratados com respeito e igualdade… não se esqueça que o salário do padre é em dólar, assim como suas respectivas despesas.. que por sinal não são poucas, principalmente quando não os são confiados seus direitos… nenhum padre é empregado de outro padre, e não são donos da igreja, por isso acho inválido o seu comentário infeliz onde sim vc esta denegrindo a imagem da igreja pré julgando seus irmãos… realmente muitas pessoa precisam rever seus conceitos sobre a Quaresma e reflexão.

  7. Caro Thiago, pela suas palavras vc eh uma pessoa bem proxima ou o proprio padre. Nao, nao sou acostumada a me rebaixar para outras pessoas, mas fui HUMILDE suficiente para tirar meus diplomas de uma parede e colocar em uma pasta e pegar meus filhos e imigrar para outro pais a procura de uma seguranca maior para eles. E isso que passo para eles, HUMILDADE, estamos em um pais com costumes e referencias diferentes da nossas. Muito obrigada pela sua explicacao, conheco a Hierarquia da Igreja Catolica e sou uma simples “laos theon”. “O clergio tem obrigacao especial de prestar reverencia e obediencia ao Sumo Pontifique e ao Ordinario proprio CAN. 273. Para que o padre possa exercer o seu ministerio, devem estar em comunhao com o seu bispo CIC s1567. Thiago, mencionei somente oque estava no texto “nao aceito trabalhar para padre americano”. Com certeza, nao eh um simples, humilde padre, mas com acesso a eletronicos de ultima geracao, deve ter casa propria e nao somente morar na casa paroquial e com certeza tem carro de passeio e nao satisfeito com tudo q tem, precissou criar frustacoes para chamar atencao.Nao posso continuar, meu dever a trabalho para americano, me chama.

  8. Benquisto Evelyne, concordo plenamente com vc, principalmente que devemos rever os conceitos sobre o tempo da Quaresma, principalmente quando nos referimos a um Episcopus. “Texto fora do contexto eh pretexto para uma heresia”

  9. Que Deus tenha compaixao e misericordia de todos nós e que seu espirito santo possa iluminar a todos e acima de tudo a vontade de Deus permaneça sempre em nossas vidas.
    “E consideremos uns aos outros para nos incentivarmos ao amor e às boas obras. Não deixemos de reunir-nos como igreja, segundo o costume de alguns, mas procuremos encorajar-nos uns aos outros, ainda mais quando vocês veem que se aproxima o Dia.
    Hebreus 10:24-25”

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