Ontem eu tive um sonho

Apenas um sonho...

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Um sonho bom nu ca deveria ter um fim. Foto: Boston Garden/Jehozadak Pereira - MNUSA

Não, não se trata de uma revelação espiritual, como se vale a maioria dos líderes religiosos para validar suas opiniões. Nem tampouco foi um encontro do meu subconsciente com os desejos mais profundos da minha alma expressados no momento do repouso. Foi apenas um sonho, um sonho acordado, um sonho diurno, um sonho, apenas isto um sonho. Sonho de ver algumas coisas em ordem na minha vida, sonho de ver nossa comunidade ser tratada de forma mais digna, mais respeitada, sonho de ver os valores do Evangelho encontrar espaço no coração de pessoas singelas e desejosas de compartilhar sua fé com os outros. Apenas um sonho. 

O interessante é que eu sonhei enquanto dirigia. Sonhei olhando a paisagem ao meu redor, sonhei contemplando as ruas e pessoas no centro da cidade onde exerço meu ministério, apenas um sonho. De repente ouvi, não em meus ouvidos, mas aquela voz que você tem certeza que ouviu só não sabe onde. Ouvi uma repreensão: pare com este sonho. Sonhar acordado é coisa de menino ou de débil mental. Sonhar acordado é coisa de louco ou de desocupado. Pare de sonhar. Caia na realidade, volte para a vida. Por um instante me fugiu o sonho, percebi que a minha mente ficara vazia, clara, limpa, mas com esta clareza e percepção parece que havia perdido um pouco o sentido do que é a vida afinal. Enquanto sonhava sentia todas as emoções do que se passava ao meu redor, do cheiro do ar ao burburinho das vozes. 

Conseguia visualizar a concretização de projetos e sentia a alegria do meu coração ao contemplar a possibilidade de novidades se tornarem fatos concretos. Pensei, será que estou ficando maluco? Será que esta coisa de sonhar acordado é mesmo coisa de gente descompensada? Mas por coincidência me lembrei do que escreveu o poeta latino Horácio, “Um cidadão conhecido da cidade de Argos costumava imaginar que assistia às mais espetaculares representações dramáticas enquanto permanecia sentado, a sós, no teatro vazio, rindo, aplaudindo e divertindo-se animadamente. No mais, ele cuidava perfeitamente bem dos seus afazeres, era bom vizinho, anfitrião generoso, amável com a esposa, indulgente com os serviçais, uma pessoa que não se enfurecia se quebrassem uma garrafa e que sabia evitar um precipício ou um poço destampado. Graças aos cuidados dos parentes e ao uso de medicamentos, ele foi finalmente curado. Mas quando o remédio poderoso já tinha feito a sua parte, expelindo os fluidos nocivos, e ele estava recuperado, ele protestou: Por Pólux! “vocês me arruinaram meus amigos”. De modo algum me salvaram, arrancando-me a alegria e esforçando-me a renunciar à encantadora ilusão de meu espírito”. 

Sonhar é preciso. É como disse Victor Hugo “um sonho, utopia hoje, realidade amanhã”. Ou o poeta em forma de música eternizada na voz dos Beatles “posso ser um sonhador mas não sou o único, tenho esperança que um dia você se junte a nós e o mundo seja um lugar melhor”.

Ontem eu tive um sonho… espero ter outro hoje.

Manoel Oliveira

Manoel Oliveira, D.Min, é pastor Presbiteriano ligado à P.C.A. Plantou e pastoreia desde 1999 a New Life Church em Framingham, Massachussets, USA. É casado com Ana Célia e pai de Sarah e Pedro. Conecte-se com o pastor Manoel Oliveira nas redes sociais: Facebook: fb.me/prmanoeloliveira Instagram: instagram.com/manoeloliveiranlc Youtube: youtube.com/c/prmanoeloliveira [...]