É muito comum depois de alguns anos da realização do casamento, os cônjuges descobrirem que estavam enganados. Ela, aos olhos dele, não é aquele ‘anjo’ com o sagrado dom de lhe proporcionar toda a felicidade possível neste mundo de Deus. A magia se foi, revelando apenas a mulher comum e imperfeita, ou simplesmente humana. Por sua vez, ela descobre que seu ‘príncipe encantado’ transformou-se num ‘sapo’, ou seja, um homem comum e cheio de defeitos.
A vida a dois, ou melhor, a rotina diária deixa à mostra a verdadeira personalidade de cada um. Não há nenhum mistério ou falsidade, apenas, sendo maior a convivência, há tempo de se observar a reação de cada cônjuge diante da guerra da sobrevivência. Antes do casamento, a doçura, a delicadeza, o carinho, o perfume gostoso, o vestuário elegante, o cuidado com a aparência. “Que maravilha, foram feitos um para o outro!”
As explosões de mau humor, a insatisfação com o trabalho, o tédio, a falta de dinheiro e tantas outras queixas, eram compartilhados somente com a família para não tirar o encanto dos momentos ao lado da ‘alma gêmea’. Com a união do casal, a vida já não permite subterfúgios. Os problemas, sejam eles quais forem passam a fazer parte do ‘lar doce lar’. A preocupação com a boa aparência passa ser mais perante aos amigos, no ambiente de trabalho e até mesmo quando vai às compras.
Mas, em casa, o que se quer mesmo é ‘liberdade’, e isso implica quase sempre em shorts ‘surrados’, camisetas largas, soltas e desbotadas, chinelos velhos, entre outros ‘acessórios’. À noite, aquela camisola sensual, parece já não fazer sentido, fica a espera de carinhos dele, mas não sem reclamar do terrível dia, do cansaço e do sono que a entorpece. Ele, por sua vez, quando nos limites de seu ‘reino’, além dos trajes assemelhados aos dela, quer desfrutar do seu tempo de folga conferindo sua rede social com os amigos, marcar a saidinha para um papo, tomando aquela ‘loira gelada’, claro falando de futebol e de mulher, não a dele, quando termina ela já dormiu então resta virar para o canto e dormir também.
Nos finais de semana ele abandona o barbeador para repouso da pele, ou demora horas desenhando um novo estilo de barba para apresentar no trabalho na segunda-feira; ela por sua vez, tem unha, cabelo e tudo que não deu para fazer na semana. Talvez este tempo gasto seria o tempo de lazer do casal mas já se foi.
Tudo acaba colaborando para corroer o pacto de amor, aí vem a falta de cortesia, o tratamento grosseiro, a impaciência e principalmente o desrespeito, que, em nome da intimidade, acaba por magoar a ambos, ‘anestesiando’ profundamente o amor. Muitas situações podem interferir no casamento e as mais frequentes são estas, que demonstram falta de comprometimento, falta de consciência de que casar é se unir a uma pessoa que teve uma historia de vida diferente da sua, que mesmo que tenha a maioria dos valores que você tem ainda terá seus próprios valores. O comprometimento poderá tornar-se visível quando cada parte passar a reconhecer que esta união é importante para a estrutura de vida de ambos e que merece esforço para que continue de forma harmoniosa.
Entender que casamento não serve para resolver a vida de uma das partes, mas para complementar e trabalhar pelo bem estar comum em prol da família constituída. Entender que casamento não deve funcionar no sentido de ‘me dê, me ajude, faça por mim’ e sim funcionar no sentido de ‘vamos fazer juntos, pensar juntos e definir o que é importante para todos, afinal casamento também significa casar as mentes; isto é, planejar juntos o rumo ao mesmo objetivo, mesmo que tenha que abrir mão de alguns pontos para criar o objetivo comum.
Uma crise no casamento pode representar o fim de planos, expectativas e projetos de futuro. Algumas pessoas se veem perdidas quando precisam de repensar suas rotinas e prioridades. Mas esta fase pode ser percebida como um momento de oportunidade para se ‘ressignificar e redesenhar’ criando novos planos e estratégias; ou seja retornar à estrada trilhada até então, desfazendo os nós da injustiça, retificando os erros, esquecendo as mágoas, enchendo a vida de sonhos, semeando alegria através do diálogo, da compreensão e do amor, empenhando-se com toda força para reconquistar sua alma gêmea.
Parece algo difícil ou quase impossível, mas basta apenas que haja da mesma forma que agia quando o romance começou, para que a felicidade seja contínua, a cada dia invista todo seu potencial de conquista para “fisgar” o ser amado. Senão procederes assim com certeza, acabarás se conformando e deixando as coisas acontecerem, usando a frase “… afinal, casamento é assim mesmo”.
Este caminho levará certamente à morte do amor e ao fim da união. Portanto, corra em busca de conquistar a verdadeira e eterna felicidade. Brigas, arranca-rabos, cara feia e mau-humor sempre ocorrerão; por isso, de vez em quando é necessário casar-se de novo, mas faça-o sempre com o mesmo par! “Portanto deixará o homem a seu pai e sua mãe, e apegar-se-á à sua mulher, e serão ambos uma carne” – Gênesis 2.24.
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