CONSEQUÊNCIAS do discurso de ódio

Discurso demagógico e falta de propostas caracterizam Jair Bolsonaro

0
4050
Bolsonaro é o mais votado em Framingham

Inegavelmente Jair Bolsonaro é o fenômeno político desta eleição presidencial, embora tenha mais de 30 anos na vida pública com sucessivos mandatos parlamentares, e guardada as devidas distâncias, repete o mesmo discurso populista e de conveniência de Donald Trump que ganhou a eleição nos Estados Unidos em 2016. 

Bolsonaro fala o que parte da população brasileira quer e precisa ouvir mesmo que seja um absurdo, como por exemplo o armamento da população como forma de combate a violência que domina parte do país.

De quebra, Bolsonaro defende a ditadura militar e do alto do seu cinismo, típico dos dissimulados não vê qualquer problema na homofobia, na misoginia e em soluções extremas, como ‘metralhar’ os ‘petralhas’, como afirmou em um discurso no Acre, dias antes de sofrer o atentado em Minas Gerais.

Ao açular o imaginário popular e carregar consigo milhões de pessoas que se enxergam e se encaixam no discurso arrogante, Bolsonaro não podia imaginar que ele próprio seria vítima deste descalabro de coisas. É a tal da lei da semeadura, colhendo o que se planta. Tivesse o agressor uma arma de fogo, que tanto o capitão afirma que vai dar para a população, e a história teria um desfecho mais trágico para o homem que levou ao pé da letra o que diz o candidato. Vê-se que o agressor é um homem perturbado mentalmente, e a menos que esteja dissimulando, deve escapar de uma pena severa pelo crime que cometeu.

É claro que toda a violência, principalmente a praticada contra Jair Bolsonaro deve ser veementemente repudiada e combatida e ele merece todo o respeito como homem, pai de família e cidadão honesto que é.

Mas ao insistir no discurso do ‘nós’ contra ‘eles’, adotado por Bolsonaro a exemplo do que fez e faz o PT o tempo todo – ‘o pobre’ contra ‘a elite’, como faz Donald Trump – ‘o imigrante e os democratas’, devem ser extirpados da sociedade americana, entre outras falas de ódio, a campanha do primeiro colocado nas pesquisas, presta um imenso desserviço para a democracia brasileira.

Discursos de ódio são levados a sério por gente que tem a cabeça fraca ou se acha injustiçado. Um exemplo disto é a maior onda anti-imigração da história dos Estados Unidos, como o ressurgimento de uma direita raivosa, que baba de ódio do imigrante e de qualquer outra minoria a quem consideram como inimigos.

O Brasil saiu da eleição presidencial de 2014 pior do que entrou, com Dilma e Aécio se digladiando o tempo todo e tornando a campanha um show de horrores que vai demorar para ser esquecido. O que dizer então da campanha presidencial de 2016 nos Estados Unidos com suas acusações de fraudes por causa da suposta interferência russa? 

As redes sociais transformaram-se num verdadeiro campo de batalha, onde quem pensa diferente dos devotos de Bolsonaro são xingados, destratados, humilhados e ameaçados. Famílias inteiras estão sendo divididas pela intolerância e desrespeito e nem mesmo os grupos familiares de WhatsApp estão resistindo ao calor das discussões e brigas. Amizades estão sendo rompidas, empregados estão sendo demitidos, e relacionamentos estão a perigo por causa da política, o que é uma pena, pois ao querer impor pela força bruta um candidato e mostrar intolerância com quem pensa diferente muitos cometem desatinos as vezes irreparáveis.

Se Jair Bolsonaro será ou não presidente da república, só as urnas dirão nos dois turnos ou só em um se houver um candidato capacitado para vencer. O certo é que a atual safra de políticos candidatos ao cargo de presidente da república é a pior de todas a história da democracia brasileira, seja por parte da esquerda, seja por parte da direita, seja por parte de algum moderado. Ninguém tem uma solução efetiva para resolver o problema do Brasil, e todas as questões sociais, econômicas, de saúde pública, de educação, de saneamento e outras tantas estão sendo relegadas a planos inferiores e menos votados.

A eleição brasileira, apresar da ruindade e da mediocridade dos candidatos Ciro Gomes, Marina Silva, Geraldo Alckmin, Jair Bolsonaro e Fernando Haddad para ficar nos mais evidentes vai coroar o menos ruim entre todos eles.

Seja qual for o resultado da eleição, o Brasil dará um passo em direção ao atraso, a arrogância, ao despreparo e à falta de de melhores opções. Deus tenha misericórdia do Brasil…   

Jehozadak Pereira

Jehozadak Pereira é jornalista profissional e foi editor da Liberdade Magazine, da Refletir Magazine, do RefletirNews, dos jornais A Notícia e Metropolitan, do JS News e jornalista da Rede ABR - WSRO 650 AM. Foi articulista e editorialista do National Brazilian Newspaper, de Newark, New Jersey. É detentor de prêmios importantes tais como o Brazilian Press Awards e NEENA - New England Ethnic Newswire Award entre outros