CARTAS de Boston

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Roma dos romanos

XVII

O estudo desenvolvido por Edward Gibbon é um dos melhores trabalhos já realizados sobre o Império Romano.

Foram seis volumes, entre 1776 e 1778, considerado um marco na produção clássica e historiográfica mundial.

Hoje é uma valiosa fonte de pesquisa e uma das principais contribuições para compreensão da história de Roma.

Seu poder, ascensão, domínio e queda.

O autor foi um dos maiores estilistas da literatura inglesa. 

Enviado pelo pai para Lausanne, Suíça, estudou e aprendeu francês. Foram cinco anos de muita dedicação.

De regresso à Inglaterra, passou um tempo no serviço militar. Visitou Roma e Paris e se estabeleceu em Londres.

É nesse período que publicou os quatro primeiros volumes de sua grande obra, Decline and Fall of the Roman Empire (Declínio e queda do Império Romano).  

Os últimos volumes foram escritos em Lausanne, onde também escreveu suas Memórias.

Deprimido e com a saúde cada vez mais debilitada, retorna mais uma vez para Londres, onde morre, em 1794, aos 57 anos.

Irônico e contundente, Gibbon – que foi amigo e integrante das festas promovidas por Voltaire – narra 1.300 anos do que considerou o “triunfo da barbárie e da religião ” sobre as nobres virtudes romanas.

Orgulhosos de sua superioridade, os habitantes da então capital do mundo, admiradores e seguidores dos triunfos da república, adornavam seus generais com coroas de ouro no regresso das batalhas.

Com o avanço das conquistas, também aumentou o tamanho das doações.

O triunfo de Júlio César, por exemplo, foi merecedor de 2.822 coroas maciças de ouro cujo peso chegava a 9.248 quilos, as quais, após a cerimônia, foi consagrado no Templo de Júpiter afim de servir como monumento duradouro de sua glória em épocas futuras. 

Prudente, César mandou fundir, pois considerava mais útil a seus soldados do que aos deuses; não tardou para seus sucessores adotarem tal ideia, e firmou-se o costume de trocar esses magníficos ornamentos pela moeda de ouro corrente no Império.

César não dividia sua glória com ninguém. O prêmio era merecido. Tinha a lealdade de seus soldados e absoluta consciência disso.

Alcançou o trono por desejar o poder. Ser o soberano de todo o Império.

Sabia que o caminho mais curto para alcançar seu objetivo seria como militar. E não mediu esforços para provar toda sua capacidade.

Tal determinação o levaria a realizar um dos maiores feitos da engenharia romana.

No ano 55 antes de Cristo, em Gália, província romana, onde hoje estão França, Bélgica e Suíça, um jovem comandando oito legiões, num total de 40 mil homens, chegou as margens do Reno. Um rio que atravessa a Europa de sul a norte.

Seu intento era alcançar o  outro lado. Ir onde nenhum outro general romano conseguiu chegar e mostrar apoio aos Ubians, tribo alemã aliada.

Durante séculos o rio Reno foi uma barreira que protegia as tribos germânicas da expansão romana.

Nenhum exército poderia chegar a outra margem com todo o seu poderio.

Mas não para César, diferente de todos os demais, que invejava e admirava os feitos de Alexandre, o Grande. 

Ao invés de barcos, reuniu seus engenheiros e decidiu atravessar o rio em uma ponte que teria o comprimento de quatro campos de futebol e em torno de 7 a 9 metros de largura, superando a profundidade, a forte correnteza e capaz de suportar o peso de 40 mil homens, cavalos e armas.

Dada a largada e divididos em grupos, entrou em ação a potente e precisa máquina romana.

Uma hora depois as primeiras toras de madeira eram inseridas no rio para a fundação. Cada uma tinha em torno de 45cm de diâmetro.

No meio do rio elas chegaram a ter nove metros de comprimento da superfície ao fundo.

As toras foram colocadas em diagonal para dar mais estabilidade a ponte através de armações de madeira construídas em forma de pirâmide onde um enorme peso era lançado sobre elas.

Na parte mais alta do rio as toras se inclinavam na direção da corrente. Na parte mais baixa, seus pares se inclinavam contra a corrente. Cada par foi unido por toras de 60cm de espessura.

Sobre os pares foram colocados troncos em linha vertical e sobre esses troncos fechos de madeira fortemente amarrados na horizontal.

O projeto era inovador, mas o mais impressionante e que até hoje desperta curiosidade de especialistas e interessados é o tempo de construção: 10 dias.

Projeto pronto, César marchou sobre a ponte com o seu exército.

Apavorados, os germânicos fugiram para as montanhas.

Por aproximadamente 18 dias, os legionários romanos exploraram o lado norte do Reno sem encontrar resistência.

Ao final desse período, o futuro ditador do Império Romano regressou com seus soldados pela ponte e a desmontou deixando um recado bem claro aos inimigos:

Roma poderia ir a qualquer lugar e distância e obstáculos eram palavras que não existiam para Júlio César.

Gerald D

O gremista Gerald D escreve sobre artes, literatura, futebol e política com muita propriedade e consciência, o que reflete o seu gosto apurado pela boa leitura