André Menezes e sua história inspiradora

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Observatório IV

*A história de superação de André Menezes, 34 anos, é um sopro de liberdade para quem sonha em conquistar seus objetivos. Não existe o impossível enquanto existir vida. É um exemplo de resiliência admirável. Hoje, declara que enxerga sua trajetória com orgulho. E não seria por menos. De origem humilde, natural de Guarulhos (SP), do bairro das Pimentas, região periférica da cidade, vendia laranjas em feira livre para conseguir custear o curso de inglês. 

Levantava as 4:30 da manhã para ir para a feira, de onde voltava por volta de duas da tarde, chegava em casa e depois ia para a escola. Perdeu a mãe aos 21 anos de câncer, mas não desanimou, pelo contrário. 

Entendia que só através da educação seria capaz de superar todos os obstáculos e mudar sua situação de vida. Todo esse esforço estampa com merecido orgulho no diploma de Mestre em Administração pela Universidade Harvard, fala três idiomas e hoje é Program Manager. Ele é apenas mais um dos inúmeros exemplos de brasileiros que conquistaram seus sonhos, apesar de todas as dificuldades de viver num país como o nosso.

*O governo atual, prevê um orçamento para 2023 de R$ 2,1 bilhões. Segundo reportagens do UOL e da Globo News, a informação já foi enviada pelo Ministério da Educação (MEC) aos reitores dos institutos federais. São R$ 300 milhões a menos em relação ao dinheiro disponibilizado neste ano. Essa verba é destinada aos pagamentos das despesas de custeio, que incluem reforma de equipamentos, construção, livros, gastos como água, luz, limpeza e bolsa de estudos. 

Nos últimos cinco anos, os cortes chegam a 96%. O maior investimento público é de 2011, com mais de R$ 4 bilhões. Em 2021, esse número passou para R$ 35,4 milhões. Uma queda e tanto! Alguns institutos já fecharam cadeiras de pós-graduação e outros cursos. Outras, refeitórios, que estão temporariamente fechados, o que afeta, principalmente, estudantes pobres. Como escreveu em nota a UFRB, “…o que deveria ser garantia e incentivo, tão somente demonstra desprezo e ignorância frente ao papel revelante das Instituições Federais de Ensino Superior no Brasil (…), reforça novamente o projeto perverso de sucateamento e precarização da educação pública”. 

*No último dia 17 de julho, foi lembrado e, talvez comemorado em algum lugar, os 78 anos da Marcha dos Vencidos, quando Stalin organizou um desfile pelas ruas de Moscou, humilhando Hitler e a  Alemanha. Tudo começou em junho de 1941, quando o exército Nazista avançou sobre a União Soviética. Na ocasião, Hitler, em discurso, prometeu aos seus soldados que eles desfilariam vitoriosos pelas ruas da capital comunista antes do Natal. Os planos do Führer foram continuamente adiados até 1944, quando o Exército Vermelho destruiu as esperanças de vitória dos nazistas numa contraofensiva que entrou para a história chamada Operação Bagration. Considerada até hoje como uma das maiores derrotas do exército alemão, essa ação dizimou 28 das 34 divisões do grupo de elite da Wehrmacht. 

Os soldados vermelhos destruiram 2 mil tanques, 57 mil veículos, mataram 500 mil soldados nazistas e capturaram outros 160 mil. Decidido, Stalin, mandou preparar em torno de 60 mil prisioneiros alemães – marcharam 57 mil soldados e oficiais – para que marchassem por Moscou. O desfile foi chamado por ele de A Grande Valsa, nome inspirado em um musical de 1938, popular por aqui e na União Soviética. 

Foram selecionados os soldados em boas condições físicas, capazes de suportar uma longa marcha, bem alimentados e proibidos de se banharem. O objetivo do governo era que o seu povo testemunhasse os soldados da tal “raça superior” marchando derrotados, maltrapilhos e imundos. Representantes de países aliados compareceram para assistir o evento em camarotes. Uma grande multidão saiu às ruas para ver de perto os invasores, responsáveis pela morte de mais de 20 milhões de compatriotas. 

A maioria assistiu em silêncio, mas muitos xingaram e cuspiram. A polícia teve um cuidado especial contra agressões e apedrejamento dos mais exaltados. Os soldados alemães marcharam em duas colunas cabisbaixos, envergonhados, outros não conseguiam disfarçar o ódio em seus olhares. No final do desfile, carros de limpeza percorreram as ruas por onde os nazistas passaram jogando jatos de água e sabão, lavando simbolicamente Moscou de toda a sujeira. 

A Marcha dos Vencidos foi uma das maiores demonstrações de força da Segunda Guerra Mundial, abalando a moral das tropas nazistas e reafirmando o poderio militar soviético. O líder alemão ficou tão furioso com a humilhação que decidiu organizar às pressas seu próprio desfile de prisioneiros de guerra pelas ruas de Paris, com soldados estadunidenses, britânicos e franceses. A tentativa de demonstrar o poder do Terceiro Reich não impressionou. 

Poucas semanas depois, Paris seria libertada pelas tropas aliadas e em menos de nove meses, o Exército Vermelho, sozinho, tomaria Berlin, enterrando de vez qualquer ambição nazista. A exibição pública também tinha outro propósito, convencer os governos da Finlândia, Romênia e Hungria – aliados dos nazistas – a mudarem de lado, e claro, mostrar aos Estados Unidos e seus aliados, a força absurda do Exército Vermelho.  

*Denzel Washington certa vez disse em uma palestra, ‘dreams without goals are just dreams’; Sonhos sem objetivos são apenas sonhos. Ou seja, precisamos sonhar, mas também precisamos planejar e ter objetivos. Precisamos planejar cada passo, cada dia, cada mês e cada ano. De que maneira vamos conseguir atingir o sonho? O que precisamos fazer? Cada passo é importante e celebrar cada pequena vitória durante a trajetória é muito importante também”.

Foto da capa: André Menezes, brasileiro, Mestre em Administração pela Harvard University, em entrevista ao Mundo Negro. 

Gerald D

O gremista Gerald D escreve sobre artes, literatura, futebol e política com muita propriedade e consciência, o que reflete o seu gosto apurado pela boa leitura