A derrota é órfã…

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Nem o mais pessimista dos torcedores brasileiros podia imaginar o desastre que se avizinhava na tarde da terça-feira, 8 de julho no Estádio do Mineirão, onde a seleção brasileira foi massacrada pela Alemanha. A quem culpar? Há culpados? Quem vai assumir a vergonhosa derrota por goleada dentro de casa?

Responsabilizar o técnico Luiz Felipe Scolari seria exagero com um homem trabalhador e até onde se sabe, honesto e dedicado ao que faz. Culpar a direção do futebol brasileiro, há décadas nas mãos dos mesmos velhacos pode ser uma direção a ser seguida, mas quem vai tirar esta quadrilha do poder?

O problema da seleção brasileira nesta Copa do Mundo esteve o tempo todo dentro do campo, pois apesar de Scolari ser íntegro desta vez ficou devendo. O Brasil não foi bem diante da Croácia, empatou com o México, ganhou de Camarões, quase se enrosca diante do Chile, fez um bom primeiro tempo contra a Colômbia e foi atropelada pela Alemanha que ganhou o jogo e a vaga na final por vergonhosos 7×1.

Em momento algum a seleção brasileira empolgou ou jogou um futebol perto do convincente neste Mundial de bom nível técnico.

Teria faltado então equilíbrio emocional? Ao que parece sim, pois jamais uma seleção chorou tanto numa copa do mundo. Os jogadores choraram na hora do hino nacional, choraram ao cobrar pênaltis e continuaram chorando num visível despreparo psicológico que culminou com a contusão de Neymar diante da Colômbia.

Goleada Alemanha 1
A Alemanha não deu chance ao Brasil e aplicou a maior humilhação da história do futebol brasileiro em todos os tempos

Reclamar de Fred e de Júlio César, nominados como titulares pelo treinador antes do início da competição também não parece se honesto. O goleiro cumpriu o seu papel e não decepcionou em momento algum. Já Fred, decepcionou totalmente e não fosse pelo pênalti que cavou contra a Croácia e o gol contra Camarões teria passado totalmente desapercebido. Mas quem levar para o seu lugar? Jô, mostrou-se tão inoperante quanto o titular de Scolari. Leandro Damião parece ter esquecido o seu futebol nos Jogos Olímpicos de Londres e depois de sair do Internacional, vaga pelo Santos sem conseguir se firmar. Robinho já entrou na fase descendente da carreira, a exemplo de Kaká e Ronaldinho Gaúcho que pouco acrescentariam ao time atual.

A grande realidade é que o Brasil não se renovou nos últimos tempos e vivia do talento de Neymar e neste ponto, a conquista da Copa das Confederações em 2013 deixou claro que a seleção virou o fio e atingiu o ápice técnico antes da hora. A má fase de Paulinho talvez tenha sido a melhor representação disto tudo.

A Alemanha não teve dó do Brasil e a goleada não aconteceu na terça-feira, ela foi sendo desenhada ao longo do tempo, quando se vendeu a ideia de que não havia adversários e que a taça já era dos donos da casa, como disse Carlos Alberto Parreira antes da Copa do Mundo. Só esqueceram de combinar com as outras seleções antes.

Goleada Alemanha 5
Restou esconder-se e buscar explicações para o maior de todos os vexames

Neste futebol globalizado, onde todos sabem o que o outro faz e como joga, não serve a desculpa de que se foi surpreendido, pois já se sabia das qualidades e dos defeitos dos alemães, tal como eles sabiam das virtudes – que foram embora com Neymar e de todos os defeitos. E eles foram devidamente explorados e o resultado foi o maior vexame brasileiro em todos os tempos. A derrota é órfã e durante muito tempo vai se buscar as razões de tamanha vergonha diante do mundo. Agora é começar do zero, limpar a área dos oportunistas, passar a limpo o futebol brasileiro, trabalhar na base, fazer planejamento estratégico de verdade, pois será a única forma de mitigar o papelão.

Estes jogadores de agora não tem culpa alguma do que se passou, pois são parte de um todo. O problema está fora do campo e aí a coisa pega e se torna feia, muito feia…

A Alemanha que se prepara há muito tempo fez o seu papel de fazer os gols diante da instabilidade e das falhas brasileiras, e não será surpresa alguma se for a campeã deste Mundial, pois de fato fez até agora por merecer e a goleada imposta ao Brasil não será capaz de mostrar todo o assombro provocado…

 

Jehozadak Pereira

Jehozadak Pereira é jornalista profissional e foi editor da Liberdade Magazine, da Refletir Magazine, do RefletirNews, dos jornais A Notícia e Metropolitan, do JS News e jornalista da Rede ABR - WSRO 650 AM. Foi articulista e editorialista do National Brazilian Newspaper, de Newark, New Jersey. É detentor de prêmios importantes tais como o Brazilian Press Awards e NEENA - New England Ethnic Newswire Award entre outros