Vai ter Copa?

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As manifestações da quinta-feira em ruas de cidades e capitais brasileiras deu ao governo um importante aviso. Aviso que não vai ter lua de mel na Copa do Mundo que vai começar em pouco menos de um mês e pode até ser que durante o evento que é o de maior público televisivo no planeta as coisas não descambem para a violência e baderna.

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Os protestos tomaram conta das ruas em 2013. Reprodução

Ao que parece, manifestantes reclamam do tão propalado padrão Fifa de qualidade que já consumiu em obras e melhoras gerais mais de R$ 30 bilhões. R$ 30 bilhões? Pode perguntar alguém menos avisado e inteirado do que se passa no mundo Brasil por qual motivo num lugar onde falta quase tudo, gastar tamanha e imensa fortuna com estádios de futebol.

Claro que ninguém é ingênuo de pensar que quando se assumiu a tarefa de promover uma copa do mundo se imaginava que não fosse gastar tanto. Talvez porque ninguém no exterior pudesse imaginar o apetite por dinheiro dos nossos homens públicos que elevou a imensos custos o valor das obras.

Quando no ano passado o Brasil lateralmente pegou fogo muita pensou pensou que era por causa dos tais R$ 0,20 do aumento das passagens dos ônibus e a onda de protestos paralisou o país ante o olhar pasmado e apavorado da sociedade.

O Brasil é ao mesmo tempo adiantado e atrasado; é imenso e apequenado; é justo e injusto; é coerente e incoerente; é pacífico e violento; é íntegro e desonesto e mais um monte de adjetivos que se queira achar e onde se possa buscar.

Agora mesmo, ao lado de moderníssimos estádios ou melhor, arenas, o que se vê é precariedade de casas, hospitais, escolas, segurança, transporte e saneamento básico em desníveis tão grandes que nem na África do Sul onde foi a copa do mundo anterior se encontra isto.

A sociedade não tem a quem recorrer e o país Brasil vai para a vitrine do Mundial sem estar devidamente preparado e com os governantes correndo das manifestações públicas como o cão corre da cruz. A presidente Dilma Rousseff não vai discursar na abertura porque se o fizer vai correr o risco de levar a maior e mais estrondosa vaia da história política do Brasil. Do mesmo modo que o seu padrinho e mentor político que idealizou tudo isto vai tratar de se esconder pois igualmente correrá o risco de ser vaiado como jamais aconteceu.

O stress vivido pelos homens da Fifa é inédito na trajetória da entidade e todos eles deram amostras do que poderão falar depois de encerrada a competição, pois jamais poderiam imaginar que estariam lidando com tratantes, que jamais cumpriram o que prometeram.

A Fifa errou ao não tirar o Mundial do Brasil quando pode fazê-lo e depois se arrependeu amargamente e outro dia mesmo, o diretor-geral da entidade disse que a maior dificuldade é que as pessoas com quem tratou inicialmente já não estavam mais e havia além de tudo, três níveis de governo cada qual com as suas peculiaridades e mazelas próprias.

O que deveria ser uma festa sem precedentes, vai se transformando aos poucos em tensão diária e até que o derradeiro apito da final não soe, a apreensão estará no ar paralisando de medo governantes, turistas que ousarem arriscar a ir ao Brasil e delegações estrangeiras.

Recife, uma das cidades-sedes do Mundial na quinta-feira estava entregue a própria sorte sem policiamento e sem segurança nas ruas com cada um fazendo o que bem entendia.
Comerciantes e empreendedores trataram de eles mesmos protegerem os seus patrimônios pois o governo local e o federal se tornaram incapazes de garantir o mínimo de segurança.

No Rio de Janeiro, centenas de ônibus foram apedrejados e impedidos de circular na marra e na força bruta.

Ainda neste semana o governo japonês advertiu os seus nacionais que forem ao Brasil acerca de diversos procedimentos para que preservem suas vidas e integridade. A revista Der Spiegel, editada na Alemanha também se mostrou pessimista com o que poderá acontecer no Brasil e nas reportagens publicadas pinta o pior quadro possível.

Ou seja, o mundo inteiro está de sobreaviso com o que poderá acontecer de ruim no Brasil durante a Copa do Mundo e cada qual quer ter a primazia de dizer depois que avisaram, mas não foram ouvidos.

Já o povo brasileiro que não foi convidado para a festa vai ter de compulsoriamente pagar a conta, mas no meio deste povo há alguns que vão fazer de tudo para que a Copa do Mundo não aconteça…

 

Jehozadak Pereira

Jehozadak Pereira é jornalista profissional e foi editor da Liberdade Magazine, da Refletir Magazine, do RefletirNews, dos jornais A Notícia e Metropolitan, do JS News e jornalista da Rede ABR - WSRO 650 AM. Foi articulista e editorialista do National Brazilian Newspaper, de Newark, New Jersey. É detentor de prêmios importantes tais como o Brazilian Press Awards e NEENA - New England Ethnic Newswire Award entre outros