Nina Torres e a arte da dança do ventre

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Nina Torres é cantora e atriz. Reprodução Facebook

A belo horizontina Janaina Torres Santospago quase ninguém conhece. Janaina mora nos Estados Unidos há 13 anos, mas se citar Nina Torres, certamente milhares de brasileiros saberão quem é. Nina Torres é cantora, atriz e expoente da dança do ventre e uma das mais talentosas artistas na comunidade brasileira e tem se apresentado constantemente em shows, eventos, festas e casamentos.

Nina Torres descobriu a dança do ventre assistindo o programa “Sem Censura” com a Leda Nagle, “Há muito tempo atrás, quando ela fez uma entrevista com uma dançarina e achei super interessante e resolvi fazer também”, diz Nina que no Brasil dedicava-se à carreira de cantora e a dança do ventre não era uma das suas prioridades. “Por ser eclética e gostar de muita coisa, tento combinar no meus shows músicas de vários estilos, porém, com uma sonoridade unificada. Consigo unir Luiz Gonzaga e Elis Regina sem nenhum problema. Tenho CD de músicas inéditas compostas por dois compositores de Belo Horizonte que são o Cesar Santos e o Gustavo Drummond”, continua Nina Torres.

Embora seja uma talentosa dançarina, Nina Torres tem a música como profissão, e dança como hobby e já houve época que dançava muito mais do que cantava e começou a carreira como cantora lírica com 19 anos; cantou em coral profissional em Belo Horizonte, e no Conservatório na Universidade Federal de Minas Gerais. Nina tem história na música pois tocou com o célebre Village People, Gloria Gaynor e antes de vir para os Estados Unidos cantava com Leo Jaime.

“Um ponto legal, foi a comunidade brasileira ver meu trabalho como dançarina do ventre e os convites aparecem, o que torna a minha carreira muito positiva”, diz. Sobre o teatro, Nina Torres participou recentemente de A Paixão de Cristo no papel de Salomé, justamente por causa da dança do ventre, “Foi demais, porque foi a única cena que a Rosi Campos fez foi essa, e eu tive a honra de contracenar com ela, e fazer o que eu sei é dançar e era por isto que eu estava ali”, diz Nina sobre a sua participação na peça de Edel Holz.

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Delicadeza dos movimentos, disciplina, dedicação e respeito são primordiais na dança do ventre. Foto: Rosangela Lima

Sobre a dança do ventre, Nina treina e ensaia muito e faz isto desde que praticava em casa e hoje mantém a técnica com dedicação e muito suor, além de participar de workshops da modalidade com diferentes dançarinas e profissionais de diversos lugares no mundo e o resultado disto são os convites para dançar em casas, festas e solenidades árabes, sendo que hoje participa somente em eventos.

“Aqui nos Estados Unidos, tem um campo bem legal, muito melhor do que no Brasil, se você é dedicado no que faz, sempre terá onde mostrar seu trabalho, e para isto tem de ser disciplinada, cumprir horários, ter um bom figurino, boa apresentação e respeito com outros profissionais. As pessoas levam numa boa, mesmo porque o preconceito está inserido na cultura de cada um. Um casamento árabe não está completo sem uma dançarina, o que poderia ser uma provocação para alguns para outros é algo fundamental”, diz sobre a dedicação e o modo como encara a profissão seja como cantora, seja como dançarina.

Nina tem o apoio da família e diz que sua mãe ficava triste porque no Brasil não tinha tempo para dançar, pois a música tomava todo o seu tempo, e a partir de outubro, vai dar aulas de dança do ventre em Framingham.

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Os figurinos são parte importante da dança do ventre. Reprodução Facebook

“A dança me deu o privilégio de entrar num mundo, numa comunidade que aprendi a respeitar e sou muito respeitada, que é a comunidade árabe, me acolheram de uma forma muito carinhosa. Já não consigo viver mais sem algumas coisas da cultura como a comida, música, os trejeitos de dançar, ou falar algo e já ganhei muito com tudo isso. Quero continuar dando minhas aulas, fazer meus shows, passar a arte e a alegria de uma dança que é tão bonita, quiçá a mais feminina de todas. A dança do ventre é livre e o que fazemos é escutar bastante as músicas antes da apresentação, assim sabemos onde acentuar ou suavizar os movimentos, as nuanças de diferentes países que podem ser a egípcia, grega, turca, etc, e há diferentes estilos dentro da dança do ventre do tipo Khaleej, Saiid, Tribal, Zaar entre outros”, afirma.

Mesmo com toda a correria e atividades, Nina Torres acha tempo para participar do programa ‘Tudo Mara’ na WSRO Rádio 650 AM aos sábados de 10 AM as 11 AM, que é apresentado por Mara Rubia Sanfilippo.

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Eric e Nina Torres. Reprodução Facebook

Porém, o mais importante papel de Nina Torres é ser mãe do estiloso Eric, 9 anos, que tem toda a sua atenção e dedicação, “Se você não tem filho fica mais fácil viajar, cuidar da vida profissional, e se decide ter filho, cuidar dele é o mais importante, pois essa vida não combina muito, pois a ausência faz parte, e então optei por ser mãe primeiro e é o que mais gosto de fazer. Vi muitas cantoras com filhos pequenos sendo criados pelas avós ou babás, indo sozinhos para a primeira comunhão, aniversários e não quero isso para meu filhote. Ele sempre foi desde pequeno nos meus shows e apresentações, ele gosta e é muito legal pois os shows são mais cedo e sempre que posso levo ele junto”, sobre o que é mais importante para ela. “Todas vitórias ocultam uma renúncia”, finaliza citando Simone de Beauvoir.

Para saber mais do trabalho e da arte de Nina Torres acesse o Facebook da artista e os contatos podem ser feitos através do e-mail ninatorresbh@gmail.com. Foto da capa: Edson Jan. Para ver outras fotos da arte e do talento de Nina Torres acesse a página do Facebook.

 

Jehozadak Pereira

Jehozadak Pereira é jornalista profissional e foi editor da Liberdade Magazine, da Refletir Magazine, do RefletirNews, dos jornais A Notícia e Metropolitan, do JS News e jornalista da Rede ABR - WSRO 650 AM. Foi articulista e editorialista do National Brazilian Newspaper, de Newark, New Jersey. É detentor de prêmios importantes tais como o Brazilian Press Awards e NEENA - New England Ethnic Newswire Award entre outros