Outro dia Antonio, um brasileiro, reclamava numa roda de amigos que está pendurado com os seus quatro cartões de crédito e falou da dificuldade que tem encontrado para quitá-los. Pagar uma dívida é sempre uma tarefa difícil, mas no caso do cartão de crédito ela é ainda mais árdua. Primeiramente isso se deve à facilidade com que se obtém um cartão de crédito.
Pessoas com um bom poder aquisitivo acabam acumulando vários cartões e, se não tiverem consciência no seu uso, perdem o controle em pouco tempo.
O cartão é uma linha de crédito pré-aprovada, e basta ir ao mall e gastar, pois não se sente no bolso, é totalmente diferente do cheque, onde o simples fato de preencher o valor dá a percepção do gasto. A tudo isto junte o o fato de que se pode optar por pagar menos do que lhe é exigido, rolando assim a dívida, caso não tenha recursos suficientes – daí não é difícil entender o motivo de tantas pessoas acumularem dívidas no cartão.
A primeira providência a tomar neste caso é simplesmente não incorrer em novos gastos no cartão. Imagine que no mês passado você não pagou o valor mínimo exigido na fatura, rolando a maior parte da dívida. Confiante, neste mês você gastou um pouco mais no cartão. A relação pagamento mínimo + limite + gasto atual = aumento da sua dívida.
Reflita friamente sobre o caso. A menos que no mês anterior algo extraordinário tenha acontecido, comprometendo seu orçamento, ou que neste mês você esteja esperando um rendimento extraordinário, o mais provável é que, quando receber a fatura deste mês, novamente você irá efetuar o pagamento mínimo.
O resultado desta conjunção é o aumento da sua dívida sem que você se dê conta. Quanto mais você adia o pagamento da dívida, mais ela cresce e pior fica o seu histórico de crédito, o aumentando as chances da instituição querer rever a taxa que cobra de você.
Você finalmente decidiu pagar integralmente a fatura, e no mês seguinte não incorreu em novos gastos. Ainda assim, recebeu um extrato contendo um saldo residual a pagar no mês seguinte?
Situações como estas não são incomuns e acontecem pelo fato de que o valor impresso na fatura não necessariamente reflete o valor da dívida no dia em que você efetuou o pagamento. Afinal, a fatura é emitida antes da data de vencimento do pagamento, e neste caso o valor da dívida sendo corrigido faz com que haja um saldo residual. Isso sem falar na possibilidade de você ter incorrido em gastos adicionais, que não foram computados até a data de emissão da fatura.
Assim, uma recomendação para quem tem dívida no cartão é lembrar sempre que o que está impresso na fatura é como jornal, já aconteceu. Nada vem com tanta facilidade, sem um custo. O fato de se tratar de crédito pré-aprovado facilita a sua vida, pois você tem o dinheiro em mãos, mas traz consigo mais responsabilidades.
Usar conscientemente o cartão de crédito é uma arte que temos que aprender no dia a dia. O ideal é gastar no cartão de crédito aquilo que poderemos pagar integralmente quanto o bill chegar. Tem de se ter consciência que cartão de crédito não é renda complementar e é por causa disto que tantas pessoas se enrolam com seus cartões e acabam perdendo temporariamente o seu crédito.
Faça como o Antonio, que tomou uma sábia decisão – pediu que seu irmão trancasse no cofre da empresa longe do alcance dele os cartões de crédito e se propôs a fazer um acordo com as companhias para pagar os seus débitos e disse que aprendeu uma importante lição, que é de gastar só o que vai poder pagar no mês seguinte.
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