Brasileiros usam suposta tragédia para aplicar golpe na Califórnia

Antes de doar, certifique-se que o pedido de dinheiro é verdadeiro

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Foto usada na campanha de arrecadação de fundos

Uma postagem feita em um grupo na Califórnia pedindo dinheiro para sepultar um bebê recém-nascido, feita pelos supostos pais, chamou a atenção de um brasileiro – que será chamado de José, que comovido com a história queria contribuir financeiramente. 

Para dar veracidade ao golpe, uma conta foi criada no GoFundMe em nome Patricia Bastos e pedia dinheiro para a campanha ‘Little Noah’s burial and medical bills’. O objetivo seria arrecadar US$ 16,500. 

Receoso e precavido, José resolveu investigar a história e deu o seu depoimento para a reportagem do METROPOLITAN NEWS USA, que publica parte dele.  “Vi este post na página Brasileiros em São Francisco e Área da Baia (Brazilians in San Francisco and Bay Area) no Facebook. Era um post sobre um bebê que faleceu três dias após nascer devido a baixa função cerebral. A mãe postou uma mensagem muito comovente pedindo ajuda para pagar as contas do funeral e do hospital. Eu li a mensagem e me senti realmente tocado e iria ajudar, mas antes, decidi fazer uma pequena investigação para ter certeza de que não eram golpistas. A primeira coisa que notei é que a conta do Facebook de Patricia Bastos lista sua cidade como Concord, CA, mas a página GoFundMe listou a cidade em Brentwood, CA. Segundo a mãe da criança, Patrícia Bastos, foi Michelle Benevitti, uma grande amiga dela que abriu a conta no GoFundMe, e ela tinha três amigos no Facebook. Patrícia Bastos, mãe do bebê, Paulo Miranda e Nathalia Tavares. Benevitti teve apenas dois posts no Facebook. Então eu sabia que esta não era uma conta ativa. A mãe da criança, porém, tinha 1.228 amigos. Apesar de ter todos esses amigos, nenhum familiar ou amigo de verdade fez comentários em sua página do Facebook quando ela postou sobre a morte de seu bebê. Achei isso muito estranho. Por outro lado, ela tinha centenas de comentários na página da comunidade brasileira de membros desconhecidos para ela que estavam dispostos a fazer doações. Então fui procurar alguma foto da mãe na gravidez e ela tinha duas fotos postadas. A primeira com o suposto marido em 17 de novembro de 2020. Ela parecia estar no final da sua primeira gravidez. Em seguida, ela teve uma segunda foto com o suposto marido em 1º de janeiro de 2022, onde o suposto marido está beijando sua barriga e o marido tem uma criança de dois anos nos ombros. Patricia mais uma vez, também parece estar no final de sua segunda gravidez. No entanto, pode-se ver que esses casais não são as mesmas pessoas (a foto que foi manipulada foi retirada de uma fundação hospitalar do Governo de Minas Gerais). Sem mencionar que, se ela estivesse grávida de oito meses em janeiro de 2022, era altamente improvável que ela desse à luz outro filho em janeiro de 2023. Foi quando descobri que era uma farsa. Tentei avisar todos os membros da comunidade brasileira na postagem e a postagem foi apagada. Eu vi na seção de comentários da página do Facebook da Patricia Bastos que um dos doadores apontou que isso era uma farsa, que algumas pessoas apontaram alguns dos mesmos problemas com a conta. Então, instruí algumas das pessoas que estavam na seção de comentários que poderiam obter um reembolso e denunciar a página. Patrícia Bastos então passou a defender sua personagem dizendo que ela tinha amigos de verdade em sua conta que poderiam corroborar sua história. De repente, marido e mulher fizeram postagens na página da Patrícia Bastos dizendo que a conheciam há muito tempo e que estávamos sendo injustos e tal e tal. Este casal postou quase imediatamente e juntos. Por fim, uma revisão da conta GoFundMe mostrou o organizador como Patricia Bastos pela manhã e depois mudou à noite para outro nome. Na quinta-feira, 2, a conta GoFundMe foi encerrada e, neste momento, eles podem estar tentando coletar os fundos. A organizadora agora é mostrada como Michelle Benevitti”.

José fez contato com a suposta mãe da criança e fez perguntas específicas para as quais não obteve nenhuma resposta satisfatória e diante de tantos furos na história, procurou a polícia da Califórnia, para prestar queixa de fraude, mas como ele não fez nenhuma doação, não podia reclamar, pois não havia de fato sido lesado. 

No momento desta publicação, a conta que não aceita mais nenhuma doação e informa que foram arrecadados US$ 4,519 mil.

Diga não aos golpes

  • Não se emocione e nem se comova com dramas
  • Se puder certifique-se de qua a pessoa realmente precisa de doação
  • Se for alguém falando em nome de alguma entidade, telefone para saber se é verdade
  • Encaminhe o pedinte para alguma entidade assistencial
  • Se houver criança envolvida na história acione o DCF
  • Se tiver dúvidas acerca do pedido de doação, não dê dinheiro
  • Não clique em links suspeitos
  • Se desconfiar da história, chame a polícia…

Jehozadak Pereira

Jehozadak Pereira é jornalista profissional e foi editor da Liberdade Magazine, da Refletir Magazine, do RefletirNews, dos jornais A Notícia e Metropolitan, do JS News e jornalista da Rede ABR - WSRO 650 AM. Foi articulista e editorialista do National Brazilian Newspaper, de Newark, New Jersey. É detentor de prêmios importantes tais como o Brazilian Press Awards e NEENA - New England Ethnic Newswire Award entre outros

2 COMMENTS

  1. Denunciem ao FBI porque o Go Fund me e uma organização seria AMERICANA e que já ajudou a muitas famílias americanas e não. Tem que denunciar também na mídia brasileira para chamar atenção desses fatos. Depois não reclamem. Se comovam sim com as histórias, apenas desconfiem descaradamente e vão checar muito bem checado mesmo que sejam inconvenientes. E o único jeito de barrar os pilantras. E a PF devia entrar nisso porque queima a imagem do país aqui fora e com muita razão o povo acaba discriminando brasileiros.

  2. Denuncie ao Go Fund me e ao FBI para que acionem a polícia federal e receita federal porque isso é crime e para mostrar que a comunidade brasileira não é de pilantras, está unida em coisas assim que desrespeitam organizações sérias como o go fund me. Isso é espírito de comunidade e ajuda sim a barrar esses pilantras. E vamos continuar ajudando sim mas deixando bem claro que só tem ajuda se as pessoas e as situações forem abertas a acesso público. Não há como
    Ajudar se não for assim. E pegar ou largar. Repassem ao máximo de pessoas. Isso vai servir de alerta aos pilantras de plantão.

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