Palmeiras, a caminho da segunda pela terceira vez

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Mustafá Contursi é o todo poderoso dos bastidores palmeirense e faz o que bem entende

O Palmeiras que um dia foi grande, ou melhor, um gigante, hoje caminha para ser um anão futebolístico pois não é nem sombra do clube que foi no passado. O Palmeiras foi o primeiro time que teve estampado a marca de um fabricante de material esportivo – Adidas; foi o primeiro a fechar um contrato de publicidade para a camisa em 1984; foi o primeiro a fechar um contrato de parceria – Parmalat e teve no seu elenco um dos cinco maiores jogadores brasileiros de todos os tempos – Ademir da Guia. Porém, as coisas começaram a mudar no dia em que os bastidores políticos do clube se dividiram e tudo desandou. Tudo ficou pior quando o grupo de Mustafá Contursi assumiu e dominou a política do clube entre 1993 e 2005. A partir daí as correntes políticas do clube se digladiam frequentemente e tudo acaba refletindo no campo. Contursi lançou a moda dos times bons e baratos e isto fez com que o Palmeiras caísse para a Série B em 2003.

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No passado, o Palmeiras tinha craques como Leão, Luiz Pereira, Leivinha e Ademir da Guia. Hoje sofre com mediocridades cedidas por empresários

Profecia
Rodrigo Tiui, um atacante que andou por muitos clubes, disse certa vez que ganhar do Vitória na Copa do Brasil seria mais fácil do que ganhar do Palmeiras. Ilsinho, um lateral que o Palmeiras revelou tempos atrás, foi embora dizendo que o clube era um Titanic, passou pelo São Paulo, foi jogar na Ucrânia e voltou ao São Paulo. Até hoje se fala no clube que faltou habilidade do ex-dirigente Salvador Palaia para segurar o lateral no Palmeiras ou então fazer um bom negócio. São alguns dos episódios que revelam que tudo o que se passa extra-campo no Palmeiras é uma desordem e bagunça. Tem dirigente de torcida uniformizada que faz e desfaz, ameaça, persegue, bate e pressiona técnicos, jogadores e dirigentes e se vale da truculência para impor a sua vontade e desejo. As campanhas do Palmeiras têm sido medíocres nos últimos anos e os vexames se sucedem uns aos outros. Tem também a Turma do Amendoim, que não deixa nem jogadores e nem técnicos em paz e há de quebra os famosos corneteiros que tradicionalmente ficavam nas antigas sociais do Parque Antartica atormentando os dirigentes e técnicos de plantão. Quando treinou o Palmeiras a primeira vez, Luis Felipe Scolari vivia as turras com parte da torcida, a quem apelidou de “turma do amendoim”, que o vaiava impiedosamente. A cada gol que o time marcava, Scolari se virava para a torcida e fazia caretas, quando não dava uma banana e os chamava para a briga.

Pedinte
Hoje o Palmeiras é um clube com camisas de aluguel sempre a disposição de empresários que colocam seus jogadores numa das maiores vitrines do futebol brasileiro, sem contar que a cada começo de temporada há um técnico novo e mesmo sendo na maioria das vezes profissionais conceituados e gabaritados não conseguem ter vida longa por lá. Não há jogadores carismáticos e identificados com a torcida, a não ser o ex-goleiro Marcos que viveu das glórias de ter defendido um pênalti cobrado por Marcelinho Carioca numa semifinal de Libertadores que o Palmeiras acabou vencendo. Depois na disputa do Mundial de Clubes, Marcos falhou como um principiante e soltou uma bola fácil nos pés de Ryan Giggs que marcou e fez do Manchester United campeão. Muito pouco para um clube que tinha tudo para ser grande de fato, mas que aos poucos foi se conformando em ser um pequeno a caminho da decadência definitiva.

Só uma camisa
O Palmeiras vai seguindo firme no caminho de se transformar somente numa camisa outrora gloriosa e por culpa exclusiva dos seus dirigentes e da oposição que fazem de tudo para deixar o ambiente cada vez mais insalubre e difícil de se conviver uns com os outros. Nos últimos tempos o Palmeiras abrigou jogadores sem categoria e gabarito para jogar por lá e só o fizeram porque na maioria das vezes possuem bons padrinhos e empresários poderosos para que se valorizem e depois os vendem com lucro para qualquer país que os queiram.

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Paulo Nobre, o atual presidente não se mostra capacitado para tirar o clube da sua crise interminável

Na segunda pela terceira vez
A campanha desta temporada é medíocre e nem mesmo Ricardo Gareca, um especialista em times medíocres parece estar dando conta do que tem nas mãos. São 14 pontos ganhos em 13 jogos – quatro vitórias, dois empates e sete derrotas com um aproveitamento de 35.89%, ou seja, a um passo da zona de rebaixamento. O time é fraco e isto não parece incomodar a atual diretoria que mais uma vez é inerte independente de quem seja o presidente de plantão. Por estas e outras coisas é que o Palmeiras mostra cada vez mais fadado ao fracasso e a obscuridade do que qualquer grande clube do futebol brasileiro.

Fracionado
Poucos clubes no futebol brasileiro tem bastidores tão fracionados e marcados por brigas internas como o Palmeiras. Ninguém se respeita e fazem disto uma das muitas razões para se digladiarem e se revezarem no poder. Quando isto acontece quem está fora joga pedra e faz tudo para atrasar o lado de quem comanda. Quem perde? O Palmeiras é claro…

Jehozadak Pereira

Jehozadak Pereira é jornalista profissional e foi editor da Liberdade Magazine, da Refletir Magazine, do RefletirNews, dos jornais A Notícia e Metropolitan, do JS News e jornalista da Rede ABR - WSRO 650 AM. Foi articulista e editorialista do National Brazilian Newspaper, de Newark, New Jersey. É detentor de prêmios importantes tais como o Brazilian Press Awards e NEENA - New England Ethnic Newswire Award entre outros

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  1. Uma verdade, e fato. Mas me impressiona fortemente fato de que mesmo estando nessa seca desgraçada ainda somos o maior campeão nacional. Isso é um argumento para entender a indignação da torcida em relação aos últimos 10 anos, sua irritação. No século passado fomos dominantes, prova que em 12 anos de seca de títulos nacionais ainda somos os maiores campeões deste tipo de torneio. Louvável por um lado, lamentável por outro, pois estamos vivendo-o agora e mostra que há muita coisa erradíssima. Percebo que o que me agrada no seu jeito de argumentar e de torcer é que passa por cima desses erros, e possui uma das mais belas formas de amor por um time, não que não haja sofrimento, o belo é justamente transformar o sofrimento nesse amor. Coisa que talvez a torcida do Corinthians tivesse a 4 décadas atras e se perdeu (sem ofensa) e eles ainda acham que tem. De qualquer forma continue escrevendo, sempre.

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