É impossível não traçar um paralelo desta situação política em que vive o Brasil, especialmente com Dilma Rousseff e Luiz Inácio Lula da Silva, ambos do mesmo partido e parte de um dito projeto político que na realidade é um mero projeto de poder.
Lula governou oito anos e fez a sua sucessora que tirou da cartola, depois que homens como José Dirceu e Antonio Palocci caíram em desgraça e foram relegados ao ostracismo e problemas com a lei dos homens.
Maquiado por um alto índice de popularidade devidamente coadjuvado por milhões de reais e uma eficiente maquiagem de marketing, Lula capitaneou a eleição de Dilma e quatro anos depois a reelegeu a duras penas, em uma das mais acirradas, pervertidas e comprometidas eleições de todos os tempos no Brasil.
Desde então, em quase dois anos de governo, Dilma debate-se com uma profunda crise política, enfrenta um processo de impeachment que pode lhe custar o cargo e o Brasil se vê as voltas com um escândalo de corrupção sem precedentes na sua história republicana. No centro deste escândalo está o PT, Lula, partidos políticos como o PMDB e o PP, deputados, senadores, governadores, empresários, intermediários e mais um sem número de vigaristas e bandoleiros de todos os quilates.
A chamada operação Lava Jato, vasculha os porões e os meandros desta vasta rede de corrupção e cada vez que emerge revela mais um tanto da podridão e do mar de lama que permitiu saquear a Petrobras, uma das mais valiosas empresas do mundo, que hoje está a beira da falência e da insolvência.
Descobriu-se o mecanismo jurídico chamado delação premiada que permitiu trazer a luz, nomes, circunstâncias, fatos, histórias, documentos e comprovação do que se fala. Cada vez que isto acontece, o nome de Lula é citado e ele que sempre disse que não sabia de nada, teve que pela primeira vez que se confrontar com a verdade. Sabia sim, e muito.
Porém, e ironicamente, nada disto o pegou. Lula caiu em um apartamento triplex e um sítio no fim do mundo, que segundo ele não lhe pertencem, embora tudo caminhe para desmenti-lo.
Conduzindo a operação Lava Jato, há um batalhão de investigadores, delegados, promotores, procuradores, juízes e servidores, devidamente chefiados por Sérgio Moro, um juiz federal, pertinaz, inteligente e que seguiu o caminho do dinheiro que o levou aos culpados.
Coro era de se esperar, Lula mais uma vez vestiu a máscara de vítima e de coitado, papéis que sempre desempenhou com maestria, além de usar e abusar do batido argumento de que ‘eles’ querem nos pegar e destruir o tal legado social a que ele se atribui.
As acusações jamais são abordadas. Vale enlamear e tentar derrubar a investigação que aos poucos vai colocando um a um na cadeia.
Lula sabia desde o início que sua hora chegaria. E ela chegou no início do mês de março, quando foi conduzido coercivamente para depor. Seu esperneio foi violento e em vez de se recolher e lamber as feridas, tratou de desancar a tudo e a todos, especialmente o juiz Moro.
Nas redes sociais, o juiz e sua equipe foram achincalhados e detonados como jamais visto, mas mesmo assim seguiram adiante. Para tentar fugir do alcance de Moro, que sabe ser inevitável, Lula e sua turma engendraram então uma nomeação ao cargo de ministro-de-qualquer-coisa, que lhe conferiria o privilégio de estar ao largo da mão da justiça de primeira instância. Para tanto, precisaria conseguir uma nomeação de Dilma e a complacência do Supremo Tribunal Federal, onde estão magistrados que foram indicados por ele e por Dilma e que supostamente lhe devem vassalagem.
Neste raciocínio de Lula, seria a hora de bem ao estilo dos velhos mafiosos, cobrar o favor e impor aos magistrados que supostamente lhe devem favor, as devidas vistas grossas e a proteção legal para poder flanar a vontade e continuar com sua saga de poder político.
Contudo havia no meio disto tudo, um grampo telefônico devidamente autorizado e que o pilhou achincalhando a tudo e a todos. Supremo Tribunal Federal, Superior Tribunal de Justiça, parlamentares e autoridades foram acusados de estar acovardados e os que teoricamente teria de ser simpáticos a ele, reagiram com virulência.
A boquinha com Dilma foi fácil até demais, a ponto de ser feita de afogadilho o que causou estranheza e torpor na sociedade. Por que a pressa de tornar Lula imune e o manter longe de Sérgio Moro?
É aí que entra a comparação com Obama e Clinton.
Alguém já imaginou Barack Obama movendo mundos e fundos para salvar a pele de Bill Clinton? Alguém já pensou no supremo vexame de Obama telefonando para o motorista ou guarda-costas de Clinton para falar com ele?
Alguém já imaginou Obama nomeando Clinton para ser Secretário de Estado para livra-lo da jurisdição de algum juiz federal e dar a ele o foro privilegiado? Alguém já imaginou Obama substituindo o Secretário da Justiça para que este interferisse no FBI para que este não molestasse Clinton?
Alguém já imaginou Clinton cobrando lealdade de juízes de alguma corte federal, ou pedindo para que Obama pedisse em seu favor a algum ministro da Suprema Corte? Ou mesmo Clinton lembrando que alguns dos vetustos juízes e juízas que lá estão, foram nomeados por ele e que portanto lhe devem favores?
Alguém já imaginou Clinton cobrando do procurador-geral o favor da nomeação?
Clinton passou maus bocados com a oposição, comportamento que se repete com Obama, que jamais teve um instante de sossego no seu período de governo. Republicanos os trataram e tratam ao pão que amassam todos os dias e água fria. Lula foi direto ao ponto – quanto custa o apoio?
As lições que Dilma e Lula precisam aprender é que jamais Obama levantaria o menor dos dedos para proteger quem quer que fosse da justiça. Se algum dos ex-presidentes americanos ousassem fazer o que Lula faz e aposta na impunidade, dizendo-se perseguido, estaria na cadeia a muito sem a menor complacência. Obama seria no mínimo acusado de obstrução de justiça e correria o risco de ir para a cadeia.
A comparação de Obama e Clinton é meramente simbólica e casual, não representando a verdade. Clinton apesar dos problemas é um homem honrado e o palestrante mais requisitado no mundo todo. Se houvesse na constituição dos EUA um dispositivo que lhe permitisse se candidatar novamente seria eleito sem dúvida alguma. Já Lula…
Já no Brasil Dilma vocifera a inocência de Lula, mesmo quando diz que não. Cedo ou tarde Lula vai ter que se defrontar com a justiça de primeira instância e espera-se que este dia não tarde…