‘Mandala da prosperidade’, a pirâmide da hora na comunidade brasileira

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Parece que os imensos prejuízos e os bilhões de dólares que deixaram de ser pagos, não ensinaram nada a ninguém em termos de pirâmides financeiras. Aqui mesmo na comunidade brasileira nos Estados Unidos, depois da ressaca da TelexFREE, há gente disposta a investir seu dinheiro em mais uma barca furada. A pirâmide da hora e da vez é a ‘Mandala da prosperidade’.

Já se sabe e tem notícias de que figuras manjadas e carimbadas na Flórida estão movimentando a pirâmide em grupos de WathsApp.

“Eu entrei e já ganhei algum dinheiro. Tive um prejuízo muito grande com a TelexFREE e sei que não vou recuperar nada do que perdi, mas vamos tentar”, diz um comerciante brasileiro que mora em Pompano Bech.

A bola, ou melhor, a pirâmide da vez é a Mandala, que funciona através de grupos no WhatsApp que promete ganhos de US$ 800 que se originam de um investimento de US$ 100. O esquema é parecido a tantas outras pirâmides ao longo dos tempos, e o dinheiro ou as doações são feitas diretamente na conta corrente bancária. Uma vez, estabelecido, o participante tem que convidar outras sete pessoas para manter a Mandala que tem outros nomes funcionando.

Como sempre nestas circunstâncias, não há nenhum produto ou mercadoria sendo comercializado e a Mandala é dividida em quatro grupos que representam os elementos da natureza – fogo, terra, água e ar.

A pirâmide Mandala já foi detectada em diversas cidades e estado brasileiros como o Paraná, o Acre, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Espírito Santo, Goiás, Rio Grande do Norte e São Paulo, entre outros. Em uma cidade paranaense, o prejuízo coletivo foi de cerca de R$ 60 milhões.

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No Facebook há diversos grupos onde as participações são feitas abertamente. Reprodução

No Facebook há inúmeros grupos da Mandala, algumas com nomes diferentes e com centenas de ramificações no WhatsApp. Os convites para participar destes grupos são feitos sem nenhum pudor e descaradamente. Os valores em reais variam de R$ 25 a R$ 200, sempre com a promessa de retorno rápido.

Lembre-se sempre uma coisa quando alguém te convidar para entrar numa pirâmide, tenha lá que nome tiver, que para que outra pessoa ganhe, você vai ter que perder, ou seja, a pirâmide é sempre um bom negócio para o outro.

Nos últimos anos, algumas pirâmides ficaram muitos famosas – Mesa da Fé, Elite Activity Ressurrected, BBom e a bilionária TelexFREE deixaram milhares de pessoas frustradas e no prejuízo. O apelo para aderir a estas vigarices as vezes usa-se o apelo fácil da fé para ludibriar as pessoas. Não se deve esquecer de outras pilantragens como FoneClub de Sann Rodrigues que agora usa o nome de Sann Vasconcelos ou a DRFR Entrerprises do vigarista internacional Daniel Fernandes Rojo Filho.

No passado a pirâmide Mesa da Fé, cujo introdutor na comunidade brasileira foi um pastor evangélico que usava a sua igreja em Brighton como local de reuniões e que deu no pé quando apareceram os primeiros lesados. Já a Elite, tinha todo o jeito de “bênção”, mas na realidade era mesmo uma grande picaretagem, e os mentores de ambas as pirâmides diziam o tempo todo que eram “abençoadas”.

Fique atento e não caia no conto da “bênção” e nem se deixe levar pela pressão dos seus amigos e parentes para entrar na pirâmide e não esqueça de que a vítima sempre será você que vai entregar o seu suado dinheiro nas mão de um espertalhão qualquer.

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Mandala com os ciclos. O primeiro a entrar está no centro, os que entram depois devem convidar outros dois e assim por diante. Reprodução

Cada um destes esquemas têm um prazo de validade e quem entra por último quase sempre fica no prejuízo. A Mandala, tal foram a Mesa da Fé ou a Elite Ressurrector na visão dos seus defensores tinha a prosaica finalidade servir de ‘gifting circle’, ou círculos de doações, o que teoricamente descaracterizaria a pirâmide.

A Mandala já provocou prejuízos imensos nos Estados Unidos. Tempos atrás a Mandala era destinada exclusivamente para mulheres como forma de empoderá-las e cada cota custava US$ 1,7 mil – o que daria para a primeira mulher US$ 13,6 mil. Com o desenrolar do esquema, somente 12% das mulheres lucram, enquanto que 88% perderam o dinheiro, já que não conseguiram novas adesões o que provocou a ruína do esquema. Tudo é feito pela internet e já se sabe de gente que fez depósitos e foram lesados, Já que nunca receberam as suas contrapartidas.

Como sempre, não há com quem reclamar e o final todos já sabem: milhares de dólares de prejuízo e muito stress…

O Secretário de Estado – Divisão de Títulos do Estado de Massachusetts, William Francis Galvin publicou em 2015 a cartilha ‘Esquema de pirâmide disfarçados de negócios de marketing multinível (MMNs), com orientações e informações como identifica uma pirâmide e não cair em golpes. A cartilha que tem uma versão em português pode ser lida, clicando aqui.

“Minha irmã mora na Flórida e outro dia, uma amiga dela que frequenta a mesma igreja, chamou-a para participar da Mandala, mas ela sabe que eu cai em um golpe e fiquei no prejuízo pois perdi US$ 18 mil. Ela disse para a amiga que não ia entrar e a mulher ficou com raiva dela”, diz uma cabeleireira brasileira que trabalha na região de Boston.

Não caia no golpe da pirâmide
– Um pequeno número de pessoas ganha muito dinheiro
– Uma grande quantidade de pessoas perde muito dinheiro
– Uma pirâmide nunca é um bom negócio
– Quem vai te pressionar para aderir é sempre gente do seu círculo pessoal, o que não serve de referência
– Uma pirâmide tem sempre um ciclo, ou seja, tem prazo de validade
– Uma pirâmide é um desonestidade muito grande
– Lembre-se de quanto custou para ganhar seu dinheiro. Vai dá-lo para o espertalhão que te pressiona?

Imagens meramente ilustrativas

Jehozadak Pereira

Jehozadak Pereira é jornalista profissional e foi editor da Liberdade Magazine, da Refletir Magazine, do RefletirNews, dos jornais A Notícia e Metropolitan, do JS News e jornalista da Rede ABR - WSRO 650 AM. Foi articulista e editorialista do National Brazilian Newspaper, de Newark, New Jersey. É detentor de prêmios importantes tais como o Brazilian Press Awards e NEENA - New England Ethnic Newswire Award entre outros