Deus abençoe a América no 4 de julho e em todos os dias

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Na terça-feira, 4 de julho a América mais uma vez vai parar para comemorar a sua data principal. O aparato de segurança nas ruas será imenso e mobilizará milhares de policiais, ao mesmo tempo que ruas e avenidas serão fechadas para desfiles e paradas cívicas de gente orgulhosa com a sua nação.

Ao cair da noite a tradicional queima de fogos vai encantar e deslumbrar mais uma vez milhões de pessoas ao redor do país. Poderia parar por aí. Mas em contraste com tanta alegria e patriotismo dos americanos, milhões de pessoas padecem nas sombras sem a menor perspectiva de que haja solução em curto prazo para as suas aspirações. Em nome da segurança nacional – o que é um direito inquestionável dos Estados Unidos – uma lei que possibilitaria a legalização de mais de 11 milhões de indocumentados não existe por causa dos caprichos e da vontade dos republicanos que sendo maioria nas duas casas legislativas não querem saber de aprovar nada que beneficie quem quer que seja, especialmente por causa da implicância crônica que tem contra imigrantes indocumentados.

Há de se reafirmar a concordância de que aqueles que cometeram crimes e delitos graves nos Estados Unidos não podem permanecer, igualmente os que são procurados pela justiça em seus países de origem.

Porém, deportar trabalhadores pelo simples fato de que não tem documentos é de uma covardia ímpar. Justo em um momento em que os Estados Unidos padecem de mão de obra. Em alguns setores a falta de trabalhadores é tão grave que negócios correm o risco de ter que fechar suas portas por falta de funcionários.

As vagas de emprego são muitas e não há tantas pessoas desempregadas e jamais teve tantos candidatos que não podem trabalhar legalmente em tantas empresas com posições de trabalho em aberto sem poder contratar. Basta conversar com qualquer lojista brasileiro para saber o quanto companhias americanas ligam atrás de gente para trabalhar.

Ou seja, sobra trabalho em muitos lugares e se uma reforma fosse votada e aprovada, muita coisa mudaria para melhor.

Existe ainda a grande questão do terrorismo que assusta o mundo e assombra a América e a a razão é simples – os Estados Unidos estão sim, preocupados com a questão da segurança nacional, o que é um assunto de vital importância, ao passo que os maiores penalizados são inofensivos trabalhadores cuja única preocupação é ganhar o pão de cada dia, além da busca por dar a família um padrão de vida melhor do que aquele que eventualmente teriam nos seus países de origem. Dizem também que o imigrante tira o emprego do americano. Tira nada.

Qual destes trabalhadores tem culpa efetiva no que aconteceu em 11 de setembro de 2001, e que provocou todo este estado de coisas? Este dia foi negro e trouxe uma escuridão maior ainda sobre imigrantes indocumentados.

É certo que mesmo com toda sorte de dificuldades que a grande força trabalhadora que são os imigrantes indocumentados que pagam seus impostos e fazem de tudo para contribuir com o progresso americano as restrições diminuíram bastante, embora continuem as deportações em larga escala.

Hoje na sociedade americana há um embate político, social e mais do que nunca o racismo e o preconceito estão presentes em todos os estratos sociais. Uma série de mortes de negros por policiais brancos, fizeram com que as reações aumentassem e provocassem reações as vezes violentas, há pouco mais de duas semanas um racista ensandecido matou nove pessoas que participavam de um culto numa igreja evangélica na Carolina do Sul, e as reações foram de pasmo e choque.

Os Estados Unidos têm muitos problemas e dificuldades a resolver e há um longo caminho pela frente, a começar das questões raciais e políticas entre outras, e é o caso de se perguntar o que de fato representa o Independence Day para eles? Para alguns nada. Nada mesmo!

Fotos: Jehozadak Pereira/Mundoyes.com

Jehozadak Pereira

Jehozadak Pereira é jornalista profissional e foi editor da Liberdade Magazine, da Refletir Magazine, do RefletirNews, dos jornais A Notícia e Metropolitan, do JS News e jornalista da Rede ABR - WSRO 650 AM. Foi articulista e editorialista do National Brazilian Newspaper, de Newark, New Jersey. É detentor de prêmios importantes tais como o Brazilian Press Awards e NEENA - New England Ethnic Newswire Award entre outros