A diferença entre ouvir e escutar

O ser humano necessita aprender a escutar

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Este é um assunto de grande importância, porém de difícil aprendizagem e aplicabilidade, que é a arte de saber ouvir e escutar. “Falar é uma necessidade mas escutar é uma arte”.

O ouvido é um órgão extraordinário, uma espécie de condensação de todas as leis espaciais, formando, o órgão do sentido do equilíbrio. Fazemos um empréstimo diário, do órgão de equilíbrio à nossa organização física para ouvirmos. O ouvir como processo para escuta é um dos componentes mais importantes na comunicação e em especial nos relacionamentos. Uma atividade que vai além de percepção das palavras. O ser humano possui mais de uma estrutura auditiva. A audição externa, aquela que acontece ao ouvir sons, tons de fora para dentro. 

Já audição interna, acontece quando se está pensando quando aparentemente se ouve alguém. Neste caso estar ouvindo alguém passiva e/ou atentamente as vezes é acompanhado de diálogo interno, o qual compõe-se do eu como ouvinte e de um interlocutor por dentro, podendo aparecer um terceiro que irá interferir de forma aparente, muda ou discreta, mas acaba interferindo nas decisões de forma relevante, mostrando um mapa significativo em relação a capacidade de comunicar-se, influenciando ou sendo influenciado. 

Na audição interna é possível observar qual é o caminho que as vozes fazem fora do corpo, é possível ouvir sua interferência, como um sopro externo de uma lado para o outro, para frente e para traz, para cima e para baixo enfim movimentos que fazem com as mensagens recebidas tornem-se confusas, construindo um diálogo interno equivocado. 

Faz-se necessário observa-lo, conhece-lo a fim de tomar consciência do fato e não se deixar iludir com algo oculto, invertendo posições e interferindo no que esta acontecendo, desta forma torna-se possível atuar sobre eles conduzindo-os de forma favorável, em beneficio próprio. 

Afirmo aqui, que saber escutar é um processo fundamental para que ocorra uma comunicação eficiente. Em resumo ouvir e escutar são duas ações diferentes. Ao longo do dia ouvimos muitas coisas, mas escutamos muito pouco. Quando ouvimos, não prestamos atenção profundamente, simplesmente captamos a sucessão de sons que são produzidos ao nosso redor. Enquanto que, quando escutamos, nossa atenção está dirigida à algum som ou mensagem específica, ou seja, existe uma intenção; nesse momento, todos os nossos sentidos se encontram focados no que estamos recebendo. Assim, as pessoas que sabem escutar os demais os acompanham em sua viagem pela vida. 

O ser humano necessita aprender a escutar, ao falar com outra pessoa, ambas tem a dificuldade de escutar, passando, em muitas ocasiões, a apenas ouvir enquanto elabora o que vai dizer assim que o outro terminar, ao invés de prestar atenção ao que está dizendo. Dessa forma, o diálogo fica bloqueado por pausas verbais, já que, se todos querem falar ao mesmo tempo e as razões de ambos não são escutadas, não há diálogo; há apenas monólogos se sobrepondo.

Saber escutar é uma atitude difícil, já que exige o domínio de si mesmo e implica atenção, compreensão e esforço para captar a mensagem do outro. Significa dirigir  atenção ao outro, entrando em seu âmbito de interesse e seu ponto de referência.

O diálogo exige uma atitude silenciosa, na qual se escuta atentamente. Posso dizer que escutar é um ato de silêncio. Enquanto não se cala o diálogo interno e presta atenção no interlocutor, não se aprende a escutar. Somente a atitude de escutar atentamente faz com que a resposta dada ao interlocutor crie força. Se não abrir os ouvidos para escutar completamente, será difícil poder dizer ao outro algo que seja válido. Se realmente escutar, a pessoa que fala sentirá que está dando a ela a importância que ela merece, ficando agradecida e criando em si,  um clima de respeito, estima e confiança.

O ato de escutar é uma habilidade que exige abertura, transparência e vontade de compreender. O perfeito equilíbrio entre saber escutar e saber falar produz o diálogo. É necessário, exercitar a habilidade de escutar.

É um exercício saudável, enriquecedor e solidário, sobretudo em uma sociedade na qual existem muitas pessoas que precisam ser ouvidas. Só se é capaz de escutar o outro, abrindo a porta para que ele se comunique com você. 

Lembre-se sempre: “Ninguém coloca mais em evidência sua baixeza e má criação, do que aquele que começa a falar antes que seu interlocutor tenha terminado”.

Deixo uma reflexão à habilidade de ouvir dentro do processo de escuta, pode ser um superar as malhas do Ego, para que o Eu, a presença de espirito faça a ligação com as revelações das coisas e dos seres. 

Afirmo isso pela mera simplicidade da forma de dois ouvidos juntos, perceberam  eles formam  um coração. Assim sendo convido-os ao desafio de passarem a ouvir com o coração. Escutando e Acolhendo somente assim será possível uma relação de reciprocidade. Experimente! “Que cada um seja rápido para escutar, lento para falar e lento para irar-se…” – Tiago 1.19.

Eliana Pereira Ignacio

Eliana Ignacio é Psicóloga formada pela PUC - Pontifícia Universidade Católica – com ênfase em Intervenções Psicossociais e Psicoterapêuticas no Campo da Saúde e na Área Jurídica. É especializada em Dependência Química pela UNIFESP Escola Paulista de Medicina em São Paulo, Unidade de Pesquisa em Álcool e Drogas; especializada em Atendimento Familiar pelo Grupo Mineiro de Psicologia Humanista. IFL - Instituto Fraternal de Laborterapia em São Paulo. Psicoterapia - Holística. FEBRACT- Federação Brasileira das Comunidades Terapêuticas. DENARC Departamento de Investigação sobre Narcóticos. Conselheira junto ao núcleo de Psicologia Social e Políticas Públicas do Alto São Francisco. Conselheira junto ao SENAD - Secretaria - Nacional de Políticas sobre Drogas - Governo Federal.

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Eliana Pereira Ignacio
Eliana Ignacio é Psicóloga formada pela PUC - Pontifícia Universidade Católica – com ênfase em Intervenções Psicossociais e Psicoterapêuticas no Campo da Saúde e na Área Jurídica. É especializada em Dependência Química pela UNIFESP Escola Paulista de Medicina em São Paulo, Unidade de Pesquisa em Álcool e Drogas; especializada em Atendimento Familiar pelo Grupo Mineiro de Psicologia Humanista. IFL - Instituto Fraternal de Laborterapia em São Paulo. Psicoterapia - Holística. FEBRACT- Federação Brasileira das Comunidades Terapêuticas. DENARC Departamento de Investigação sobre Narcóticos. Conselheira junto ao núcleo de Psicologia Social e Políticas Públicas do Alto São Francisco. Conselheira junto ao SENAD - Secretaria - Nacional de Políticas sobre Drogas - Governo Federal.