Sempre é tempo de agradecer

Thanksgiving é dia de agradecer pelo que temos e pelo que há por vir...

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Cruz: símbolo de devoção, salvação e gratidão. Foto: Jehozadak Pereira/MNUSA

Na quinta-feira, 24, celebramos o Thanksgiving Day, ou o Dia de Ações de Graças na América do Norte. O feriado é tido como um dia de reflexão e de reuniões de famílias, amigos e comunidades que invariavelmente se juntam em torno de uma mesa para comer e conversar. É um dia em que – quase – tudo fecha nos Estados Unidos. Também é um dia em que imigrantes de todos os lugares do mundo fazem a sua reflexão se vale de fato a pena continuar morando na América.

Que as coisas sempre foram difíceis todos nós sabemos na prática, pois basta andar um pouco pelas ruas para ver o que se passa na realidade. Toda e qualquer iniciativa de favorecer os milhões de imigrantes indocumentados têm sido constantemente barradas de imediato, a exemplo de tantas propostas que ao longo dos últimos anos foram sendo frustradas uma a uma. As questões imigratórias nunca estiveram tão sensíveis como nos últimos tempos, resquício ainda da era Trump, onde o imigrante indocumentado foi discriminado pela política anti-tudo do republicano. Foram tempos difíceis, e mais do que nunca trabalhadores e pais de família que lutam para ter o mínimo de dignidade, encorparam ainda mais as fileiras dos que são verdadeiramente indigentes sociais, pois vivem num limbo onde o que falta são documentos válidos que lhes permitam o mínimo de dignidade como seres humanos. 

Sob o comando de Donald Trump, imigrantes de qualquer lugar enfrentaram todo tipo de problemas como jamais vistos nas últimas décadas, sem contar o racismo, a intolerância e o preconceito tão vivos como jamais o foi. Aliás, por falar em intolerância, cada vez mais se vê e se ouve falar acerca de atitudes de racismo, preconceito e xenofobia contra imigrantes o que aumenta ainda mais o nível de incerteza de quem não expectativa em curto prazo. 

O que fazer então diante deste quadro de coisas, que apontam para um futuro pouco promissor e sombrio? Ir embora e deixar para trás anos de luta, de privações emocionais e de desgaste físico, mental, espiritual, social e pessoal? Ou ficar mais um pouco e se submeter e sujeitar a todo tipo de humilhação, como por exemplo, não ter documentos válidos, ou de ter de viver aos sobressaltos cada vez que se é parado nas ruas ou se bate nas portas?

A interminável crise na fronteira com o México virou uma tragédia humanitária sem precedentes e que é ainda mais agravada pela separação de famílias e a exploração barata dos republicanos como os governadores da Flórida e do Texas que fazem questão de exportar imigrantes indocumentados para outros estados. Arrogância e insensibilidade pura.

Muitos brasileiros – principalmente – tem ido embora e enfrentado a triste realidade de fim de feira que existe no Brasil de hoje, com sua criminalidade, corrupção exacerbada, que se tornou prática recorrente e comum por causa da impunidade, onde se rouba muito, se mata por qualquer trocado, e as coisas funcionam ainda como se estivéssemos em pleno governo imperial com todas as suas precariedades, e há também a polarização política onde quem pensa diferente é tratado com ódio mortal.

Resta-nos saber que as nossas agruras em solo americano, foram as mesmas de um grupo de peregrinos europeus que fugindo da perseguição, aportaram em Plymouth, Massachusetts, e preferiram todas as dificuldades do novo mundo a voltar atrás. As lutas e a adaptação à nova realidade foi custosa e difícil, mas mesmo assim, resolveram insistir mais um pouco, ainda que isto lhes custasse algumas vidas e sonhos.

Apesar de todas as hostilidades, encontraram suporte junto aos índios e trabalharam arduamente – como todos nós fazemos. Depois da primeira colheita resolveram comemorar, e refletir sobre tudo o que haviam enfrentado pelo caminho e em terras americanas. 

O resto da história todos nós já sabemos, e fica o exemplo de que para se conquistar alguma coisa, por mais custoso que seja, tem que se lutar com todas as forças, tem de se ter esperança de que dias melhores virão, mesmo que possa parecer que eles – os dias – serão escuros e pouco promissores. Os peregrinos apesar de tudo na época ser contra ficaram e ajudaram a construir uma grande e poderosa nação. Mas antes deram graças e depois ficaram de vez. Até hoje, inclusive nós mesmos…

Jehozadak Pereira

Jehozadak Pereira é jornalista profissional e foi editor da Liberdade Magazine, da Refletir Magazine, do RefletirNews, dos jornais A Notícia e Metropolitan, do JS News e jornalista da Rede ABR - WSRO 650 AM. Foi articulista e editorialista do National Brazilian Newspaper, de Newark, New Jersey. É detentor de prêmios importantes tais como o Brazilian Press Awards e NEENA - New England Ethnic Newswire Award entre outros