Não compre documentos falsos. É crime que pode terminar em deportação

O que não falta é exemplo de gente que se deu mal comprando documentos falsos. Não corra este risco

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Falsificação de documentos é um crime grave. Imagem meramente ilustrativa

As redes sociais, principalmente na comunidade brasileira nos Estados Unidos estão repletas de armadilhas onde todos os dias, milhares de pessoas buscam ‘soluções’ para seus problemas, principalmente os imigratórios. Abertamente, muitos espertalhões oferecem documentos e contas de aplicativos por valores diversos e variados. Quem vende sabe que é um crime e quem compra também sabe, o que invariavelmente vai terminar em prisão e prejuízo, decorrente do ‘esquema’ infalível.

A falta de uma legalização as vezes provoca desespero e por isso muitos imigrantes indocumentados caem na tentação de comprar documentos tidos como verdadeiros. Não existe esquema que não seja descoberto pelas autoridades e quando isto acontece quem comprou corre o risco de ser processado e ter uma possível legalização comprometida.

Muitas falsificações são feitas em cima de documentos reais roubadas ou obtidas de forma fraudulenta de americanos, onde o malandro vai colocar a foto de quem está comprando a falsificação. Ou seja, quem porta um documentos destes pode se mal se for parado no trânsito ou mesmo se tiver que provar quem é de fato.

Uma carteira de motorista falsificada pode custar até US$ 500, preço que pode ser muito mais caro e que pode terminar em deportação. O que não falta na comunidade brasileira são exemplos de gente que tentou vender ou comprar documentos de maneira fraudulenta e se deu mal.

Karl Vasconcelos e a venda de social security
Entre 2000 e 2002, Karl Vasconcelos vendeu em Framingham 1.746 cartões de social security para imigrantes indocumentados por preços que variavam entre US$ 2 mil e US$ 2,5 mil, arrecadando aproximadamente US$ 3,9 milhões. Só em Massachusetts foram vendidos 868 cartões, e até um funcionário do Social Security Administration do Texas fazia parte da quadrilha de Karl Vasconcelos, que foi sentenciado em 2003 a cumprir uma pena de cinco anos e três meses, além de ter os seus bens confiscados pelo governo federal. Todos os que compraram os cartões do social security foram localizados, se declararam culpados e muitos foram deportados. Já o funcionário federal foi sentenciado a cinco anos e onze meses de cadeia.

José Neto – compra de green card
José Neto, o Zelão era dono de uma companhia de limpeza e morava em Allston, e foi um dos que supostamente compraram o cartão do social security de Karl Vasconcelos. Quando foi chamado a depor, tentou corromper o agente da imigração que autorizado por seus superiores fingiu aceitar dinheiro para mudar o status imigratório de Zelão e sua esposa. Os encontros foram filmados e fotografados, até que Zelão fosse preso junto com outras 57 pessoas. Num dos encontros o agente do ICE disfarçado recebeu US$ 20 mil, e em outros encontros José Neto pagava adicionais que variavam entre US$ 4 e US$ 5 mil para que vários imigrantes indocumentados fossem liberados. Muitos deles eram empregados da empresa de José Neto, que admitiu culpa e foi condenado a uma pena de cinco anos de prisão.

Chelsea – compra de green card
Em agosto de 2008 foi a vez de 27 brasileiros serem presos no estacionamento de um supermercado em Chelsea quando se preparavam para ir num ônibus receber documentos que iam de green card, cartões do social security e carteira de motorista. Todos eles haviam caído numa armadilha de um agente do ICE que os arregimentou em Framingham e prometeu regularizar as suas situações mediante pagamentos que variavam em torno de US$ 10 mil, todos eles foram processados e deportados. Entre os presos haviam famílias inteiras, e o caso ganhou repercussão nos principais meios de comunicação brasileiros. O principal intermediário foi um agente do ICE conhecido como “Português”. Somente sete deles foram acusados de conspiração.

Adriana Ferreira foi condenada por suborno, estelionato e corrupção. Reprodução

Adriana Ferreira – carteira de motorista
Em 2012, a brasileira Adriana Ferreira, foi acusada de vender carteira de motorista para brasileiros de dentro do Registry of Motor Vehicles de Watertown, onde trabalhava. Ferreira era conhecida da comunidade brasileira como alguém que “dava um jeitinho” nas coisas. Por um preço, ela dizia aos imigrantes indocumentados que poderia conseguir carteira de motorista ou até mesmo liberar pessoas presas pela Imigração.

Segundo as autoridades, Ferreira pegou milhares de dólares entre 2009 e 2011 de brasileiros, mas nunca entregou uma carteira de motorista. Quando as pessoas iam reclamar, ela os ameaçava dizendo que poderia chamar a polícia ou a Imigração, o que chegou a acontecer algumas vezes.

Adriana Ferreira, que chegou nos Estados Unidos no meio da década de 1980, foi presa, no departamento onde trabalhava. No mesmo dia a Corte Superior do condado de Suffolk a acusou de 27 casos de suborno, furto e formação de quadrilha decorrentes dos casos de cinco supostas vítimas. Ela se declarou inocente de todas as acusações.

Os promotores disseram que Ferreira admitiu logo após a sua prisão que ela tinha enganado cerca de 30 pessoas porque “o dinheiro era fácil”. Durante a audiência, a promotora Michele Granda, mostrou uma foto de Ferreira contando o dinheiro recebido de uma das supostas vítimas. As autoridades afirmam que ela cobrava até US$ 4,1 mil por cliente. 
Autoridades do ICE, disseram na ocasião que Ferreira nunca trabalhou com ninguém do departamento para buscar ajuda legal para algum caso envolvendo um imigrante indocumentado.

Em 2013, Adriana foi condenada a três anos de prisão em regime fechado e mais cinco anos de liberdade condicional com restrições. Seus crimes foram suborno, estelionato e corrupção.

Não caía em golpes
– Não compre e não pague por nenhum tipo de documento legal. Você pode inviabilizar qualquer chance de legalização no futuro e ainda responder processo por falsificação de documento
– Ninguém está autorizado pelo governo federal ou estadual vender qualquer tipo de documento como carteira de motorista, social security, green card, autorização de trabalho, certidão de nascimento ou passaporte americano
– Se quiserem te “vender” qualquer tipo de documento não aceite, pois pode ser uma armadilha da qual você se arrependerá amargamente
– Desconfie de amizades repentinas feitas em salas de bate-papo na internet e jamais forneça seus dados pessoais a quem quer que seja
– Na dúvida consulte um advogado. Ou chame a polícia…

Imagens de capa e compartilhamento meramente ilustrativas

Jehozadak Pereira

Jehozadak Pereira é jornalista profissional e foi editor da Liberdade Magazine, da Refletir Magazine, do RefletirNews, dos jornais A Notícia e Metropolitan, do JS News e jornalista da Rede ABR - WSRO 650 AM. Foi articulista e editorialista do National Brazilian Newspaper, de Newark, New Jersey. É detentor de prêmios importantes tais como o Brazilian Press Awards e NEENA - New England Ethnic Newswire Award entre outros