Carlos Wanzeler, o homem por trás dos US$ 20 milhões debaixo do colchão

1
1987

A prisão de Cléber Renê Rizério Rocha por autoridades federais na quarta-feira, 4, em Massachusetts trouxe a tona a figura de Carlos Wanzeler, figura central na fraude bilionária da TelexFREE. Cléber foi preso e as autoridades descobriram que ele mantinha no seu apartamento em Westborough US$ 20 milhões escondidos sob um colchão.

Cléber Rocha que estaria representando um sobrinho de Wanzeler, havia entregado a um portador uma valise com US$ 2,2 milhões em New York, teria chegado aos Estados Unidos no dia 31 de dezembro a pretexto de passar a sua lua de mel. Para as autoridades que investigam o caso, o dinheiro é de Carlos Wanzeler.

As investigações iniciadas em 2015, dão conta de que uma testemunha havia sido abordada e conversado sobre um esquema de lavagem de dinheiro na China e que supostamente, serviria para o envio dos US$ 40 milhões que pertencem a Carlos Wanzeler seriam do conhecimento de Katia Wanzeler, que estaria se divorciando do marido foragido.

Assim como Wanzeler, há muitos brasileiros nos Estados Unidos com dinheiro que amealharam na TelexFREE guardado em sótãos, porões, paredes falsas, garagens, pois não podem fazer nada com eles sem prestar contas com a justiça.

Carlos Wanzeler, o artíficie da TelexFREE chegou aos Estados Unidos com 19 anos e como todo imigrante batalhou para vencer a custa do seu esforço. Começou como dish washer e logo se tornou dono de uma companhia de limpeza junto com sua esposa e o americano James Merrill que mais tarde seria seu sócio na TelexFREE.

Em meados da década de 2000 Wanzeler era dono de uma empresa que comerciava cartões de telefone pré pago, que mediante um código permitia que se fizesse ligações, inclusive para o Brasil. O World Exchange era o carro forte da empresa que depois se associou a TelexFREE.

wanzeler1
Carlos Wanzeler curte as praias capixabas sem nenhum constrangimento. Reprodução: Facebook

Com a intervenção federal na TelexFREE, Carlos, James e outras pessoas foram indiciadas e tiveram suas propriedades e bens bloqueados pela justiça. Em maio de 2014, Carlos Wanzeler viajou de carro para o Canadá e de lá embarcou para o Brasil sem a intenção de retornar aos Estados Unidos onde é cidadão americano, passou então a ser considerado fugitivo da justiça americana. Na ocasião, o advogado criminalista Antonio Carlos de Almeida Castro, o Kakay, afirmou que o seu cliente ficaria no Brasil, pois lá não existe nenhuma acusação criminal contra Wanzeler, visto que o Brasil não extradita seus cidadãos para outros países. Katia Wanzeler que era testemunha do caso e James Merril estavam presos.

No Brasil, Carlos Wanzeler leva aparentemente uma vida tranquila e frequentemente é visto nas praias e costuma postar fotos onde aparece sorridente em fotos postadas no Facebook e no Instagram. Quando é cobrado por alguns dos lesados da TelexFREE diz que não pode devolver dinheiro a ninguém pois o caso está pendente na justiça dos Estados Unidos.

“Confesso que me causa revolta vê-lo aproveitando a vida com conforto e descontração com o meu dinheiro e de outras milhares de pessoas que foram lesadas por este vigarista de marca maior. Quando entrei na TelexFREE, a companhia foi-me apresentada como idônea e que teria o meu investimento intacto e respeitado. Depois vi que era uma picaretagem sem tamanho e que provocou prejuízos para tanta gente”, diz um brasileiro residente nos Estados Unidos que foi lesado em milhares de dólares.

Carlos também é dono da Disk a Vontade e nos Estados Unidos foi e é dono de outras empresas como a WorldxChange, Common Cents Communications, Brazilian Help que depois se transformaria na TelexFREE.

Jehozadak Pereira

Jehozadak Pereira é jornalista profissional e foi editor da Liberdade Magazine, da Refletir Magazine, do RefletirNews, dos jornais A Notícia e Metropolitan, do JS News e jornalista da Rede ABR - WSRO 650 AM. Foi articulista e editorialista do National Brazilian Newspaper, de Newark, New Jersey. É detentor de prêmios importantes tais como o Brazilian Press Awards e NEENA - New England Ethnic Newswire Award entre outros

1 COMMENT

  1. De acordo com o entendimento do Supremo Tribunal Federal no MS 33864, julgado em 19/04/2016 os brasileiros natos que tenham optado voluntariamente pela cidadania americana perdem a cidadania brasileira e são passíveis de serem extraditados, caso o crime cometido esteja previsto no tratado de extração entre Brasil e EUA.
    Se confirmado que ele é um cidadão americano há chances agora dele ser extraditado.

Comments are closed.